Quarta-Feira, 27 de novembro de 2024
Quarta-Feira, 27 de novembro de 2024
Desde o início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 10 dos 25 territórios listados pelo Ministério dos Povos Indígenas foram demarcados. O R7 teve acesso à lista produzida pela pasta chefiada por Sonia Guajajara, obtida via Lei de Acesso à Informação. O catálogo foi encaminhado para o Ministério da Justiça e Segurança Pública, um dos responsáveis pelo processo de demarcação.
Na lista constam as seguintes terras: TI Pindoty - Araça-Mirim, TI Sambaqui, TI Djaiko-aty, TI Sawré Muybu, TI Amba Porã, TI Ka’aguy Mirim, TI Barra Velha do Monte Pascoal, TI Ypoi Triunfo, TI Cobra Grande, TI Wassú-Cocal, TI Xakriabá, TI Tupinambá de Olivença, TI Kanela Memortumré, TI Tumbalalá, TI Peguaoty, TI Pontal dos Apiacas e Isolados, TI Boa Vista do Sertão do Promirim, TI Votouro/Kandóia, TI Tapy’i/Rio Branquinho, TI Menkü, TI Paukalirajausu, TI Tupinambá de Belmonte, TI Jauary e TI Guaviraty.
De acordo com Guajajara, existem quatro áreas indígenas pendentes e podem ser demarcadas neste ano. “O presidente Lula disse que vai fazer um diálogo com esses governadores [que chefiam os estados onde estão essas terras indígenas] para que a assinatura não provoque outros conflitos e, de fato, garanta a entrega”, disse a ministra. Os quatro territórios indígenas a ser demarcados são Morro dos Cavalos (SC), Toldo Imbu (SC), Xucuri-Kariri (AL) e Potiguara de Monte-Mor (PA).
Promessa de Lula
Lula afirmou que quer terminar o mandato, em 2026, com todas as terras indígenas do país demarcadas. “É um compromisso que eu tenho. O que nós queremos é terminar o mandato e os indígenas brasileiros estarem sendo respeitados e tratados com toda a dignidade que todo ser humano merece neste país”, disse o presidente.
Até o momento, o governo demarcou a Aldeia Velha (BA), Acapuri de Cima (AM), Arara do Rio Amônia (AC), Avá-Canoeiro (GO), Cacique Fontoura (MT), Kariri-Xocó (AL), Rio dos Índios (RS), Rio Gregório (AC), Tremembé da Barra do Mundaú (CE) e Uneiuxi (AM).
“O governo federal reafirma o compromisso de demarcar o maior número de terras indígenas até o fim desta gestão e garante que todas as pastas envolvidas no procedimento demarcatório estão orientadas a trabalharem em prol desta meta”, afirmou o Palácio do Planalto em nota. Procurado, o Ministério da Justiça e Segurança Pública não respondeu aos questionamentos.
Processo de demarcação
A Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) é responsável por elaborar estudos de identificação e de delimitação e realizar a demarcação física das terras indígenas e a regularização fundiária, além de monitorar e fiscalizar os territórios regularizados e ocupados pela população indígena.
O processo de demarcação, previsto na Constituição Federal de 1988, tem como objetivo garantir a autodeterminação, a autonomia e a proteção dos direitos dos povos indígenas. O texto determina que cabe aos indígenas a utilização exclusiva das riquezas do solo, rios e lagos existentes nas áreas ocupadas.
Veja abaixo como se dá o processo de demarcação:
1 - Estudos de identificação e delimitação, a cargo da Funai;
2 - Contraditório administrativo;
3 - Declaração dos limites, a cargo do Ministro da Justiça;
4 - Demarcação física, a cargo da Funai;
5 - Levantamento fundiário de avaliação de benfeitorias implementadas pelos ocupantes não-indígenas, a cargo da Funai, realizado em conjunto com o cadastro dos ocupantes não-indígenas, a cargo do Incra;
6 - Homologação da demarcação, a cargo da Presidência da República;
7 - Retirada de ocupantes não-indígenas, com pagamento pelas benfeitorias consideradas de boa-fé, a cargo da Funai, e reassentamento dos ocupantes não-indígenas que atendem ao perfil da reforma, a cargo do Incra;
8 - Registro das terras indígenas na Secretaria de Patrimônio da União, a cargo da Funai; e
9 - Interdição de áreas para a proteção de povos indígenas isolados, a cargo da Funai.
*R7