Político de centro-direita Micheál Martin é eleito primeiro-ministro da Irlanda

A coalizão é a segunda consecutiva entre os partidos historicamente rivais Fine Gael e Fianna Fáil, que governam a Irlanda de forma alternada desde a fundação do país, em 1937. Desta vez, os independentes substituem o Partido Verde, que perdeu a maior parte de suas cadeiras e deixou de ser parceiro menor da aliança.

Martin foi eleito em uma votação com contornos dramáticos. Inicialmente prevista para quarta-feira, a votação ocorreu com um dia de atraso, a sessão no parlamento precisou ser suspensa quatro vezes na quarta devido a protestos da oposição sobre os direitos de fala dos parlamentares independentes que apoiam a nova coalizão.

Um acordo entre ambas as partes, determinando que os independentes que apoiam o governo não podem, por enquanto, manter os direitos de fala ampliados que tinham como oposição, abriu caminho para a eleição de Martin.

O governo irlandês se prepara para possíveis impactos da volta de Donald Trump à Casa Branca, já que suas promessas de cortar impostos corporativos e impor tarifas podem representar uma grande ameaça à economia irlandesa, que depende fortemente de multinacionais estrangeiras.

A coalizão prometeu utilizar o excedente de arrecadação gerado por empresas dos Estados Unidos instaladas no país para continuar aumentando o investimento no setor público, resolver déficits de infraestrutura e reduzir impostos, além de fortalecer os fundos soberanos da Irlanda.

Martin, líder do Fianna Fáil, cedeu o cargo em 2022 ao Fine Gael na segunda metade do mandato. Pelo acordo firmado entre os partidos após as eleições de 29 de novembro, o atual primeiro-ministro Simon Harris retornará ao cargo no final de 2027.

Harris substituirá Martin como vice-primeiro-ministro e também deve assumir o Ministério das Relações Exteriores ainda nesta quarta-feira. Já Paschal Donohoe, do Fine Gael e presidente do grupo de ministros das Finanças da zona do euro, é cotado para reassumir o Ministério das Finanças.

Martin, eleito para o parlamento há 36 anos, foi um dos principais integrantes do governo Fianna Fáil que assinou o resgate financeiro da UE/FMI em 2010, resultando no colapso eleitoral do partido em 2011, pouco depois de ele assumir a liderança.

Ex-professor de história, já ocupou ministérios importantes, incluindo Saúde, Comércio e Educação. Nos anos seguintes, liderou uma rápida recuperação política do Fianna Fáil, levando-o de volta ao governo após nove anos.

*G1