Quarta-Feira, 13 de agosto de 2025
Quarta-Feira, 13 de agosto de 2025
Os protestos contra a política anti-imigração adotada pelo presidente Donald Trump entram no sétimo dia nesta quinta-feira (11). Nos últimos dias, os atos saíram de Los Angeles, se espalharam por outras cidades dos Estados Unidos e começaram a chamar a atenção de famosos.
▶️ Contexto: No dia 6 de junho, começaram a circular nas redes sociais notícias de que agentes do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês) estavam perseguindo imigrantes no sul da Califórnia, incluindo Los Angeles.
O endurecimento das ações do ICE em busca de imigrantes faz parte dos esforços de Trump para cumprir a promessa de fazer a maior deportação em massa da história do país. Segundo o governo, 2 mil estrangeiros em situação irregular estão sendo detidos por dia.
Enquanto isso, especialistas têm questionado a forma como as operações têm sido conduzidas e alegam que, em muitos casos, o governo tem desrespeitado o processo legal.
Com o crescimento das manifestações, 100 grupos de direitos civis e outras organizações formaram a coalizão "No Kings" — "Sem Reis", em português — que passou a organizar protestos pacíficos contra Trump nos Estados Unidos.
Nesta reportagem você vai entender:
Tudo começou no dia 6 de junho. Naquele dia, imigrantes e americanos receberam informações de que membros do ICE estavam fazendo operações em estabelecimentos comerciais e empresas para deter estrangeiros em situação irregular.
Escalada: No dia 7 de junho, os protestos tiveram confrontos com a polícia e casos de vandalismo. A partir daí, o governo federal indicou que iria intervir na Califórnia.
Pelo país: As manifestações que estavam concentradas em Los Angeles começaram a ganhar força e se espalharam pelos EUA no início desta semana. Além da questão imigratória, organizadores passaram a classificar como autoritárias as medidas de Trump para repelir os protestos.
Uma grande manifestação nacional em todos os estados dos EUA irá coincidir com uma parada militar organizada por Trump para comemorar os 250 anos do Exército dos EUA — além do próprio aniversário do presidente —, no sábado.
Em resposta à ameaça de Trump, o grupo "No Kings" orientou os manifestantes a não realizarem atos em Washington para evitar confrontos. O grupo também chamou a parada de "espetáculo de aniversário feito para a TV".
"Em vez de permitir que esse desfile de aniversário seja o centro das atenções, faremos com que as ações em todo o país contem a verdadeira história da América naquele dia: pessoas se unindo em comunidades por todo o país para rejeitar a política autoritária e a corrupção", afirmou em comunicado.
Atores, cantores e influenciadores estão usando as redes sociais para se manifestar contra as ações do ICE. Veja a seguir:
“Quando nos dizem que o ICE existe para manter nosso país seguro e expulsar criminosos violentos — ótimo”, publicou a influenciadora, no Instagram.
“Mas quando testemunhamos pessoas inocentes e trabalhadoras sendo arrancadas de suas famílias de maneiras desumanas, temos que nos manifestar. Temos que fazer o que é certo.”
"Aqueles que estão sendo culpados são como você. Talvez tenham um tom de pele diferente ou usem pronomes diferentes, mas seus corações são os mesmos. Eles amam do mesmo jeito, sentem do mesmo jeito", escreveu o ator, no Instagram.
"Você não percebe que está apontando suas armas na direção errada?"
O ator compartilhou um vídeo nas redes sociais que mostra que Los Angeles foi construída por imigrantes. As imagens mostram pessoas segurando bandeiras de vários países, como México e Uruguai.
"Eles não são criminosos. Eles são o coração de Los Angeles", diz o vídeo.
Outros famosos também compartilharam mensagens contra o ICE, como as cantoras Reneé Rappe e Gracie Abrams, o cantor e produtor Finneas, as atrizes Hilary Duff e Eva Longoria, e o vocalista do Green Day, Billie Joe Armstrong.
A Califórnia, onde os protestos começaram, é um estado predominantemente democrata — ou de oposição a Trump.
Vale lembrar que, nos Estados Unidos, cada estado tem grande autonomia, inclusive com Constituição e legislações próprias. No caso da Califórnia, o estado se destaca pelas políticas progressistas e ambientais.
As ações de Trump, agora, evidenciam o confronto histórico entre republicanos e democratas. O estado tem sido alvo de constantes críticas do presidente por diversos motivos.
Confira a seguir alguns pontos que pesam no contexto atual:
A vice-presidente dos EUA e candidata democrata à presidência, Kamala Harris, sorri durante um comício de campanha na Michigan State University, em East Lansing, Michigan (3/11) — Foto: Carlos Osorio/Reuters
Apesar de Trump ter vencido com uma margem de cerca de 2,5 milhões de votos a mais que a candidata democrata, Kamala Harris, nas eleições de 2024, o republicano perdeu na Califórnia. O estado tem o maior peso no Colégio Eleitoral dos EUA.
Gavin Newsom é o governador da Califórnia, enquanto Karen Bass é a prefeita de Los Angeles. Ambos são democratas. O estado também tem várias personalidades do alto escalão do partido, como a própria ex-vice-presidente Kamala Harris e a ex-presidente da Câmara Nancy Pelosi.
Manifestantes se abraçam sob bandeira do México em protesto na cidade de Los Angeles — Foto: REUTERS/Daniel Cole
Quase um terço da população da Califórnia é composta por estrangeiros, o que coloca o estado como o que abriga a maior proporção de imigrantes. A média nacional é de 13,9%, segundo o Censo de 2024.
Em Los Angeles, quase metade dos moradores dizem ser hispânicos ou latinos, enquanto 35% da população é composta por imigrantes. A cidade também tem fortes vínculos com o México, que fica a menos de 250 km de distância.
A empresa norte-americana de carros autônomos Waymo, ligada à Google, já está oferecendo serviços de táxi sem motorista em São Francisco, na Califórnia, e em Phoenix, no Arizona — Foto: ALAMY
A Califórnia adotou várias políticas ambientais para reduzir a poluição, principalmente do ar. A regulamentação é vista como uma das mais rigorosas do país e criticada por Trump e outros republicanos.
O estado chegou a estabelecer a proibição da venda de carros movidos a gasolina até 2035. Em maio, no entanto, o Senado dos EUA votou uma lei que pode revogar o plano. A medida deve ser sancionada por Trump nos próximos dias.
*G1