A Rússia tem ampliado a sua presença no Ártico, tanto com construções de infraestrutura de defesa quanto pela exploração econômica da região, que abriga reservas de petróleo e gás natural. Mas é sob a água que está a sua maior aposta estratégica. O governo de Vladimir Putin tem planos ambiciosos para ter mais submarinos de última geração, inclusive que transportam bombas nucleares, circulando no extremo norte do planeta.
Um dos principais pontos fortes da Rússia no Ártico é sua Marinha. Nesta parte do mundo, Moscou opera a chamada Frota do Norte, uma de suas cinco frotas principais.
A frota compreende quase cem embarcações militares de várias classes. Um terço da frota é composta por submarinos, incluindo aqueles capazes de transportar armas nucleares.
Nos próximos quatro anos, a frota receberá três submarinos nucleares da classe Borei, cada um capaz de transportar 16 mísseis balísticos Bulava, que podem lançar ogivas nucleares a distâncias de quase 9.300 km, colocando a Europa e o continente americano sob ameaça.
Além disso, três projetos futuros incluem submarinos nucleares da classe Yasen, capazes de transportar mísseis Onyx, Kalibr e Zircon. Sua missão principal é a destruição de frotas de superfície inimigas, embora esses mísseis também possam ser equipados com ogivas nucleares para operações mais letais, se necessário.
Por fim, há dois submarinos da classe Lada planejados, projetados para patrulhas territoriais, proteção de bases navais e destruição de submarinos e navios de superfície inimigos.
O que se sabe sobre os submarinos atuais
No começo do ano, a Rússia contava com 31 submarinos em atividade ou em manutenção. A metade deles foi lançada após o colapso da União Soviética. Um em cada três submarinos foram comissionados (ou seja, aprovados para entrar em serviço) nas décadas de 2000 e de 2010.
Além disso, a Rússia está continuamente adicionando novos submarinos à Frota do Norte: três foram comissionados nos últimos cinco anos, e outro tem menos de uma década.
Isso indica que a Rússia continua a reforçar sua frota submarina nesta região, apesar dos acordos para manter o Ártico desmilitarizado.
Controle comercial e energético
Estima-se que o Ártico abrigue 412 bilhões de barris de petróleo e gás, representando cerca de 22% das reservas não descobertas do mundo. Esse potencial energético, aliado à viabilidade crescente da Rota do Ártico como alternativa comercial entre a Ásia e a Europa, coloca a região no centro das disputas geopolíticas.
Para abrir espaço e navegar sem grandes dificuldades, a Rússia possui a maior frota de quebra-gelos do mundo, com 41 embarcações, incluindo sete movidas a energia nuclear.
O país também anunciou a construção do Lider, um superquebra-gelo nuclear do Projeto 10510, que será o mais potente do mundo, com 120 MW de capacidade.
Essa frota dá à Rússia não apenas uma vantagem comercial, mas também um recurso estratégico para sustentar operações militares na região.
Ao controlar o corredor comercial do Ártico, Moscou encontra formas de contornar sanções ocidentais. A Rota do Ártico permite à Rússia continuar exportando recursos para a Ásia, minimizando o impacto das restrições econômicas impostas pelos EUA e União Europeia.
Ambições territoriais
Moscou também busca expandir suas fronteiras na região. Atualmente, acordos internacionais estabelecem que as águas territoriais de um país se estendem por 12 milhas náuticas (22 km) da costa, e suas zonas econômicas exclusivas, por 200 milhas náuticas (370 km).
No entanto, a Rússia reivindica mais 1,2 milhão de km², alegando que as dorsais de Lomonosov e Mendeleev são extensões de sua plataforma continental. Essa área inclui o Pólo Norte e, se reconhecida, garantiria ao Kremlin acesso exclusivo a vastas reservas de recursos energéticos.