Aguarde. Carregando informações.
MENU

Sexta-Feira, 29 de novembro de 2024

Política

CCJ da Câmara retoma análise de prisão de deputado suspeito de mandar matar Marielle

CCJ da Câmara retoma análise de prisão de deputado suspeito de mandar matar Marielle

(Imagem: Reprodução)

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados retoma nesta quarta-feira (9) a análise da prisão do deputado Chiquinho Brazão (Sem partido-RJ), suspeito de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ).

Chiquinho Brazão e Domingos Brazão, acusados de mandar matar Marielle Franco — Foto: Reprodução

Chiquinho Brazão e Domingos Brazão, acusados de mandar matar Marielle Franco — Foto: Reprodução

A Constituição e o regimento da Câmara estabelecem que a prisão de deputados seja analisada pela CCJ e pelo plenário da Casa.

Na primeira reunião dedicada ao assunto, os deputados Gilson Marques (Novo-SC), Fausto Pinato (PP-SP) e Roberto Duarte (Republicanos-AC) pediram mais tempo para analisar o caso.

Entenda como será a reunião:

  • A reunião tem 38 parlamentares inscritos para discursar. O número pode aumentar até o início da discussão.
  • Os membros da comissão podem falar por 15 minutos e os não membros, por 10 minutos. Em reunião nesta segunda-feira (8), os parlamentares tentaram, sem sucesso, chegar a um acordo para reduzir o tempo dos discursos. A reunião deve se alongar.
  • Uma possibilidade é os deputados analisarem um requerimento de encerramento de discussão após dez deputados falarem, mas ainda não há acordo sobre a aprovação.
 

Os parlamentares devem votar para manter a prisão do deputado Chiquinho Brazão na CCJ. No entanto, deputados de centro-direita devem usar suas manifestações para criticar a prisão que, segundo eles, não respeitou os procedimentos previstos na Constituição.

Plenário dividido

 

Para aprovar o relatório na comissão é preciso maioria simples - a maioria dos presentes na reunião. Depois de votado na CCJ, o parecer vai ao plenário, onde a situação será outra.

Deputados ouvidos pelo g1 disseram que, se há duas semanas havia segurança pela manutenção da prisão com ampla maioria, agora a votação está dividida. O colunista do g1 Gerson Camarotti apurou que há um crescente movimento pela derrubada da prisão.

Sem falar em placar, parlamentares disseram que haverá muita discussão sobre o caso. Um dos deputados disse que a votação “será uma loucura”.

O caso

 

Segundo a Polícia Federal, a morte de Marielle foi idealizada pelos irmãos e planejada pelo ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa. O motivo seria a disputa por regularização de áreas nas mãos de milícias.

Brazão é deputado federal desde 2019, quando foi eleito pelo partido Avante. Em 2023, foi reeleito pelo União Brasil.

O que diz a defesa

 

O advogado de Brazão, Cleber Lopes de Oliveira, contestou a prisão do deputado. Ele argumentou que não ficou comprovado o flagrante e que, por isso, o deputado não poderia estar preso, já que – segundo a Constituição – deputados só podem ser presos em "flagrante de crime inafiançável".

Chegada de Chiquinho Brazão a Brasília — Foto: Reprodução

Chegada de Chiquinho Brazão a Brasília — Foto: Reprodução

“A prisão preventiva é vedada pela Constituição Federal. Temos uma prisão preventiva contra a expressa disposição do texto Constitucional”, afirmou.

O defensor também questionou a competência do STF para determinar prisão e ela é é ilegal, devendo ser imediatamente relaxada.

“O crime foi praticado em 2018 e o deputado assume em 2019. Os supostos fatos reveladores de uma obstrução de justiça não têm nenhuma relação com o mandato, os fatos são anteriores ao mandato, de modo que há um vazio do ponto de vista da competência do STF”, disse o advogado.
 

O relatório

 

No parecer de oito páginas, o relator, deputado Darci de Matos (PSD-SC), afirmou que os indícios de crime são "eloquentes".

"A nosso ver, resta claramente configurado o estado de flagrância do crime apontado, seja por sua natureza de permanência, seja pelo fato de que os atos de obstrução continuavam a ser praticados ao longo do tempo", apontou Matos no relatório.

Deputado Darci de Matos (PSD-SC), relator da análise da prisão. — Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados

Deputado Darci de Matos (PSD-SC), relator da análise da prisão. — Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados

Darci de Matos afirmou ainda que considerou "correta e necessária" a decisão de prisão preventiva proferida pelo ministro Alexandre de Moraes.

"Ante o quadro acima exposto, considerando presentes os requisitos constitucionais do flagrante e da inafiançabilidade, além de estar adequadamente fundamentada, meu voto é pela preservação da eficácia da decisão proferida pelo ministro Alexandre de Moraes, referendada, à unanimidade, pela 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal", diz o relatório de Darci de Matos.

*G1