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Sexta-Feira, 18 de outubro de 2024

Política

Em evento do G20, presidente Lula diz que fome resulta de 'escolhas políticas'

Em evento do G20, presidente Lula diz que fome resulta de 'escolhas políticas'

(Imagem: Reprodução/ Canal Gov)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou nesta quarta-feira (24) como "estarrecedores" dados divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONUsobre insegurança alimentar no mundo. Ele também disse que a fome é uma consequência de "escolhas políticas".

O petista participou de um evento do G20, no Rio de Janeiro, para estabelecimento de uma Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza.

Relatório da ONU afirma que, em todo o planeta, 733,4 milhões de pessoas passaram fome em 2023 por pelo menos um dia. O número corresponde a 1 em cada 11 habitantes mundo afora. No continente africano, a proporção mais que dobra: 1 em cada 5 cidadãos passou fome em 2023.

Considerando também a insegurança alimentar moderada – ou seja, a dificuldade em conseguir alimentos em quantidade e qualidade adequadas –, 2,33 bilhões de pessoas foram afetadas em todo o mundo.

"Os dados divulgados hoje pela FAO sobre o estado da insegurança alimentar no mundo são estarrecedores. A pobreza extrema aumentou pela primeira vez em décadas. O número de pessoas passando fome ao redor do planeta aumentou em mais de 152 milhões desde 2019. Isso significa que 9% da população mundial (733 milhões de pessoas) estão subnutridas", disse Lula.
 

"O problema é especialmente grave na África e na Ásia, mas ele também persiste em partes da América Latina. Mesmo nos países ricos, aumenta o apartheid nutricional, com a pobreza alimentar e a epidemia de obesidade", completou o petista.

Ao final da fala no G20, o presidente se emocionou ao afirmar que concentração de renda "simboliza miséria, prostituição, analfabetismo, empobrecimento e fome". E disse que os governantes devem olhar para pessoas que são invisibilizadas pela desigualdade social.

Brasil fora do Mapa da Fome até o fim de 2026, diz Lula

Durante pronunciamento, Lula também afirmou que o Brasil sairá do chamado "Mapa da Fome" até o fim do seu terceiro mandato, no final de 2026.

Segundo relatório da ONU, o Brasil continua no Mapa da Fome – de onde tinha saído em 2014, e para onde voltou em 2019.

No discurso, o petista ressaltou ainda que o mundo produz alimentos em quantidade suficiente para erradicar o problema.

"A fome não resulta apenas de fatores externos. Ela decorre, sobretudo, de escolhas políticas. Hoje o mundo produz alimentos mais do que suficiente para erradicá-la. O que falta é criar condições de acesso aos alimentos", disse o presidente.
 

Lula voltou a criticar gastos com armamentos e guerras no mundo. "Enquanto isso, os gastos com armamentos subiram 7% no último ano, chegando a 2,4 trilhões de dólares. Inverter essa lógica é um imperativo moral, de justiça social, mas também essencial para o desenvolvimento sustentável", acrescentou.

No discurso, o presidente brasileiro repetiu a defesa de mudanças nos organismos internacionais, a exemplo da ONU, e da forma como os países africanos pagam suas dívidas. O petista aborda esses temas em agendas no exterior.

Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza

 

Lula explicou que a aliança será gerida a partir de um secretariado que nas sedes da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) em Roma e em Brasília. O presidente declarou que metade dos custos serão cobertos pelo Brasil.

"Sua estrutura será pequena, eficiente e provisória, formada por pessoal especializado e funcionará até 2030, quando será desativada", disse.

Lula também afirmou que espera encontrar os representantes dos países do G20 e de organismos internacionais na cúpula do bloco que será realizada em novembro no Rio de Janeiro, quando será lançada oficialmente a Aliança Global com o anúncio dos membros fundadores.

Haddad defende ampliar taxação dos mais ricos

 
O ministro da Fazenda, Fernando Hadadd, durante evento do g20, no Rio de Janeiro — Foto: Reprodução/Canal Gov

O ministro da Fazenda, Fernando Hadadd, durante evento do g20, no Rio de Janeiro — Foto: Reprodução/Canal Gov

No evento, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou a defesa do projeto de ampliar a cobrança de impostos das pessoas mais ricas.

Para Haddad, taxar aqueles que ele chama de "super-ricos" é uma forma justa de captar recursos para combater à fome e à pobreza.

"A fome e a pobreza não são fatalidades ou produto de condições imutáveis. A comunidade internacional tem todas as condições para garantir a cada ser humano neste planeta uma existência digna. O que tem faltado é vontade política", disse Haddad.
 

O ministro explicou que a aliança pretende conectar fundos já existentes no mundo para garantir um trabalho mais efetivo e coordenado na área. Haddad ainda destacou que combater à desigualdade tem reflexos positivos na economia.

"Incluir o pobre no orçamento é um ótimo investimento em termos econômicos e sociais", afirmou o ministro.
 

No discurso, o presidente Lula também defendeu a taxação de grandes fortunas e destacou que a riqueza de bilionários passou de 4% do PIB mundial para quase 14% nas últimas décadas.

"Os super-ricos pagam proporcionalmente muito menos impostos do que a classe trabalhadora. Para corrigir essa anomalia, o Brasil tem insistido no tema da cooperação internacional para desenvolver padrões mínimos de tributação global fortalecendo iniciativas existentes e incluindo os bilionários", disse.

O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, citou que a pobreza extrema voltou a aumentar no mundo a partir de 2019 e não ainda retomou a trajetória de queda mesmo após o término da pandemia de Covid-19.

*G1