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Sábado, 23 de novembro de 2024

Política

CCJ da Câmara analisa hoje PEC que põe fim ao aborto legal no Brasil

CCJ da Câmara analisa hoje PEC que põe fim ao aborto legal no Brasil

(Imagem: AFP )

A Comissão de Constituição, Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados deve começar a analisar nesta terça-feira (11) uma proposta de Emenda à Constituição (PEC) que, na prática, proíbe o aborto no Brasil, mesmo nas situações hoje autorizadas em lei.

Atualmente, o aborto é permitido em três casos no país:

  • anencefalia fetal, quando uma malformação do feto levando à ausência de cérebro, calota craniana e couro cabeludo, o que impede qualquer possibilidade de o bebê sobreviver, mesmo se chegar a nascer;
  • gravidez que resulta de estupro; e
  • risco de morte da gestante.
 

A PEC, apresentada em 2012 pelo então deputado Eduardo Cunha, acrescenta a expressão “desde a concepção” no dispositivo que trata dos direitos e garantias fundamentais dos cidadãos e prevê a “inviolabilidade do direito à vida”.

“A discussão acerca da inviolabilidade do direito à vida não pode excluir o momento do início da vida. A vida não se inicia com o nascimento e sim com a concepção”, justificou Cunha ao protocolar o texto.
 

Na avaliação de especialistas ouvidos pelo g1, a aprovação do texto resultaria na revogação do direito das mulheres ao aborto nas situações já previstas no Código Penal e na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF).

“[A PEC] acaba proibindo o aborto mesmo nos casos autorizados e mesmo em situações dramáticas, quando for para salvar a vida da mulher”, afirmou a professora da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília e ativista Débora Diniz.
 

Ela lembra que, independentemente da decisão tomada pelo Congresso, o tema será decidido pelo STF, onde já tramitam ações a respeito do aborto.

Descriminalização do aborto no Brasil

 

O aborto é crime no Brasil e a regra prevê que a mãe e os demais envolvidos no procedimento podem ser processados.

A ministra Rosa Weber era relatora do processo e registrou seu voto a favor da descriminalização. O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF, pediu destaque no julgamento e a votação foi suspensa.

Em fevereiro, Barroso disse em entrevista que o STF não julgará a ação neste momento. Para ele, não cabe neste momento ao Supremo decidir sobre uma prática que a maioria da população é contra e o Congresso também expressa esse sentimento.

Barroso diz que STF não julgará neste momento a ação que pode descriminalizar o aborto

Relatório e trâmite

 

A relatora e vice-presidente da comissão, deputada Chris Tonietto (PL-RJ), protocolou parecer favorável à admissibilidade do texto.

“Não se vislumbram, outrossim, quaisquer incompatibilidades entre a alteração que se pretende realizar e os demais princípios e regras fundamentais que alicerçam a Constituição vigente e nosso ordenamento jurídico”.
 

Após a leitura do parecer, os deputados governistas devem pedir vista – mais tempo para análise do projeto – o que adiará a votação para a próxima semana.

Se aprovada na comissão, a PEC ainda terá de ser analisada por uma comissão especial e só depois será pelo plenário. Cabe ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), decidir se pauta ou não a proposta. Para aprovar uma PEC na Câmara são necessários, pelo menos, 308 votos favoráveis.

*G1