Sábado, 23 de novembro de 2024
Sábado, 23 de novembro de 2024
Os brasileiros enfrentaram quase três meses a mais de dias quentes nos últimos doze meses por causa da mudança climática. É o que mostra um relatório publicado nesta terça-feira (28) por entidades internacionais que analisaram dados de 2023 e de 2024 em comparação com a média de décadas anteriores.
A análise foi feita em conjunto por grupos internacionais como World Weather Attribution, Climate Central e do Centro Climático da Cruz Vermelha.
Os autores do relatório consideraram que a temperatura de um determinado dia era anormal em um determinado local se excedesse 90% das temperaturas diárias registadas entre 1991 e 2020. Os dados analisados levam em conta o período de junho de 2023 a abril de 2024 em mais de 160 países.
No Brasil, foram 83 dias de calor fora do normal. Isso significa quase três vezes a média global da pesquisa, que foi de 26 dias.
Segundo a análise, mais de 6 bilhões de pessoas no mundo foram expostas a temperaturas nunca vistas nos últimos 29 anos.
Os países mais impactados foram países localizados próximos à linha do Equador:
Os últimos 12 meses foram os mais quentes já registrados no planeta. O que os pesquisadores apontam é que o calor extremo é resultado das mudanças climáticas, reflexo da queima de combustíveis fósseis.
O aquecimento global é causado pelos gases de efeito estufa que retêm o calor do nosso Sol na atmosfera. Esses gases, como o CO2 (gás carbônico), são liberados quando queimamos combustíveis fósseis, como carvão e petróleo, algo que não fazíamos antes da Revolução Industrial, pelo menos em larga escala.
Desde então, a quantidade de CO2 na atmosfera aumentou mais de 50% - e continua crescendo. Em 2023, as concentrações desses gases na atmosfera atingiram níveis sem precedentes. (Leia mais aqui)
No Brasil, nos últimos meses vimos:
Seca extrema e queimadas castigam o Norte do país — Foto: Caíque Rodrigues/g1, João Oliveira/Arquivo pessoal, Ronny Alcântara/Rede Amazônica e Samantha Rufino/g1 RR
Neste ano, o país também esteve sob a influência do El Niño, fenômeno que aquece as águas do Oceano Pacífico e interfere na chuva e, consequentemente, na temperatura. No entanto, o que as análises indicam é que o aumento atípico da temperatura tem relação com as mudanças climáticas.
Isso porque o El Niño ocorre de tempos em tempos (entre dois e sete anos). Ou seja, é um fenômeno que já influenciou o clima na Terra em outros anos. Apesar disso, nunca vimos os recordes registrados nos últimos 12 meses.
A causa, segundo os especialistas, é um clima já mais quente e que, ao passar por fenômenos antes previstos, está mostrando um resultado extremo.
No estudo, a análise incluiu cálculos matemáticos que simulavam as condições da Terra em uma temperatura não alterada pelos gases do efeito estufa. A conclusão foi que, sem a pressão das mudanças climáticas, o país teria vivido 18 dias a menos de calor extremo.
*G1