Domingo, 24 de novembro de 2024
Domingo, 24 de novembro de 2024
Os pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, revelaram uma descoberta surpreendente para lutar contra o avanço do câncer.
Esse projeto tem potencial para fundamentar novas abordagens terapêuticas contra a maioria dos cânceres. Trata-se de uma molécula que se acopla às proteínas MYC, restringindo a progressão da doença.
De acordo com Min Xue, professor associado de química na UCR, as proteínas MYC, que assumem formas irregulares, estimulam o rápido crescimento das células cancerígenas.
Xue explica que, em condições normais, a atividade do MYC é rigidamente controlada, mas nas células cancerígenas, torna-se hiperativa e não é devidamente regulada.
O professor compara a ação da proteína à de um esteroide, sendo responsável pelo avanço de 75% de todos os tipos de câncer.
Assim, o objetivo inicial dos cientistas era moderar a hiperatividade do MYC, a fim de controlá-lo na próxima fase da pesquisa. No entanto, isso se revelou um desafio significativo, já que, ao contrário de outras proteínas, o MYC não possui uma estrutura definida.
Conforme destacado pelo pesquisador, o MYC é essencialmente uma entidade imprevisível, uma “bola de aleatoriedade”. Os métodos convencionais de descoberta de medicamentos dependem de estruturas bem definidas, o que não é aplicável ao MYC.
Avanço
No entanto, o grupo de pesquisadores liderado por Xue identificou um composto peptídico capaz de se vincular ao MYC, suprimindo sua atividade e conferindo-lhe maior estrutura.
Os especialistas explicam que os peptídeos têm a capacidade de assumir diversas formas, configurações e posições. Dessa forma, após sua dobra e conexão para formar anéis, eles ficam limitados a essas formas específicas, resultando em um baixo nível de aleatoriedade.
Para os cientistas, esse comportamento facilita a ligação com outros elementos, um dos passos mais importantes para impedir o avanço do câncer.
Uma vez que o peptídeo penetra na célula, ele se une ao MYC, modificando suas propriedades físicas e o impedindo de desempenhar atividades de transcrição. Com isso, abre caminho para o desenvolvimento de novos medicamentos e tratamentos.
Os autores do estudo apontam que o MYC é, essencialmente, caótico devido à sua falta de estrutura. Isso, aliado ao seu impacto direto em diversos tipos de câncer, torna-o um dos objetivos mais desejados no desenvolvimento de fármacos contra o câncer.
Por conta dessa característica, a equipe está entusiasmada com as possibilidades ao alcance.
Medicamentos melhores
Após constatar o sucesso desse primeiro passo contra o avanço do câncer, a equipe irá se dedicar às próximas etapas da pesquisa.
Em fases posteriores, os cientistas têm como objetivo aprimorar estratégias para incorporar a molécula recém-descoberta em nanocápsulas. Esse processo viabilizará a liberação direta do medicamento nas células cancerígenas.
A intenção é alcançar uma alternativa menos dolorosa e mais eficiente para combater o avanço do câncer em diversos estágios e regiões.
Atualmente, a quimioterapia é uma das abordagens amplamente empregadas para tratar diversos tipos dessa doença. Ela consiste na aplicação de radiação e outros químicos fortes para atacar diretamente a raiz da doença.
Contudo, apesar de sua eficácia, essa estratégia pode acarretar efeitos colaterais devido ao impacto do medicamento nas células saudáveis do organismo.
Por isso, a comunidade científica concentra esforços na busca por agentes quimioterápicos mais eficazes e seletivos. Dessa forma, podem encontrar substâncias que sejam mais potentes contra as células tumorais e menos tóxicas para as células saudáveis do organismo.
No futuro, isso aumentará as perspectivas de cura para o paciente, sem comprometer seu sistema ou suas células mais saudáveis. Além disso, fármacos possuem melhor manipulação, diminuindo os custos com equipamentos ou funcionários.
*Jornal GGN