Sábado, 30 de novembro de 2024
Sábado, 30 de novembro de 2024
A PGR (Procuradoria Geral da República) trabalha com a hipótese de que o deputado Carlos Jordy (PL-RJ), um dos principais alvos da 24ª fase da operação Lesa Pátria nesta 5ª feira (18.jan.2024), mantinha “forte ligação” com um dos organizadores do 8 de Janeiro ao pedir sua investigação ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Jordy, que é líder da Oposição na Câmara, nega o envolvimento e diz não ter relação nem ter incentivado a depredação dos prédios dos Três Poderes (leia mais abaixo nesta reportagem).
O requerimento da PGR (íntegra – PDF – 3,7 MB) cita trocas de mensagens de Jordy com Carlos Victor de Carvalho, vereador suplente da Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes (RJ) e funcionário público da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. CVC, como é conhecido, foi preso em janeiro de 2023 no âmbito da operação Ulysses por suspeita de financiar o transporte de extremistas para Brasília na véspera do 8 de Janeiro.
Na decisão que autorizou a operação desta 5ª feira (18.jan), o ministro do STF Alexandre de Moraes diz que CVC era uma “forte liderança nos grupos de extrema-direita” em Campos dos Goytacazes e coordenou os acampamentos que pediam uma intervenção para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em frente ao Exército no município do Rio. Eis a íntegra da decisão (PDF – 271 kB).
A linha investigativa da PF vê indícios de uma possível relação de comando entre Carlos Jordy e CVC com base em uma troca de mensagens em 1º de novembro de 2022, logo após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Nela, CVC chama Jordy de “meu líder” e pede instruções ao deputado, dizendo que tem o “poder de parar tudo”. Na mesma data, eram mobilizadas as primeiras paralisações em rodovias pelo país.
Leia a transcrição das mensagens trocadas em 1º de dezembro de 2022:
Outro ponto levantado é quanto ao contato telefônico entre o congressista e Carlos Victor em 17 de janeiro de 2023. À época, Carlos Victor era considerado foragido. Ele foi preso 2 dias depois, em 19 de janeiro. “Ao tomar conhecimento do destino do foragido, seu dever como agente público seria comunicar imediatamente à autoridade policial”, afirmou a PF.
Diante das provas apresentadas pela Polícia Federal à PGR, o ministro Alexandre de Moraes autorizou a busca e apreensão nos endereços ligados a Jordy no Rio de Janeiro e no gabinete do deputado na Câmara.
“Os responsáveis pelos desprezíveis ataques à democracia e às instituições republicanas serão responsabilizados, assim como os financiadores, instigadores e os anteriores e atuais agentes públicos coniventes e criminosos, que continuam na ilícita conduta da prática de atos antidemocráticos”, afirmou Moraes.
Declarou que “absolutamente todos” os envolvidos nos atos extremistas serão responsabilizados “civil, política e criminalmente”. Disse que “a democracia brasileira não será abalada, muito menos destruída, por criminosos terroristas”.
JORDY NEGA ENVOLVIMENTO
Jordy negou ter “qualquer relação” com o 8 de Janeiro em declaração feita a jornalistas na manhã desta 5ª feira (18.jan) antes de prestar depoimento na sede da PF (Polícia Federal) no Rio de Janeiro.
“Nunca incentivei e muito menos financiei. Não tenho relação alguma com o 8 de Janeiro. Não tenho relação alguma com ninguém dessas pessoas que foram para os quartéis-generais”, declarou Jordy.