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Sábado, 30 de novembro de 2024

Política

Em apoio a Lira, líderes da Câmara cancelam reunião com Haddad e Padilha

Em apoio a Lira, líderes da Câmara cancelam reunião com Haddad e Padilha

(Imagem: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)

Lideranças da Câmara cancelaram uma reunião que ocorreria na tarde desta terça-feira (06)com os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

Parlamentares governistas citam as falas de Arthur Lira como justificativa para a desistência da agenda, que reuniria nomes próximos ao presidente da Casa. O encontro será remarcado para depois do carnaval. A reunião com líderes do Senado está mantida.

Ainda segundo lideranças da Câmara ouvidos pela CNN, a maioria deles se sentiu incomodada em participar do encontro sem a participação do presidente da Câmara, Arthur Lira. Parte dos parlamentares também está fora de Brasília, o que esvaziaria o quórum do encontro.

Ele não teria sido convidado para a reunião, segundo seus interlocutores. A avaliação no seu entorno é que Haddad e Padilha tentaram forçar um encontro sem ele em um momento em que a relação dele com o governo está desgastada.

A Fazenda confirmou à CNN que Lira não foi convidado e que a ideia da reunião era tratar da agenda apenas com os líderes.

Tanto que, como mostrou a CNN nesta segunda-feira (06), o presidente Lula disse a aliados não garantir um encontro nos próximos dias com o presidente da Câmara, Arthur Lira.

Segundo esses relatos, são dois os principais motivos. Primeiro, de agenda. Lula foi ao Rio de Janeiro e Baixada Fluminense nesta terça e quarta-feira para uma série de inaugurações. Na quinta estará em Belo Horizonte. Depois já se inicia o Carnaval e na terça-feira que vem, o presidente viaja para a Etiópia.

O segundo motivo é político. O presidente teria relatado a auxiliares incômodo com as cobranças que têm sido feitas nos bastidores por Lira ao ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

Lira e Padilha não se falam desde o ano passado depois que o governo federal tomou uma série de decisões contrárias ao Congresso, como o veto à Lei de Diretrizes Orçamentárias sobre cronograma de emendas e a mais de R$ 5 bilhões em emendas parlamentares.

Na visão do governo, são decisões que foram tomadas pelo Planalto, e que portanto, não cabe a Lira liderar um processo de fritura política de Padilha. O entendimento de interlocutores do presidente é que um dos motivos que têm incomodado Lira é a indefinição até agora do nome preferido do Planalto para a sucessão de Lira.

Todos os sinais dados por ora são de uma preferência por nomes como o de Marcos Pereira (Republicanos-SP) ou Antonio Brito (PSD-BA) e não por Elmar Nascimento (UB-BA), o candidato de Lira. Além disso, há a leitura de que o embate é pelo controle do orçamento federal. O Congresso avançou nos últimos anos sobre o orçamento federal e o governo Lula tem tentado retomar ao menos parte deste controle.

A reclamação de Lira – especificamente – sobre o controle do orçamento, quando assume que há “burocracia técnica” para liberação dos recursos públicos – foi interpretada pelo Executivo como uma mensagem extensiva à Fazenda.

Aliados do presidente Lula e Haddad acreditam que o ministro faz um movimento para proteger o Planalto e, consequentemente, um aceno de unidade à articulação política, sob o comando de Alexandre Padilha, alvo de boa parte dos ataques do presidente da Câmara.

O encontro desta terça seria para decidir, especialmente, sobre reoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia. A Fazenda ainda discute com o congresso uma alternativa à Medida Provisória enviada pelo governo em dezembro. Haddad sugere manter na MP apenas o fim do Perse – programa de socorro a empresas de eventos e hotelaria – e regras para pagamento de compensações tributárias. Um Projeto de Lei seria enviado apenas para tratar da reoneração.

O governo ainda discute uma saída para compensar o corte nas chamadas emendas de comissão, que escalou a crise entre os poderes. Segundo líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), a tendência é esperar o balanço bimestral de receitas para voltar a discutir o assunto.

*CNN