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Sábado, 23 de novembro de 2024

Meio ambiente

MT registra maior número de focos de incêndio do país pelo 2° mês seguido

MT registra maior número de focos de incêndio do país pelo 2° mês seguido

(Imagem: Ailton Lara)

O Mato Grosso registrou o maior número de focos de incêndio do Brasil em abril de 2024com 788 focos entre os dias 1°e 30, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Este é o segundo mês seguido em que o estado ocupa essa posição, já que em março foram 1.624 focos.

 

As principais causas dos focos de incêndio foram:

  • Queimadas sem autorização: segundo especialistas, a maioria das áreas com focos de incêndio não possuem autorização de queima controlada.
  • Seca: o estado enfrenta uma redução no regime de chuvas e isso afeta o balanço hídrico, sendo uma das causas do aumento dos incêndios.
  • Altas temperaturas: outro fator que contribuir para aumento nos focos são as altas temperaturas, especialmente pelo efeito do El Niño desde o ano passado
 

Segundo o Inpe, os estados que mais registraram focos de incêndio nesse período, depois de Mato Grosso, foram Roraima, com 519 e Bahia, com 162 focos.

10 municípios do Brasil com mais focos em abril:

Estado n° de focos
Caracaraí (RR) 11
Rorainópolis (RR) 102
Mucajaí (RR) 70
Brasnorte (MT) 55
Cáceres (MT) 54
Cantá (RR) 52
São Félix do Araguaia (MT) 46
Querência (MT) 44
Gaúcha do Norte (MT) 41
Alto Alegre (MT) 40

Ainda de acordo com os dados, o bioma mais atingido foi a Amazônia, com 452 focos, em seguida o Cerrado, com 268 e por fim o Pantanal, com 68 focos.

Confira os 10 municípios de MT que mais registraram focos de incêndio em abril de 2024:

  1. Brasnorte - 55 focos
  2. Cáceres - 54 focos
  3. São Félix do Araguaia - 46 focos
  4. Querência - 44 focos
  5. Gaúcha do Norte - 41 focos
  6. Paranatinga - 31 focos
  7. Nova Maringá - 28 focos
  8. Feliz Natal - 26 focos
  9. Diamantino - 22 focos
  10. São José do Xingu - 21 focos
 

Manejo de fogo sem autorização

 

O engenheiro florestal e coordenador do núcleo de inteligência territorial do Instituto Centro de Vida (ICV), Vinicius Silgueiro, explicou que a maioria dos focos de incêndio acontece em áreas de transição onde há propriedades rurais, em expansão na prática produtiva.

"Mais de 90% estão ocorrendo em imóveis com atividades agropecuárias. O uso do fogo em áreas de conversão para soja ou pastagem é o que os dados têm mostrado. Áreas de expansão em que o fogo é usado no processo de limpeza", disse.
 

Essas áreas ficam próximas aos biomas da Amazônia e do Cerrado, que ocupam a maior porção do estado, e é onde está a fronteira de transição do uso agropecuário.

Segundo o ICV, 90% das áreas com focos de incêndio não possuem autorização de queima controlada — aquela onde o fogo é usado de forma monitorada para auxiliar nas atividades agrícolas. Porém, essa prática também exige uma autorização do órgão ambiental do estado.

O uso do fogo não é permitido em áreas de vegetação nativa. Para fazer a queima é preciso solicitar aos órgãos ambientais uma autorização, e o proprietário precisa seguir regras, como fazer a queima dentro da área permitida, e implementar medidas para que o fogo não se expanda.

 Seca

 

Nos meses de janeiro e fevereiro deste ano, os municípios de Rondonópolis, Barra do Garças e Sorriso decretaram situação de emergência por falta de chuvas.

Vinicius Silgueiro explicou que, outro fator que pode ter contribuído para o aumento dos focos, são as secas frequentes e altas temperaturas. "Desde 2019, a gente tem uma situação de seca, redução no regime de chuvas e isso tem afetado o balanço hídrico", disse.

Segundo Vinicius, a tendência neste ano também é de bastante seca. Por isso, é preciso fiscalizar essas áreas. Em Mato Grosso, o período proibitivo de queimadas na área rural começa em julho.

“É necessário que no período proibitivo, no auge da seca, que é em julho, de fato não seja utilizado fogo e que as medidas preventivas implementadas sejam da altura da emergência que estamos vivenciando. O estado também precisa empreender ações para os momentos de combate. A resposta rápida que vai Influenciar para termos os menores impactos", disse.
 

Segundo o meteorologista do Climatempo, Guilherme Borges, normalmente na faixa Norte do estado em março chove em torno de 300 a 350 mm. No entanto, neste ano, a chuva foi irregular e abaixo do que é considerado normal.

Altas temperaturas

 

Ainda de acordo com o especialista, outro fator que afeta para o aumento nos focos são as altas temperaturas, especialmente pelo efeito do El Niño desde o ano passado.

"Neste ano, a partir de julho, há 75% de probabilidade de influência do La Niña que infelizmente vai fazer com que a chuva comece um pouco mais tarde. Por isso, o fogo tende a se permanecer mais tempo quando ele é iniciado", explicou.

Segundo o meteorologista Guilherme Borges, Mato Grosso sofreu com uma nova onda de calor, entre os dias 16 e 20 de março. De acordo com ele, o estado passou por temperaturas de 3 a 5 graus acima da média.

Fiscalização

 

Conforme a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema-MT), fora do período proibitivo é possível realizar a queima controlada com autorização do órgão ambiental.

Segundo o órgão, além da limpeza de áreas, essa técnica é uma medida de prevenção aos incêndios de grande proporção por meio do emprego do fogo com monitoramento e controle.

A Sema também informou que, em circunstâncias que envolvam queimadas ilegais, incêndios florestais e transporte de produtos perigosos, tóxicos ou nocivos à saúde humana, a competência para fiscalizar, apurar a responsabilidade, aplicar multas e realizar perícia é do Corpo de Bombeiros.

g1 procurou os bombeiros, que disse por meio de nota que já aplicou neste ano mais de R$ 1,5 milhão em multas por uso irregular do fogo e que planeja as ações o monitoramento dos focos.

*G1