Quarta-Feira, 27 de novembro de 2024
Quarta-Feira, 27 de novembro de 2024
O partido Novo apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma ação que pede a suspensão da execução das emendas parlamentares de comissão que estão sob o comando do senador Marcelo Castro (MDB-PI), que é o presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) do Senado.
Castro é aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e foi o relator do Orçamento de 2023. Procurado pelo g1, senador não quis se manifestar sobre a ação do Novo.
Atualmente, há três tipos de emendas, que são indicações de recursos feitas pelos congressistas para seus redutos eleitorais:
As comissões são estruturas colegiadas que analisam projetos em tramitação no Congresso de diferentes áreas. Existem comissões na Câmara e no Senado.
A ideia da emenda de comissão é aumentar a eficiência do uso do dinheiro público por meio da atuação setorial dos parlamentares.
Após o STF declarar a inconstitucionalidade das emendas de relator – que ficaram conhecidas como Orçamento Secreto – deputados e senadores articularam o remanejamento dessas verbas para outros mecanismos.
Uma das alternativas encontradas foi turbinar o montante das emendas de comissão. Em 2022, por exemplo, o valor autorizado para essas emendas foi de R$ 329,4 milhões. Em 2023, chegou a R$ 6,9 bilhões.
Mecanismo das emendas de comissão no Congresso — Foto: Arte/ g1
O Novo questiona a transparência na indicação das emendas de comissão e a concentração dos recursos no colegiado comandado por Marcelo Castro.
Na prática, diz o partido, o senador do Piauí administra o dinheiro dessas emendas. E as verbas são alocadas sem que a sociedade saiba de fato quem são os responsáveis pelas indicações, como ocorria com as emendas do Orçamento Secreto.
Segundo dados do Orçamento Federal, dos R$ 6,9 bilhões autorizados para emendas de comissão neste ano, R$ 5,8 bilhões foram destinados à comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado.
Dos R$ 5,8 bilhões autorizados para a CDR, até o momento, R$ 3,4 bilhões foram reservados, mas somente R$ 1 milhão foi executado.
Na ação apresentada ao STF, o Novo alega que não existem critérios objetivos e específicos para orientar com clareza o uso do dinheiro e critica o que chama de “obscuridade com relação aos reais patrocinadores da indicação de recursos”.
“Assim, as emendas RP 8 [comissão] passam a replicar os vícios que macularam a RP9 [emendas de relator , a demonstrar que a prática do ‘orçamento secreto’ segue em funcionamento”, diz o documento. “Em outras palavras, o RP8, da forma como tendo sido utilizado em 2023, é o RP9 com outro nome”, completa o partido.
O Novo solicitou ao STF, entre outros pedidos:
O partido argumentou também que a distribuição dos recursos às comissões deve ser proporcional e que a aplicação dos recursos deve seguir critérios técnicos, “que especifiquem a população beneficiada e o interesse nacional ou setorial subjacente”.
No início do ano, a distribuição desproporcional do dinheiro entre os colegiados provocou a reação de parlamentares.
O senador Paulo Paim (PT-RS), presidente da Comissão de Direitos Humanos, elaborou um relatório, aprovado pelo colegiado, em que criticou a "falta de critérios justos e democráticos" na distribuição de recursos.
Conforme dados do painel de emendas do Orçamento, as cinco comissões com o maior valor de emendas em 2023 são:
*G1