Quinta-Feira, 21 de novembro de 2024
Quinta-Feira, 21 de novembro de 2024
Mais de 20 supostos integrantes de gangues foram mortos na capital do Haiti na terça-feira (19), depois que moradores se juntaram à polícia para combater uma tentativa de ataque noturno, disse a polícia.
O subúrbio de Petion-Ville foi fechado ba terça-feira, enquanto moradores barricavam as ruas e se mobilizavam, alguns com facões e martelos nas mãos, para proteger o distrito de outra invasão de gangues.
Um repórter da Reuters viu pelo menos 25 corpos nos bairros de Delmas, Canape Vert e Petion-Ville, onde moradores atearam fogo aos corpos de suspeitos criminosos sob pneus em chamas.
O porta-voz adjunto da polícia nacional, Lionel Lazarre, disse à Reuters que cerca de 30 pessoas que ele descreveu como integrantes de gangues foram mortalmente feridas ao longo do dia.
“A população apoiou a Polícia Nacional Haitiana durante esses momentos. Eles continuarão trabalhando lado a lado”, afirmou.
A moradora local Anara, que não deu seu sobrenome, disse à Reuters que homens e mulheres estavam chegando desde a meia-noite “armados até os dentes” e que as pessoas não sabiam quem os havia enviado.
“Nós demos a eles uma resposta clara”, disse ela. “Não vamos desistir da área, não vamos embora.”
Movimento “bwa kale”
O jornal local Le Nouvelliste relatou cenas de “bwa kale” em várias partes da capital, referindo-se a um movimento de vigilantes civis que começou em abril do ano passado, quando moradores lincharam e atearam fogo em supostos integrantes de gangues na ausência da presença policial.
A ONU relatou pelo menos 149 casos de “bwa kale” entre junho e setembro deste ano.
No entanto, ativistas de direitos humanos alertaram sobre pessoas inocentes sendo pegas nos assassinatos de justiceiros, e a ONU relatou casos de violência extrema cometida contra pessoas acusadas de pequenos crimes.
Apoio internacional
O governo do Haiti pediu em 2022 apoio internacional para ajudar a polícia nacional a combater as gangues poderosas, acusadas de violência sexual em massa, sequestros de resgate, extorsão, recrutamento de crianças e bloqueio do fluxo de suprimentos essenciais.
O Conselho de Segurança deve se reunir nesta quarta-feira (20) para discutir a escalada da violência.
Enquanto isso, os Médicos sem Fronteiras, um dos principais provedores de assistência médica gratuita do Haiti, disse que estava interrompendo seus serviços na capital devido a estupro e ameaças de morte da polícia.
Milhares foram mortos no conflito de gangues e mais de 700 mil foram deslocados internamente, agravando a insegurança alimentar que levou cerca de 6 mil pessoas a mergulharem em níveis de fome extremos.
*Reuters