Sexta-Feira, 30 de maio de 2025
Sexta-Feira, 30 de maio de 2025
Nesse cenário, o governo decidiu, por exemplo, nomear como presidente da COP30 o diplomata André Correa do Lago, reconhecido internacionalmente pela habilidade em fazer negociações na área ambiental.
Em entrevista publicada na página oficial da conferência, o próprio presidente da COP30 disse que a saída dos Estados Unidos do Acordo do Clima de Paris terá impacto nas negociações.
Assinado em 2015, o acordo prevê medidas que os países devem adotar para tentar conter o aquecimento global e, como os Estados Unidos são a maior economia do mundo e o segundo maior emissor de gases do efeito estufa, especialistas vêm dizendo que o movimento do governo Donald Trump pode influenciar outros países, prejudicando o combate às mudanças climáticas.
A cerca de sete meses da COP30, integrantes do governo já apresentaram alguns desafios que o país terá nas negociações, entre os quais:
Em declarações recentes em fóruns internacionais, o presidente Lula tem afirmado que o planeta está "farto" de promessas não cumpridas e que a COP30 precisa marcar uma posição dos países no sentido de implementar os acordos já firmados anteriormente.
André Correa do Lago, presidente da COP 30 — Foto: Matheus Campos/Amcham
Até o momento, somente 19 dos 195 países que estão no Acordo do Clima de Paris apresentaram as metas climáticas (NDCs, na sigla em inglês), o que representa cerca de 10% do total.
As metas a serem cumpridas até 2035 deveriam ter sido apresentadas às Nações Unidas em fevereiro deste ano. Porém, com a baixa adesão dos países, o prazo foi estendido até setembro.
Diante disso, a ONU e o Brasil têm tentado mobilizar os países a apresentar dentro do prazo essas metas atualizadas. Nesta semana, houve uma reunião do presidente Lula com o secretário-geral da organização, Antonio Gutérres, além de países convidados para discutir as mudanças climáticas e a chamada transição energética.
Sem as NDCs, dizem especialistas, não é possível medir o progresso climático e comparar os esforços de países ricos e dos países em desenvolvimento. Elas são apresentadas a cada 5 anos e, durante as COPs, os países fazem revisões e negociações com base nas NDCs.
"Precisamos de caminhos para os próximos dez anos. As NDCs apresentadas precisam estar alinhadas. Até agora, só 9% dos países apresentaram, 75% estão comprometidos em apresentar até setembro e outros estão em processo de considerar para 2026. Outros sequer têm NDCs. Por isso, é muito importante o financiamento", afirmou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, nesta sexta-feira (25).
Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva — Foto: João Risi/SEAUD/PR
Um estudo apresentado na COP29, em Baku (Azerbaijão), estima ser necessário obter US$ 1,3 trilhão até 2035 para o financiamento de ações de combate às mudanças climáticas, além de ações de prevenção e mitigação.
Na COP29, os países se comprometeram com US$ 300 bilhões, resultado já criticado publicamente pelo Brasil e por especialistas por ter ficado aquém do necessário.
Além disso, países em desenvolvimento alegam não ter condições de arcar com os custos e cobram, a exemplo do presidente Lula, que os países mais ricos contribuam com uma parcela maior, também por – historicamente – terem sido os maiores poluidores.
Nesse contexto, o negociador-chefe do Brasil no Brics (que reúne países como China, Rússia, Índia e África do Sul), Maurício Lyrio, tem defendido que o grupo feche uma posição conjunta a ser levada para a COP30.
O Brasil entende que, se o Brics chegar a um consenso sobre o financiamento climático, pode ter mais chance de aprovar uma proposta na conferência de novembro. Os chefes de Estado do Brics se reunirão em julho, no Rio de Janeiro.
*G1