Segunda-Feira, 25 de novembro de 2024
Segunda-Feira, 25 de novembro de 2024
Um único áudio obtido pela Polícia Federal na investigação da venda ilegal de presentes oficiais recebidos pelo governo Jair Bolsonaro mostra o ex-ajudante de ordens Mauro Barbosa Cid tratando de três temas que comprometem os investigados:
Segundo o inquérito, a mensagem foi enviada por Mauro Cid ao assessor especial de Jair Bolsonaro Marcelo Câmara.
A PF deflagrou nesta sexta uma operação contra pessoas ligadas a Bolsonaro suspeitas de tentar e até mesmo vender presentes recebidos por integrantes do governo durante viagens oficiais.
De acordo com a PF, ao todo, foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão em Brasília (DF), São Paulo (SP) e Niterói (RJ).
A TV Globo e a GloboNews apuraram que são alvos da operação:
Os mandados foram autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do inquérito que apura a atuação de uma suposta milícia digital contra a democracia.
Segundo a PF, os crimes apurados na operação desta sexta-feira são lavagem de dinheiro e peculato (desvio de bem público).
Veja abaixo o que disse Mauro Cid sobre cada assunto:
No áudio, Mauro Cid afirma que o pai, o general Mauro Lourena Cid, estaria com 25 mil dólares – "possivelmente pertencentes a Jair Bolsonaro", segundo a PF.
Mauro Cid também indica, dizem os investigadores, medo de usar o sistema bancário para entregar o dinheiro ao ex-presidente da República. E uma preferência por fazer a entrega em dinheiro vivo, ou "em cash".
Marcelo Câmara responde, em mensagem de texto, sobre esse assunto. Diz: "Melhor trazer em cachê". Em seguida, manda uma outra mensagem: "Ok ciente".
Em seguida, Mauro Cid relata a Marcelo Câmara que não conseguiu vender, nos Estados Unidos, as esculturas douradas em formato de palmeira e de barco, recebidas por Bolsonaro no exercício da Presidência da República em visita ao Bahrein.
Mauro Cid diz que a operação não foi concluída porque as peças não são de ouro maciço – e que ainda tentava negociar com outro homem, não identificado.
Ainda no áudio, Mauro Cid compartilha com Marcelo Câmara informações sobre um "kit", contendo um relógio, que iria a leilão no dia 7 de fevereiro de 2023.
O ex-ajudante de ordens da Presidência da República não detalha o kit no áudio – mas a PF identificou que este era o kit de joias masculinas recebido por Jair Bolsonaro na Arábia Saudita, e que o Tribunal de Contas da União (TCU) ordenou que fosse devolvido ao governo meses depois.
*G1