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Segunda-Feira, 25 de novembro de 2024

Política

Governo quer taxar offshore para isentar IR, mas Congresso resiste

Governo quer taxar offshore para isentar IR, mas Congresso resiste

(Imagem: Bruno Spada/Câmara dos Deputados )

Incorporada na medida provisória do reajuste do salário mínimo, a taxação de capital no exterior enfrenta resistência entre congressistas. Ainda não há acordo para a votação do texto, que só deve ser analisado na outra semana, conforme apurou o Poder360.

MP do salário mínimo perde validade em 27 de agosto, por isso, precisa ser votada na Câmara e no Senado antes disso. O relatório do deputado Merlong Solano (PT-PI) incluiu em 1 único parecer:

  • o reajuste do mínimo;
  • a política permanente de valorização do mínimo;
  • a ampliação da faixa de isenção do IRPF (Imposto de Renda Pessoa Física); e
  • a tributação de aplicações feitas no exterior.

Eis o documento (1 MB).

Em 1º de maio, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicou a MP 1.171, que tributa aplicações e trustes no exterior. A taxação de offshores, entretanto, é pouco popular entre os congressistas.

Deputados governistas, por sua vez, apostam na aprovação da proposta e que o texto ainda pode ser pautado nesta semana, se houver acordo. A avaliação é de que o Congresso não arcará com o custo político de deixar caducar o reajuste do salário mínimo e a atualização da tabela do IR.

MUDANÇAS NA MP

O relatório da MP do salário mínimo foi aprovado na 3ª feira (8.ago.2023), na comissão mista –formada por deputados e senadores–, e agora aguarda a votação no plenário da Câmara. Se aprovado, ainda precisará do aval do Senado.

Ao incorporar a MP sobre o Imposto de Renda, que deve perder validade, o deputado Merlong Solano fez algumas mudanças, como a inclusão de criptoativos no rol de aplicações financeiras no exterior sujeitas às novas regras de tributação. Também foi incluída a isenção de variação cambial sobre depósitos não remunerados.

Pelo relatório de Merlong, serão tributados a partir de 2024 os rendimentos, as aplicações, os bens e direitos objetos de truste no exterior, que é uma forma de administrar o patrimônio em países estrangeiros.

Os ganhos de até R$ 6.000 ficarão isentos. De R$ 6.000,01 até R$ 50.000, a alíquota será de 15%. Acima de R$ 50.000, o imposto cobrado pela receita será de 22,5%.

Se aprovada, a tributação passará a valer a partir de 2024 para residentes do Brasil com aplicações financeiras fora do país.

Em evento com investidores, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse na 5ª feira (10.ago) que o texto ainda não havia chegada à Casa, mas que soube de 17 alterações feitas pelo relator para equilibrar o texto.

Aparentemente, [o texto] teve 17 modificações ao texto original para que ele pudesse ter uma tranquilidade de tramitação ouvindo todos os setores que tenham influência, gerência e atuação nessas áreas”, disse Lira na ocasião.

CORRIDA CONTRA O TEMPO

O ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel afirma que o governo tem de indicar uma fonte compensatória para mudar a faixa de isenção da tabela do IRPF. “Precisa ter uma lei que diga qual será o tipo de corte de despesa ou aumento de receita que compense, não necessariamente por isso [em referência à taxação das offshores], declara.

Entendimento semelhante tem Leonardo Roesler, advogado especialista em direito tributário e empresarial. “Segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal, sempre que houver uma redução de receita ou aumento de despesa, é necessário apontar a fonte de compensação. Isso é fundamental para garantir o equilíbrio fiscal, a sustentabilidade da dívida pública e a manutenção da saúde financeira do Estado”, diz. 

A taxação de capital no exterior é uma proposta do governo para ampliar a receita com as pessoas que têm dinheiro em paraísos fiscais ao mesmo tempo que busca compensar parte da perda arrecadatória com o aumento da faixa de isenção do IR de R$ 1.903,98 para R$ 2.640, uma promessa eleitoral de Lula em 2022.

Essa tributação deve resultar em R$ 3,25 bilhões de arrecadação em 2023, próximo a R$ 3,59 bilhões em 2024 e de R$ 6,75 bilhões para o ano de 2025, segundo o Ministério da Fazenda.

O governo queria enviar ainda neste semestre a 2ª etapa da reforma relacionada aos impostos que incidem sobre a renda. O presidente da Câmara avalia que há um risco político em debater 2 assuntos ao mesmo tempo.

Para o Lira, é preciso concluir antes a discussão da reforma tributária sobre o consumo. O texto está atualmente no Senado. Mas, como deve sofrer modificações, deve voltar para a Câmara.

*Poder360