Aguarde. Carregando informações.
Política

Governo elogia proposta para taxar EUA de forma recíproca, mas mantém aposta no diálogo

Governo elogia proposta para taxar EUA de forma recíproca, mas mantém aposta no diálogo

(Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O governo brasileiro espera não ter de usar a Lei da Reciprocidade Comercial, recém-aprovada pelo Congresso Nacional, em eventual reação às novas taxas comerciais dos Estados Unidos, anunciadas pelo presidente Donald Trump na quarta (2). O vice-presidente Geraldo Alckmin, que tem liderado o diálogo com os norte-americanos sobre o assunto, elogiou o texto, mas ressaltou que a postura do Brasil deve permanecer na área diplomática. No entanto, Alckmin e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não descartam eventual resposta brasileira às tarifas de Trump.

O republicano impôs taxa de 10% para todos os produtos brasileiros importados pelos EUA. A aprovação do projeto da Lei da Reciprocidade Comercial na Câmara dos Deputados foi concluída na quarta, horas depois do anúncio do norte-americano. Como a análise no Senado tinha sido feita na terça (1º), a proposta agora aguarda sanção de Lula para entrar em vigor.

Nessa quinta, o petista afirmou que vai tomar “todas as medidas cabíveis para defender empresas e trabalhadores brasileiros” do tarifaço e citou a lei da reciprocidade. “Tendo como referência a lei da reciprocidade econômica, aprovada ontem pelo Congresso, e a diretriz da Organização Mundial do Comércio (OMC)”, destacou Lula em discurso. A OMC, da qual Brasil e EUA fazem parte, é um organismo multilateral responsável por regular o comércio entre os países integrantes.

O brasileiro afirmou, ainda, que a decisão de Trump é um “protecionismo que não cabe mais no mundo”. “[O Brasil é] Um país que fala de igual para igual e respeita todos os países, dos mais pobres aos mais ricos, mas que exige reciprocidade no tratamento. Defendemos o multilateralismo e o livre comércio, e responderemos a qualquer tentativa de impor protecionismo que não cabe mais hoje no mundo”, acrescentou.

De forma menos incisiva, Alckmin também não descarta eventual reação brasileira. O vice-presidente declarou que é dever do governo federal proteger a economia, embora tenha reforçado a aposta do Brasil em chegar a uma solução por meio do diálogo. Há uma reunião prevista para a próxima semana, entre técnicos brasileiros e norte-americanos.

“É uma boa legislação, necessária e importante, mas não pretendemos usá-la. O que queremos fazer é diálogo e negociação. Mesmo com o Brasil ficando com a menor tarifa, ela é ruim. Ninguém ganha numa guerra tarifária, perde o conjunto. Vamos ficar atentos a desvios de mercado, de comércio. Porque, com bloqueios em determinados países, pode desaguar no Brasil, prejudicando a indústria e o comércio local. É ficar atento, com critérios para qualquer alteração de comércio exterior”, afirmou o vice-presidente.

O que diz a Lei da Reciprocidade Comercial

O objetivo é proteger setores estratégicos da economia nacional, como o agronegócio e a indústria, de restrições que comprometam a competitividade no mercado internacional.

Apesar do contexto, a senadora Tereza Cristina (PP-MS), relatora no Senado, destacou que a proposta não tem como alvo específico os Estados Unidos nem qualquer outro país. “Não estamos promovendo retaliação, mas garantindo que o Brasil tenha instrumentos para se proteger quando for prejudicado”, afirmou.

O texto permite que a Camex (Câmara de Comércio Exterior) adote contramedidas contra países ou blocos econômicos que:

  • Desrespeitem acordos comerciais assinados pelo Brasil;
  • Imponham barreiras ambientais mais rígidas do que as exigidas no próprio Brasil;
  • Interfiram na soberania nacional em questões comerciais.

As respostas podem incluir restrições comerciais, suspensão de concessões, medidas sobre investimentos e até limitações a direitos de propriedade intelectual. Qualquer sanção imposta deve ser proporcional ao impacto econômico causado ao Brasil.

Além disso, o projeto determina que o governo brasileiro, por meio do Ministério das Relações Exteriores, realize negociações diplomáticas para tentar reduzir os efeitos das barreiras impostas. A Camex será responsável por monitorar constantemente os impactos dessas contramedidas e o andamento das negociações.

*R7

Close