Sábado, 23 de novembro de 2024
Sábado, 23 de novembro de 2024
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) será ouvido nesta quarta-feira (12) pela Polícia Federal no inquérito que apura um suposto plano, denunciado pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES), para golpe de Estado.
O depoimento, marcado para esta tarde na sede da PF em Brasília, será o 4º prestado por Bolsonaro à corporação desde que deixou o Planalto.
A corporação investiga o envolvimento de Bolsonaro em uma trama anunciada pelo senador, em fevereiro deste ano.
Do Val acusou o ex-presidente e o ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) de organizarem uma reunião, quando Jair Bolsonaro ainda era presidente, para propor ao senador a participação em um plano para golpe de Estado.
À época, o parlamentar disse ter participado de encontro com Bolsonaro e Silveira.
Marcos do Val afirmou que esperava tratar somente de acampamentos com intenções golpistas mobilizados em apoio ao então presidente.
Segundo o senador, foi discutida, porém, a sua participação em um plano que envolvia a tentativa de gravar uma conversa com Moraes a fim de obter provas que pudessem levar à anulação do resultado das eleições presidenciais de 2022.
Desde fevereiro, Do Val apresentou diversas versões a respeito do encontro.
Em um primeiro momento, ele indicou que Bolsonaro havia colocado o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) à disposição para a entrega de escutas. Pouco tempo depois, ele atribuiu a fala a Daniel Silveira.
O senador também disse que Jair Bolsonaro indicou concordar com a ideia. Em outro momento, retirou a informação. “Bolsonaro [só] ouviu tudo e ficou calado”, afirmou, acrescentando, porém, que ele não rejeitou as ideias de Silveira.
Ao ser ouvido pela PF no inquérito, em fevereiro, Marcos do Val declarou, porém, que o ex-presidente não teria mostrado contrariedade ao plano golpista.
À GloboNews em junho, o senador afirmou que apresentou somente uma versão sobre o encontro. Ele disse que a versão dada à PF é "verdadeira e com detalhes".
A declaração ocorreu horas após ele ter sido alvo de uma operação da Polícia Federal, que investiga obstrução de investigações sobre os atos golpistas do 8 de janeiro. Endereços ligados ao senador foram alvo de busca e apreensão em Brasília e no Espírito Santo.
Na entrevista, o parlamentar argumentou ainda que utilizou uma "estratégia de persuasão" nas versões apresentadas à imprensa na época.
Desde que deixou o Planalto, Jair Bolsonaro já prestou depoimento à PF em, pelo menos, três ocasiões:
▶️ Joias sauditas
Em depoimento à PF, Bolsonaro diz que conversou pessoalmente com o então diretor da Receita sobre joias apreendidas
O ex-presidente foi ouvido no inquérito que apura a tentativa de liberação de joias doadas pelo regime saudita, avaliadas em R$ 5 milhões. O material entrou irregularmente no país e foi apreendido. No fim do mandato, uma equipe da presidência tentou reavê-lo junto à Receita, sem sucesso.
No depoimento, Bolsonaro alegou que ficou sabendo das joias sauditas um ano depois, mas não se lembra de quem o avisou.
▶️ Incitação aos atos golpistas
Bolsonaro também prestou depoimento no inquérito que apura os atos golpistas de 8 de janeiro. Ele é suspeito de ter incitado os ataques.
Aos policiais, o ex-presidente disse que estava sob efeito de remédios quando publicou um vídeo com ataques infundados ao sistema eleitoral.
▶️ Fraude no certificado de vacinação
Bolsonaro foi ouvido no inquérito que apura fraude em cartões de vacina dele, da filha e de auxiliares.
O ex-presidente negou ter dado ordens para inserir dados falsos sobre vacina no sistema do Ministério da Saúde.
*G1