Domingo, 24 de novembro de 2024
Domingo, 24 de novembro de 2024
A equipe de Articulação e Mobilização Social do Ronda no Bairro registrou 99 ocorrências de surtos psicóticos nos primeiros seis meses deste ano. Os números confirmam uma tendência já observada pelos psicólogos e assistentes sociais do programa, ao realizar as buscas ativas ou serem acionados pelas guarnições operacionais nas ruas e espaços públicos das áreas delimitadas de atuação para atender, sobretudo, a população em vulnerabilidade social.
Os problemas de saúde mental estão lado a lado com os casos de acolhimento (107) de indivíduos que, em geral, sofrem com o vício em drogas ou álcool. Além das duas situações, o relatório do Ronda ainda aponta 421 ocorrências até junho. São encaminhamentos para pacientes com vício em álcool e outras drogas (61), UPAs/ Saúde (77), Cras/Creas (77).
Negação
Para a equipe social, o principal problema que tem elevado os casos de surtos é a negação da doença por parte dos familiares, o que faz com que o paciente acabe tendo várias crises e sua situação só piore. Com a proximidade do Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio, a psicóloga Alessandra Duarte chama a atenção para os cuidados e aceitação da doença por parte da família. “Em geral, a negação é o componente decisivo para que as pessoas com doença mental não recebam o tratamento adequado para o problema que possui”, destaca.
A profissional acrescenta que é tênue a linha entre o que se chama de normal e a patologia. Para que essa barreira não seja ultrapassada e a pessoa com algum tipo de doença mental não seja negligenciada clinicamente, é preciso não ignorar os primeiros sinais de um possível problema.
“É difícil determinar as causas, mas a genética pode contribuir para isso. Porém, o importante mesmo é que, assim que qualquer coisa fuja ao habitual no dia a dia de um familiar, deve-se logo procurar um profissional para que, a partir dali, passe a se investigar o que de fato está acontecendo. Negar não vai resolver o problema. Pelo contrário, só vai fazer com que ele se aprofunde e fique ainda mais grave”, afirmou a psicóloga.
Dever de casa
Preocupado também com a saúde mental de seus colaboradores, o Ronda no Bairro mantém plantão psicológico de segunda a sexta, das 7h às 17h, para que qualquer demanda possa ser atendida por um profissional.
“A vida, hoje em dia, é cada vez mais trabalhar, ter obrigações, para podermos garantir o que se precisa no dia a dia. Há um tempo, as mulheres, por exemplo, viviam em casa. Graças às conquistas, isso mudou, e ela passou a ser, além de mãe, presente em postos de liderança. A pressão sobre todos nós só aumenta. E não podemos negligenciar que esses aspectos afetam diretamente nossa saúde mental", ressalta Vanessa Castro, assistente social e coordenadora da Equipe Social do Ronda no Bairro.
Diante dessa realidade, cumprindo as diretrizes estabelecidas pela Secretaria de Estado da Prevenção à Violência (Seprev) e pelo Governo de Alagoas, a Superintendência do Ronda no Bairro vai intensificar a qualificação de seus agentes de proximidade, sobretudo, quanto à abordagem dos casos de crises psicóticas, uma vez que são as guarnições operacionais as primeiras a terem contato com as ocorrências, antes do acionamento da Equipe de Articulação e Mobilização Social.
*Agência Brasil