Aguarde. Carregando informações.
MENU

Sexta-Feira, 29 de novembro de 2024

Política

Congressistas defendem devolução de MP da reoneração da folha ou derrubada do texto em plenário

Congressistas defendem devolução de MP da reoneração da folha ou derrubada do texto em plenário

(Imagem: Lula Marques/Agência Brasil)

Congressistas ouvidos pelo R7 sugerem dois caminhos para a medida provisória editada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que propõe a reoneração gradual da folha de pagamento — a devolução da proposta ou a votação já na volta do recesso para derrubar o texto em plenário. A medida provisória foi publicada no Diário Oficial da União nesta sexta-feira (29) e começa a valer somente a partir de abril de 2024.

A reportagem verificou que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), não gostou do gesto feito pelo governo por duas razões. A primeira é que o Congresso Nacional acabou de derrubar os vetos assinados por Lula na lei da desoneração; a segunda, porque a proposta foi enviada como medida provisória e não projeto de lei.

O relator do texto no Senado, senador Efraim Filho (União Brasil-PB), afirmou ao R7 que a medida provisória "é muito ruim, um desastre e que se saiu pior do que se esperava", inclusive com a exclusão de setores beneficiados pela desoneração da folha de pagamento.

"O primeiro caminho seria o presidente Rodrigo Pacheco devolver [a medida], já que o governo tenta impor uma agenda por meio de MP, uma vez que não tem votos para sustentar em plenário. O segundo caminho será apressar a votação para derrubar, novamente, a medida provisória em plenário do Congresso a partir de fevereiro do ano que vem, quando começam os trabalhos do Legislativo", afirmou.

"Essa decisão, por ser MP, e não projeto de lei, exclui o debate todo, com os setores, com os sindicatos dos trabalhadores. O ministro vem falando que ia apresentar uma proposta, que ia conversar com os setores, mas em momento algum fez isso. Hoje, nas vésperas do final do ano, apresenta a MP, que causa grande instabilidade no processo. Estamos há mais de dez meses fazendo a discussão, nas duas Casas, e em momento algum o governo nos procurou para discutir uma solução alternativa. O governo foi omisso", afirmou ao R7 a deputada federal Any Ortiz (Cidadania-RS), relatora da medida na Câmara dos Deputados.

Entenda a MP

A desoneração beneficia os 17 setores que mais empregam, responsáveis por 9 milhões de vagas. Em vez de o empresário pagar 20% sobre a folha do funcionário, o tributo pode ser calculado com a aplicação de um percentual sobre a receita bruta da empresa, que varia, conforme o setor, de 1% a 4,5%.

Com a nova medida, agora, o imposto volta a incidir sobre a folha de pagamento, mas de forma parcial. O texto determina que o tributo será aplicado apenas sobre o salário mínimo. A remuneração que ultrapassar o salário mínimo vai pagar normalmente. Lula editou uma medida provisória que contém várias propostas para alcançar a meta do déficit zero e aumentar a arrecadação da União. O texto, que também é assinado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi publicado nesta sexta-feira no Diário Oficial da União (DOU).

As medidas foram anunciadas por Haddad nesta quinta-feira (28). São elas: limite para compensações tributárias, reoneração parcial da folha de pagamento e mudanças em programa voltado para a retomada do setor de eventos.

Confira o escalonamento feito pelo governo, em dois grupos, da reoneração da folha:

• O primeiro grupo engloba atividades como transporte, comunicação e tecnologia da informação, cuja tributação vai funcionar da seguinte forma: 10% em 2024, 12,5% em 2025, 15% em 2026 e 17,5% em 2027;

• O segundo grupo engloba atividades como engenharia civil, indústria têxtil e editorial, cuja tributação vai funcionar da seguinte forma: 15% em 2024, 16,25% em 2025, 17,5% em 2026 e 18,75% em 2027.

Questionado sobre as negociações em torno da medida provisória, Haddad respondeu na entrevista em que anunciou a edição da MP "que tudo vai depender de conversa". "As pessoas vão lá fazer pressão setorial, nós vamos explicar. Quem vai ganhar o debate eu não sei. O que eu tenho observado é muita sensibilidade aos argumentos que estão sendo apresentados pela Fazenda. Eu sou muito grato até aqui pela maneira como o Congresso está tratando os assuntos da Fazenda. Não tenho queixa", disse.

*R7