Sábado, 14 de dezembro de 2024
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Rebeldes armados sírios entraram em Aleppo apenas três dias após sua ofensiva surpresa, marcando a primeira vez que eles pisam na segunda maior cidade do país desde que as forças do governo recapturaram a cidade em 2016.
“Nossas forças começaram a entrar na cidade de Aleppo”, disse uma declaração da recém-formada coalizão rebelde, o Comando de Operações Militares.
Em um vídeo geolocalizado pela CNN, um combatente rebelde filma enquanto dirige pelas ruas desertas no lado oeste da cidade. Ele é ouvido louvando a Deus enquanto o veículo se aproxima da Mesquita Zine El Abidine, no oeste de Aleppo.
Os militares sírios disseram que estavam enfrentando um “grande ataque” e alegaram estar “reforçando todos os locais ao longo das várias frentes de batalha”, mas vários moradores da cidade disseram que as forças do regime recuaram de vários bairros na parte ocidental de Aleppo.
A ofensiva, que começou na quarta-feira, é o primeiro grande conflito em anos entre a oposição síria e o regime do presidente Bashar al-Assad, que governa o país devastado pela guerra desde 2000.
Os rebeldes do “Comando de Operações Militares” disseram anteriormente que tomaram o controle do Centro de Pesquisa Científica Militar do governo sírio, nos arredores da cidade de Aleppo, após “intensos confrontos com as forças do regime e milícias iranianas”.
Mais cedo nesta sexta, um projétil de artilharia atingiu o alojamento estudantil da Universidade de Aleppo, matando quatro pessoas, de acordo com a agência de notícias estatal da Síria, SANA, que culpou facções da oposição pelo ataque.
O porta-voz dos grupos rebeldes Hassan Abdulghani refutou as acusações do governo sírio como “mentiras infundadas”.
Um funcionário da Universidade de Aleppo, falando anonimamente por razões de segurança, confirmou que um projétil de artilharia atingiu o segundo andar de um dormitório com estudantes dentro.
Um vídeo circulando nas redes sociais, geolocalizado pela CNN, mostra jovens correndo para fora de um dormitório no campus da Universidade de Aleppo e carregando um indivíduo ferido.
Na quinta-feira (28), pelo menos 15 civis, incluindo seis crianças e duas mulheres, foram mortos, e outros 36 ficaram feridos em ataques aéreos e bombardeios em áreas controladas por rebeldes em Aleppo e no interior de Idlib, de acordo com os Capacetes Brancos, um grupo de resgate voluntário.
A mídia estatal iraniana disse que um brigadeiro-general do Corpo de Guardas da Revolução Islâmica (IRGC) Kioumars Pourhashemi também foi morto na cidade.
Em uma ligação com seu homólogo sírio para discutir a escalada, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, acusou os Estados Unidos e Israel de “reativação” dos rebeldes e “enfatizou o apoio contínuo” do Irã ao governo e ao exército sírios.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, pediu às autoridades sírias que “restabelecessem rapidamente a ordem nesta área e restaurassem a ordem constitucional”.
Tanto o Irã quanto a Rússia são aliados importantes da Síria.
A guerra civil da Síria começou durante a Primavera Árabe de 2011, quando o regime reprimiu uma revolta pró-democracia contra Assad.
O país mergulhou em uma guerra civil em larga escala quando uma força rebelde foi formada, conhecida como Exército Sírio Livre, para combater as tropas do governo.
O conflito aumentou à medida que outros atores regionais e potências mundiais – da Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos à Rússia – se juntaram, intensificando a guerra civil para o que alguns observadores descreveram como uma “guerra por procuração”.
O Estado Islâmico também conseguiu ganhar uma posição no país antes de sofrer golpes significativos.
Desde o acordo de cessar-fogo de 2020, o conflito permaneceu em grande parte adormecido, com confrontos de baixo nível entre os rebeldes e o regime de Assad.
Mais de 300 mil civis foram mortos em mais de uma década de guerra, de acordo com as Nações Unidas, e milhões de pessoas foram deslocadas pela região.
*CNN