Domingo, 24 de novembro de 2024
Domingo, 24 de novembro de 2024
Desde que sofreu sucessivas derrotas no primeiro semestre no Congresso Nacional, principalmente na Câmara dos Deputados, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem buscado algumas medidas para melhorar a articulação política.
Entre essas medidas, estão mudanças em cargos de comando e de segundo escalão nos ministérios, para tentar incorporar partidos à base aliada.
Nesta segunda-feira (31), o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse à colunista do g1 Andréia Sadi que o governo Lula quer incluir PP e Republicanos na base nos próximos 10 dias.
A medida é necessária porque – pelos cálculos do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) – a atual base do Palácio do Planalto é de cerca de 130 deputados entre os 513 parlamentares.
Veja nesta reportagem oito perguntas e respostas sobre a relação do governo com o Congresso e por que Lula busca apoio de partidos do Centrão.
É possível dizer que a base do governo Lula é formada por sete partidos. São eles:
Se somadas todas as bancadas acima, o governo Lula conta com 128 deputados na base aliada.
Os projetos em tramitação na Câmara exigem números diferentes de votos para serem aprovados.
Por exemplo, são necessários:
Nessa conta, o governo precisa buscar o apoio de:
As duas bancadas somam atualmente 90 deputados em exercício. O PP conta com 49 deputados. Já o Republicanos tem 41.
Sim. O presidente do PP, por exemplo, senador Ciro Nogueira (PI), foi ministro da Casa Civil de Bolsonaro.
O Republicanos, por sua vez, abriga ex-ministros de Bolsonaro, como o atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e a senadora Damares Alves (DF), além do ex-vice-presidente da República Hamilton Mourão, atualmente senador pelo Rio Grande do Sul.
O termo Centrão é usado para identificar aqueles partidos que costumam apoiar os governantes do momento, independentemente do espectro político do qual fazem parte.
O PP, por exemplo, chegou a integrar a base de Dilma Rousseff, mas, depois, apoiou o impeachment da petista. A sigla também teve ministério no governo Bolsonaro e agora pode ter integrantes no governo Lula.
O Republicanos tem atuação semelhante. A legenda teve ministério nos governos Dilma, Michel Temer, Bolsonaro e, agora, pode indicar nomes ao presidente Lula.
O PSD é outro exemplo de partido do Centrão. Foi da base de Dilma, apoiou o impeachment, teve integrantes do governo Bolsonaro e já tem integrantes do governo Lula.
Ainda na campanha eleitoral, na condição de candidato a presidente, Lula já afirmava que, se eleito, não negociaria em bloco com o Centrão, mas conversaria com os partidos do grupo.
Lula também costumava pedir voto para seus aliados políticos que disputaram vagas na Câmara e no Senado, afirmando que teria de governar com o Congresso eleito pela população.
Em junho deste ano, ao discursar em um evento no ABC paulista, Lula afirmou que não conseguirá "recuperar o país" sozinho e que é importante que os apoiadores saibam qual é a correlação de forças no Congresso Nacional.
"É preciso que vocês saibam o esforço que é para governar. É importante que vocês saibam que não é só ganhar uma eleição. Você ganha uma eleição e, depois, você precisa passar o tempo inteiro conversando para ver se você consegue aprovar alguma coisa. [...] Você tem que conversar com quem não gosta da gente. Você tem que conversar com quem não votou na gente", disse o presidente na ocasião.
*G1