Em Maceió, uso de Ecoboats para coletar entulhos no mar e na lagoa inspira estudos acadêmicos

Com uma grande atuação na Lagoa Mundaú e nas praias da capital desde dezembro de 2022, coletando cerca de 1.300 toneladas de resíduos, os Ecoboats ganharam destaque no último mês ao se tornarem referência para trabalhos e estudos acadêmicos realizados por instituições de ensino superior privadas e públicas da capital.

Um estudo realizado pelos professores doutores Jessé Marques Pavão, Marcelo Reis, Alessandro Sarmento e pelo aluno Márcio Berto, do Centro Universitário Cesmac, apontou Maceió como o primeiro caso de sucesso na gestão dos resíduos flutuantes marinhos.

O trabalho acadêmico, realizado através do Programa de Pós-graduação em Análises de Sistemas Ambientais da instituição de ensino, teve o objetivo de contribuir na gestão dos resíduos marinhos flutuantes de cidades costeiras e foi apresentado na sede da Autarquia Municipal de Desenvolvimento Sustentável e Limpeza Urbana (Alurb).

"Temos tentando encontrar formas de combater a poluição plástica nos ambientes marinhos e costeiros, com parceria de instituições de diversos países. Na nossa visão, iniciativas como a do Ecoboat são imprescindíveis no combate à poluição nas águas, mas que estas devem ser acompanhadas de trabalhos de educação ambiental, fiscalização e, em casos extremos, multas para infratores ambientais, que também já é parte do trabalho executado pela Alurb", disse o professor Marcelo Reis.

O docente ainda salientou que "as operações do Ecoboat, como qualquer outro tipo de embarcação, devem ser realizadas por navegadores experientes, com habilidade e conhecimento da localização dos recifes para evitar danos aos mesmos, já que estes funcionam como ponto de aglomeração de animais marinhos e são extremamente importantes para os ambientes costeiros".

Com o estudo, foi possível identificar as mudanças nos tipos de lixo que chega aos oceanos pela rede pluvial, demonstrando as diferenças em esforço de coleta por parte das equipes coordenadas pela Alurb. Ademais, com imagens de satélite, durante um período de três anos, foi possível localizar os detritos plásticos no mar, nas praias de Jatiúca, Ponta Verde, Pajuçara e Jaraguá, demonstrando os locais onde a poluição plástica se acumula durante as estações seca e chuvosa.

A diretora-executiva da Alurb, Kedyna Tavares, falou da parceria com a instituição de ensino e ressaltou a contribuição representada pelo estudo. "Os Ecoboats poderão ser utilizados de forma mais otimizada, com rotas mais elaboradas e redução custos operacionais, pois os dados produzidos na pesquisa identificam os pontos de acúmulo de resíduos tanto em localização quanto em período do ano. A parceria trouxe uma visão mais ampla do problema e uma gama maior de soluções a serem tomadas pela Prefeitura de Maceió. Em breve, teremos uma atuação ainda mais marcante com nossos equipamentos", afirmou.

Tema de TCC

O Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Análise Ambiental de Pietra Alcântara, que é funcionária da Alurb, teve como tema o "Uso de catamarãs para remoção de resíduos sólidos na gestão ambiental da Laguna Mundaú" e abordou o trabalho realizado com os catamarãs que recolhem o lixo descartado de forma irregular no mangue e os objetos que ficam boiando no ecossistema lagunar fazendo uso de uma rede mecânica.

"A vivência no dia a dia com os Ecoboats me fizeram perceber o quão valioso é seu trabalho para os biomas onde atua. Pegando esse gancho, tive a ideia de mostrar todos os seus benefícios ao meio ambiente no meu TCC. Vem sendo uma grande experiência fazer parte dessa atuação e desse avanço enfrentando pela capital desde que os Ecoboats foram instalados", revelou Pietra.

O serviço realizado pelos Ecoboats também tem sido apresentado para crianças da rede municipal de ensino. Escolas localizadas próximo da Lagoa Mundaú já tiveram dia de visita ao equipamento, aliado com a educação ambiental ofertada pelo órgão, visando ensinar as crianças sobre os catamarãs e destacar sua importância para a cidade.

*Redação com Assessoria