Quarta-Feira, 30 de outubro de 2024
Quarta-Feira, 30 de outubro de 2024
Em uma determinação aprovada com rara unanimidade, os 15 membros expressaram grande preocupação com a legislação adotada pelo Parlamento israelense na segunda-feira (28), que proíbe as operações da UNRWA em seu território e deve entrar em vigor em 90 dias - Israel é uma rota essencial para o acesso de ajuda humanitária à Faixa de Gaza.
Na declaração, o conselho pediu que Israel "cumpra com suas obrigações internacionais, respeite os privilégios e imunidades da UNRWA e cumpra sua responsabilidade de permitir e facilitar assistência humanitária completa, rápida, segura e desimpedida em todas as suas formas em toda a Faixa de Gaza".
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que a proibição israelense à UNRWA, se implementada, violaria o direito internacional, a Carta fundadora da organização e uma convenção de 1946 sobre privilégios e imunidades diplomáticos concedidos às operações da ONU.
Sacos de alimentos da Agência da ONU para Refugiados em Gaza (UNRWA) são posicionados em Rafah — Foto: Mohammed Salem/Reuters
Nesta terça-feira (29), agências da ONU já haviam protestado contra a decisão israelense e alertado que ela pode representar a morte de mais crianças e uma forma de punição coletiva para os moradores da Faixa de Gaza se for totalmente implementada.
O porta-voz da Unicef, James Elder, disse a jornalistas em Genebra que, sem a UNRWA, o sistema humanitário em Gaza provavelmente entrará em colapso:
"A Unicef ficaria efetivamente incapaz de distribuir suprimentos que salvam vidas. Estou falando de vacinas, roupas de inverno, kits de higiene, kits de saúde, água e saneamento. Então, uma decisão como essa de repente significa que uma nova maneira foi encontrada para matar crianças".
Dados das autoridades de saúde palestinas mostram que mais de 13.300 crianças, cujas identidades foram confirmadas, foram mortas na guerra de Gaza até agora, mas acredita-se que muitas outras morreram de doenças devido ao colapso do sistema médico e à escassez de alimentos e água.
O porta-voz do escritório de direitos humanos da ONU, Jeremy Laurence, disse que o Alto Comissário acredita que a decisão terá um “potencial impacto degradador”:
"Sem a UNRWA, a entrega de alimentos, assistência médica, educação, entre outras coisas, para a maioria da população de Gaza, seria interrompida. Os civis já pagaram o preço mais alto deste conflito no ano passado. Verdadeiramente, esta decisão só tornará as coisas piores para eles, muito piores".
Tarik Jasarevic, da Organização Mundial da Saúde (OMS), disse que cerca de um terço dos profissionais de saúde que ajudam na campanha de vacinação contra a poliomielite em andamento para crianças em Gaza trabalham com a UNRWA, que tem cerca de 1.000 profissionais de saúde atuando no território.
Também nesta terça, os Estados Unidos pressionaram o aliado e afirmaram que Israel não está fazendo o suficiente para ajudar os palestinos em Gaza. A embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, disse que o país rejeita "qualquer esforço israelense para matar de fome os palestinos em Jabalia, ou em qualquer outro lugar".
"As palavras de Israel devem ser acompanhadas por ações no terreno. Agora mesmo, isso não está acontecendo. Isso deve mudar - imediatamente", ela disse ao Conselho de Segurança da ONU.
Para justificar a proibição, autoridades israelenses citaram o envolvimento de funcionários da UNRWA no ataque de 7 de outubro de 2023 pelo Hamas no sul de Israel, que desencadeou a guerra de Gaza.
Na semana passada, as Forças de Defesa de Israel acusaram um funcionário da agência de ser um comandante do Hamas ao anunciar a morte dele.
Diante das pressões internacionais por um cessar-fogo na região e por mais ajuda humanitária, Israel diz que faz todos os esforços possíveis para evitar vítimas civis e acusa o grupo militante palestino Hamas de deliberadamente basear seus combatentes em áreas residenciais e usar civis como escudos humanos.
*G1