Sexta-Feira, 29 de novembro de 2024
Sexta-Feira, 29 de novembro de 2024
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega ao fim de 2023 – primeiro ano do seu terceiro mandato – com alguns erros e tropeços, muitos acertos e dados bastante positivos na economia brasileira.
O cenário bem melhor que o previsto no começo do ano não se reflete, porém, na aprovação do governo mensurada pelas pesquisas. Há dois motivos para isso: os efeitos positivos para a economia ainda não chegaram totalmente "na ponta", e a polarização política se mantém inabalada.
Os erros do primeiro ano do mandato atual foram registrados principalmente no campo em que Lula costuma se sair muito bem: a política externa.
Lula tropeçou nos comentários sobre a guerra da Rússia contra a Ucrânia, a ponto de ser criticado publicamente pelos Estados Unidos e por líderes da União Europeia.
Depois, errou também nas declarações sobre o conflito Israel e Hamas – mas teve tempo para corrigir o tom.
Já os principais acertos se concentraram na área social e na economia, os dois setores mais importantes para a população brasileira.
O governo Lula 3 recriou o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida; corrigiu os rumos do Ministério da Saúde, e retomou a política de reajuste real do salário mínimo, que passa para R$ 1.412 a partir desta segunda-feira (1º).
São medidas que devem, na avaliação do governo, ter reflexos positivos na vida dos brasileiros a partir de 2024, com a consolidação dos programas sociais.
Na economia, os dados são muito melhores do que os previstos quando Lula tomou posse em 1º de janeiro de 2023.
O ano começou pesado, com a tentativa de golpe por bolsonaristas radicais que depredaram os prédios dos Três Poderes em Brasília indicando que Lula teria mais desafios do que imaginava no comando do Palácio do Planalto pela terceira vez – o que se refletiu em números pessimistas das previsões no começo do governo.
Doze meses depois, o país fecha o ano com:
Além disso, a Bolsa fechou o ano batendo recordes e o dólar abaixo de R$ 5, em R$ 4,85.
Na avaliação da equipe de Lula, o encerramento de 2023 é um “grande presente de Natal” para o presidente da República.
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, destaca que o governo venceu os radicais que tentaram um golpe, reformulou a área social, pacificou a relação com o Congresso Nacional e fez a economia voltar a crescer, com desemprego em queda e juros também sendo reduzidos.
Os auxiliares de Lula reconhecem, no entanto, que todo esse cenário positivo não se refletiu na aprovação do governo Lula.
A avaliação de "ótimo" e "bom" ficou estável ou caiu um pouco, na casa dos 40%. Mas a avaliação negativa, de "ruim" e "péssimo", que começou o ano abaixo de 30%, encerra o ano perto ou acima de 30%.
Na prática, a avaliação é de que parte das pessoas que consideravam o governo "regular" pioraram essa avaliação, migrando para "ruim" ou "péssimo".
O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, avalia que a polarização se cristalizou neste ano de 2023, prejudicando a avaliação da imagem do presidente Lula.
Segundo ele, os números do governo estão bem melhores, mas uma parcela da população, por causa da polarização, se recusa a admitir isso publicamente, mesmo com a vida dela melhorando.
Foi por isso que Paulo Pimenta colocou no ar neste final de ano uma campanha buscando exatamente acabar com o clima de divisão no país – divulgando os dados positivos do governo em 2023 e exibindo peças publicitárias mostrando que pessoas de todos os grupos políticos podem conviver harmonicamente, mesmo tendo diferenças na política.
O ministro acredita que será possível começar a reduzir essa polarização a partir do segundo ano do governo Lula com a sequência na melhora dos indicadores econômicos e sociais do país.
“O ano que vem vai ser melhor, fizemos várias mudanças e reformas, que vão se refletir ainda mais na vida da população em 2024”, avalia o ministro.
Economistas apontam também essa demora para que os indicadores positivos da economia cheguem na ponta, melhorando a vida da população.
Segundo especialistas, o efeito começa a ser sentido aos poucos e tende realmente a melhorar a avaliação do governo Lula caso se consolide nos próximos meses.
*G1/Blog do Valdo Cruz