Domingo, 24 de novembro de 2024
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Jon Fosse, autor norueguês, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura 2023. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (5), pela Academia Sueca, em Estocolmo.
Segundo a Academia, o prêmio foi concedido "por suas peças e prosa inovadoras que dão voz ao indizível".
Ganhador do Nobel de Literatura — Foto: Reprodução/Twitter
Com o anúncio, Fosse declarou estar "arrebatado e um pouco assustado", em um comunicado. "Vejo isto como um prêmio à literatura que, acima de tudo, pretende ser literatura, sem outras considerações."
Nascido em 1959, em Strandebarm, na costa oeste da Noruega, seu primeiro conto, "Han", foi publicado em um jornal estudantil em 1981. Dois anos mais tarde, Fosse fez sua estreia com o romance "Raudt, svart" ("Vermelho, preto", sem publicação no Brasil). Já chamado de "Samuel Beckett norueguês do século XXI", sua obra inclui ficção, poesia, ensaios, mais de 40 peças teatrais e títulos infantis.
"Jon Fosse tem muito em comum com seu grande precursor na literatura norueguesa de Nynorsk, Tarjei Vesaas. Fosse combina fortes laços locais, tanto linguísticos como geográficos, com técnicas artísticas modernistas", diz a Academia.
Em setembro, a Companhia das Letras publicou "É a Ales", que apresenta uma reflexão de amor e a perda a partir das memórias de Signe, uma mulher que espera seu marido, desaparecido depois de sair de barco em um fiorde.
No ano passado, a vencedora foi a francesa Annie Ernaux. Com mais de 20 livros publicados, a escritora é conhecida por romances autobiográficos e livros de memórias que tematiza experiências de classes e gênero. A escritora recebeu o prêmio pela "coragem e acuidade clínica com que revela as raízes, estranhamentos e inibições coletivas da memória pessoal", afirmou a Academia.
Em 2021, o Nobel de Literatura foi entregue ao escritor tanzaniano Abdulrazak Gurnah, cujos romances exploram o impacto da migração em indivíduos e sociedades. Ele foi apenas o sexto premiado com raízes africanas – o Nobel foi frequentemente criticado por priorizar autores europeus e americanos, além de ter sido entregue a mais homens, com apenas 16 mulheres entre os 118 premiados.
Tanto o prêmio de 2021 quanto o de 2020, entregue à poeta americana Louise Glück, se seguiram a anos de controvérsia e escândalos envolvendo o Nobel de Literatura.
Em 2018, a entrega foi adiada após alegações de um escândalo sexual no âmbito do movimento #MeToo terem abalado os 18 membros da Academia Sueca, que organiza o Nobel de literatura, causando êxodo de vários de seus membros.
A organização superou o período, mas voltou a ser criticada em 2019 por entregar o Nobel de Literatura ao romancista austríaco Peter Handke, envolvido em controvérsias por ter sido acusado de apologia a crimes de guerra na Sérvia.
A medalha do Prêmio Nobel — Foto: The Nobel Prize Foundation
Os vencedores dos Prêmios Nobel deste ano receberão 1 milhão de coroas extras, elevando a recompensa financeira total para 11 milhões de coroas suecas (na conversão direta atual, cerca de R$ 5,05 milhões), informou a Fundação Nobel, que administra os prêmios.
A láurea de medicina foi a primeira a ser anunciada nesta segunda-feira (2). O prêmio foi para Katalin Karikó e Drew Weissman, por pesquisas que permitiram criação de vacinas contra Covid.
Katalin Karikó e Drew Weissman venceram o prêmio Nobel de medicina — Foto: AP Foto/Eugene Hoshiko
O prêmio de Física, anunciado na terça-feira (3), foi para três cientistas com estudo que explora o mundo dos elétrons. Pierre Agostini, Ferenc Krausz e Anne L’Huillier realizaram experimentos que deram à humanidade novas ferramentas para explorar o mundo dos elétrons dentro dos átomos e moléculas.
Anne L'Huillier é a quinta mulher a ganhar o Nobel de física — Foto: Bertil Ericson/TT News Agency via AP
O prêmio foi concedido aos cientistas pela descoberta e pelo desenvolvimento de pontos quânticos, nanopartículas tão pequenas que o seu tamanho determina as suas propriedades. Esses menores componentes da nanotecnologia agora espalham sua luz a partir de televisores e lâmpadas LED, e também podem orientar os cirurgiões na remoção de tecido tumoral, entre muitas outras coisas.
A láurea foi criada pelo químico e empresário Alfred Nobel. Inventor da dinamite em 1867, o sueco doou a maior parte de sua fortuna em testamento para a criação de prêmios de física, química, medicina, literatura e paz (o prêmio de economia foi criado anos mais tarde).
Um busto do fundador do Prêmio Nobel, Alfred Nobel, em exibição durante cerimônia de entrega da láurea em 2018, em Estocolmo. — Foto: Henrik Montgomery/TT News Agency via AP, File
O documento dizia que os prêmios deveriam ser concedidos "àqueles que, durante o ano anterior, tenham conferido o maior benefício à humanidade".
Contudo, hoje em dia, conforme explica Juleen Zierath, membro do Instituto Karolinska - o júri do Nobel de Medicina-, essa regra não é mais tão levada à risca.
"Você pode ter feito essa descoberta em um estágio muito inicial de sua carreira de pesquisa, ou pode ter feito essa descoberta em um estágio muito avançado de sua carreira de pesquisador", ressalta a pesquisadora.
*G1