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Domingo, 24 de novembro de 2024

Política

Atos golpistas: o que a Abin rastreou sobre financiadores e novas tentativas de ataques

Atos golpistas: o que a Abin rastreou sobre financiadores e novas tentativas de ataques

(Imagem: Reuters)

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) compartilhou com a CPI dos Atos Golpistas, que investiga os ataques de 8 de janeiro, 11 relatórios de inteligência que descrevem as diversas frentes de organização da invasão dos prédios dos Três Poderes.

A TV Globo teve acesso à integra dos 11 documentos, entregues à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista em 21 de junho, que são um roteiro da tentativa de golpe.

Nos relatórios, o órgão rastreia os suspeitos de financiar e divulgar os atos, além de indicar como eles se organizaram por meio das redes sociais e o plano orquestrado de ataque a torres de energia e sistemas de controle.

Os relatórios são divididos da seguinte forma:

1. Empresários que contrataram ônibus fretados para transportar os golpistas

 

A Abin identificou 83 pessoas e 13 organizações que contrataram 103 ônibus fretados com objetivo de transportar para Brasília 3.875 pessoas, todas já identificadas. De acordo com o mapeamento feito pela agência, a grande maioria dos contratantes é da região Sul e Sudeste.

Apesar disso, "é provável que diversos contratantes tenham sido utilizados como 'laranjas' com objetivo de ocultar os verdadeiros financiadores das caravanas e dos manifestantes".

Entre os financiadores identificados está Pedro Luis Kurunczi, empresário do ramo de engenharia de Londrina (PR), que seria responsável por locar quatro ônibus que foram a Brasília transportando 153 pessoas.

Outro identificado foi Marcelo Panho, de Foz do Iguaçu (PR), que locou dois ônibus para transportar 73 pessoas. Ambos foram alvos da operação Lesa Pátria, da Polícia Federal, em fevereiro.

2. Envolvimento de empresários do garimpo no financiamento dos atos golpistas

 

A partir da análise de máquinas usadas no garimpo ilegal no Pará, foi rastreada uma rede de empresários que financiou manifestações contrárias ao resultado das eleições.

O relatório destaca que os empresários Roberto Katsuda e Enric Lauriano estão diretamente associados à prática do garimpo e possuem relação com políticos da região.

Segundo o documento, Lauriano financiou manifestações no Pará e em Brasília e esteve presente nos atos golpistas de 8 de janeiro.

A agência classifica Katsuda como "notório defensor de garimpos em áreas protegidas e visto como um dos maiores articuladores políticos" do tema.

Oito retroescavadeiras identificadas eram usadas em atividades ilegais dentro das Terras Indígenas Kayapó e Trincheira-Bacajá, no sudeste do Pará.

Três equipamentos apresentavam como última proprietária a empresa BMC Máquinas, Equipamentos Pesados, Engenharia e Locações, administrada por Felipe Sica Soares Cavalieri, com sede em Itatiaia (RJ). Outras quatro retroescavadeiras eram dessa empresa, mas foram revendidas.

A filial da BMC em Itaituba (PA) é administrada pela filha de Roberto Katsuda e é o principal ponto logístico para o garimpo na bacia do Rio Tapajós.

Katsuda "financia a estrutura do lobby garimpeiro do vereador Wescley Tomaz". Pelo documento, os dois fazem parte da comissão pró-garimpo junto com Fernando Brandão, dono de um escritório de advocacia, e Guilherme Aggens, engenheiro florestal da Geoconsult Pará.

Desde 2018, o grupo realizou diversas reuniões com parlamentares e ministros em Brasília, inclusive com a participação de Bolsonaro, para liberação do garimpo em Unidades de Conservação e Terras Indígenas.

Devido à influência desses empresários, foi proposto o projeto de lei (PL) 191/2020, que busca regulamentar o garimpo em terras indígenas.

*G1