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Sábado, 23 de novembro de 2024

Meio ambiente

Brasil perdeu 33% das áreas naturais até 2023, aponta MapBiomas

Brasil perdeu 33% das áreas naturais até 2023, aponta MapBiomas

(Imagem: Reuters)

Brasil perdeu 33% das áreas naturais até 2023, segundo dados divulgados pelo MapBiomas nesta quarta-feira (21). De acordo com o relatório, a Amazônia é o bioma que mais sofreu com essa perda ao longo dos anos.

As áreas naturais incluem vegetação nativa, superfície de água e áreas naturais não vegetadas, como praias e dunas.

O levantamento mostra que quase metade (45%) dos municípios brasileiros perdeu vegetação entre 2008 e 2023. O Pantanal foi o bioma com o maior número de municípios com reducação de áreas naturais nesse período.

De acordo com o coordenador geral do MapBiomas, Tasso Azevedo, a diminuição das áreas naturais representa um aumento nos riscos climáticos.

"A perda da vegetação nativa nos biomas brasileiros tende a impactar negativamente a dinâmica do clima regional e diminui o efeito protetor durante eventos climáticos extremos", comenta Azevedo.
 

Entre os principais fatores para a redução observada estão o aumento da área de pastagem e da agricultura. Desde 1985, houve uma expansão de 79% na área utilizada para pecuária e de 228% para plantio.

Perda nos biomas

 

Os pesquisadores do MapBiomas também analisaram de forma mais detalhada como cada bioma foi impactado pela perda das áreas naturais entre 1985 e 2023.

Veja abaixo os destaques para cada bioma:

  • Amazônia
 

Amazônia foi o bioma que mais perdeu áreas de vegetação nativa. Foram 55 milhões de hectares perdidos, isto é, uma redução de 14% nos últimos 39 anos.

Com a diminuição, o bioma tem, atualmente, 81% coberto por florestas e vegetação nativa, um percentual muito próximo à margem estimada pelos cientistas para seu ponto de não retorno.

Essa porcentagem já inclui a vegetação secundária, que cresceu novamente depois de ser desmatada.

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  • Cerrado e Pampa
 

Cerrado foi o segundo bioma que mais perdeu área de vegetação nativa entre 1985 e 2023. Houve uma redução de 38 milhões de hectares, o que representa uma queda de 27%.

Cláudio Almeida, coordenador do programa de monitoramento de biomas do Inpe, alerta que a situação do bioma é preocupante.

"O Cerrado há muito tempo é tratado como bioma de sacrifício, em que se protege a Amazônia e deixa que esse bioma seja desmatado", pontua.
 
'Parede de fogo' avança no Cerrado — Foto: Divulgação

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Propocionalmente ao tamanho do bioma, o Cerrado é um dos que mais perdeu área de nativa, jutamente com o Pampa. Cerca de 10% do Cerrado já é coberto por vegetação secundária.

No Pampa, um quarto da vegetação nativa remanescente é secundária. O bioma perdeu 28% da área nativa nos últimos 39 anos.

  • Pantanal
 

No caso do Pantanal, a redução mais acentuada foi na superfície de água, passando de 21% em 1985 para 4% em 2023.

Com isso, as áreas de vegetação com arbustos, por exemplo, aumentam para 50% do bioma em 2023.

"Sem a vegetação nativa, tem mais evapotranspiração e, com isso, há uma diminuição na capacidade de água das nascentes, afetando o acesso básico até para a própria agricultura", comenta Cláudio Almeida.
 
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  • Caatinga e Mata Atlântica
 

Caatinga perdeu 14% da vegetação nativa no período e viu a vegetação secundária passar a representar quase um quarto do bioma (23%).

Na Mata Atlântica, a situação foi semelhante: 10% da área natural foi perdida enquanto a vegetação secundária chegou a 21%.

Pampa, Caatinga e Mata Atlântica são os biomas com maior proporção de vegetação secundária mapeada em 2023.

Diminuição nos estados

 

O relatório também apresentou um recorte da situação dos estados. Dos 27 estados, apenas o Rio de Janeiro teve aumento na área de vegatação nativa, passando de 30% para 32%.

Os estados que tiveram as maiores reduções nas áreas naturais entre 1985 e 2023 foram:

  • Rondônia - queda de 34%;
  • Maranhão - queda de 27%;
  • Mato Grosso - queda de 27%;
  • Tocantins - quada de 24%.
 

Atualmente, os estados que ainda possuem a maior proporção de vegetação nativa são Amapá, Amazonas e Roraima. Sergipe, São Paulo e Alagoas são os que acumulam a menor proporção.

*g1