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Terça-Feira, 07 de maio de 2024

Meio ambiente

Onda de calor: como se forma o fenômeno que é cada vez mais comum no Brasil

Onda de calor: como se forma o fenômeno que é cada vez mais comum no Brasil

(Imagem: INPE)

terceira onda de calor do ano deve durar até a próxima semana e seu ápice deve ocorrer entre esta quinta-feira (14) e o sábado (16), de acordo com os meteorologistas. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), cinco estados devem registrar temperaturas máximas 5°C acima da média: Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Mas por que essa previsão configura uma onda de calor? O que é o fenômeno?
 

 A onda de calor é um fenômeno meteorológico que acontece quando uma determinada região registra temperaturas muito acima da média por uma sequência de dias.

  • No geral, os meteorologistas estabelecem que, para o fenômeno se configurar, as temperaturas precisam ficar ao menos 5ºC acima da média por um período de cinco dias ou mais.
  • Já o Inmet define uma onda de calor quando há um aumento de 5ºC na temperatura em relação à média mensal, independentemente da quantidade de dias de duração. (veja mais sobre os alertas do Inmet para as ondas de calor abaixo)
 

As ondas de calor são comuns de acontecerem no fim da primavera, com a aproximação do verão. Mas, nos últimos anos, esse fenômeno tem se tornado mais comum.

Abaixo, nesta reportagem o g1 te explica como se formam as ondas de calor e por que elas estão mais frequentes, mesmo fora de época.

Terceira onda de calor do ano deve se estender até a próxima semana; temperaturas podem chegar a 40°C

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Como se forma uma onda de calor?

 

As ondas de calor precisam de dois principais fatores climáticos para se formarem: massas de ar quente e seco e bloqueios atmosféricos.

 Contextualização: os bloqueios atmosféricos são um tipo de circulação de ventos no alto da atmosfera. Eles atuam como uma barreira que impede que as massas de ar avancem.

circulação dos ventos dessa área de alta pressão é anti-horário, o que favorece que as massas de ar quente e seco ganhem força e impede o deslocamento das frentes frias para o continente. (veja no mapa abaixo)

O bloqueio atmosférico impede que as frentes frias avancem, contribuindo para a manutenção das altas temperaturas. — Foto: Arte/g1

O bloqueio atmosférico impede que as frentes frias avancem, contribuindo para a manutenção das altas temperaturas. — Foto: Arte/g1

Assim, quando há um bloqueio atmosférico, as frente frias se formam, tentam avançar, mas encontram essa barreira, o que as leva diretamente para o oceano.

Sem a entrada de umidade vinda com essas frentes frias, a massa de ar quente vai ganhando cada vez mais força no continente, caracterizando a onda de calor.

"Quanto mais perto da região central do sistema, mais quente e seco. Quanto mais distante, menos distante e um pouco mais úmido", explica a porta-voz da Climatempo, Maria Clara Sassaki.
 

Alertas para onda de calor

 

Diferentemente do que definem alguns meteorologistas, o Inmet não leva em consideração a quantidade de dias para estabelecer a ocorrência de uma onda de calor.

O instituto utiliza o período para definir qual alerta será emitido por conta do calor extremo. Assim, os avisos meteorológicos se referem ao número de dias que deve durar o fenômeno.

O Inmet tem três tipos de alerta para as ondas de calor:

  1.  Perigo potencial: quando há o aumento da temperatura 5ºC acima da média por um período de dois a três dias. Exige cuidado na prática de atividades que podem estar sujeitas a riscos meteorológicos;
  2.  Perigo: aumento da temperatura 5ºC acima da média por três a cinco dias. Importante se manter vigilante e se informar sobre as condições meteorológicas previstas;
  3.  Grande perigo: aumento da temperatura 5ºC acima da média por mais de cinco dias consecutivos. Previsão de um fenômeno meteorológico com intensidade excepcional, com grande probabilidade de risco para a integridade física.
 

Quando a onda de calor é mais comum?

 

As ondas de calor são comuns todos os anos na transição entre a primavera e o verão.

O meteorologista Giovanni Dolif, do Centro Nacional de Desastres Naturais (Cemaden), explica que, nessa época, a Terra já está mais exposta ao Sol com a proximidade do verão.

E as temperaturas altas ocorrem porque é uma temporada sem chuva e, com isso, menos nuvens para impedir a passagem de tanto calor.

No caso da ocorrência desse fenômeno no verão, o El Niño é um dos fatores que contribui para as altas temperaturas. Isso porque ele é responsável por deixar a atmosfera mais quente e potencializar as altas temperaturas.

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Ondas de calor estão mais frequentes

 

Além de ondas de calor mais intensas, o país tem registrado esse fenômeno com mais frequência. Em apenas três meses em 2024, o Brasil já teve três ondas de calor.

O meteorologista do Climatempo Fábio Luengo explica que o aumento da temperatura global faz com que haja mais sequências de dias com os termômetros acima da média – condição da onda de calor – um resultado direto das mudanças climáticas.

“O aquecimento global mexe com tudo e bagunça qualquer tipo de evento. Estamos tendo eventos mais extremos e mais frequentes”, explica Luengo.
 

Os dados mostram que, década após década, aumentou o total de dias do ano sob efeito de ondas de calor. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), até os anos 1990, eram sete dias em média. Os dados mais recentes indicam mais de 50 dias de calor atípico em média por ano.

  • De 1961 a 1990: 7 dias
  • 1991 e 2000: 20 dias
  • De 2001 a 2010: 40 dias
  • 2011 e 2020: 52 dias
 

Os números mostram que houve aumento das ondas de calor ao longo dos períodos analisados, em praticamente todo o Brasil, com exceção da região Sul, uma parte do sul do estado de São Paulo e o sul do Mato Grosso do Sul.

*G1