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Quarta-Feira, 16 de abril de 2025

Política

Governo vê com bons olhos Lira relatando projeto do IR, mas quer manter taxação aos mais ricos

Governo vê com bons olhos Lira relatando projeto do IR, mas quer manter taxação aos mais ricos

(Imagem: Mário Agra/Câmara dos Deputados)

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva acredita que a indicação do ex-presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP-AL) como relator do projeto de lei que amplia a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5.000 é uma “garantia de aprovação” da proposta. Em meio à pressão de parlamentares para mudar a forma de compensação da proposta, o Executivo não quer desistir de taxar os super-ricos para bancar a medida.

O anúncio de Lira como relator do texto em uma comissão especial sobre o tema foi feito nessa quinta-feira (3), pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Na ocasião, ele também informou que o deputado petista Rubens Pereira Jr. (MA) vai presidir o colegiado. A instalação da comissão está prevista para a próxima semana.

 

“[Recebemos] bem. [É] garantia de aprovação”, disse ao R7 o vice-líder do governo na Casa, deputado Alencar Santana (PT-SP).

Para o líder do PT na Casa, deputado federal Lindbergh Farias (RJ), a indicação de Lira foi “positiva”, pois demonstra a prioridade do tema.

“Ao colocar Lira como relator, e Rubens como presidente da comissão, sabemos que a proposta está sendo encarado como um projeto central por essa Casa. Vamos querer comprar esse debate na sociedade”, destacou Farias a jornalistas.

Em nota, Lira destacou que vai trabalhar de modo republicano e colaborativo, dialogando com os deputados, com o governo, com a sociedade e com representantes de segmentos econômicos.

“Queremos legar [deixar como herança] uma legislação justa ao país e aos contribuintes, sempre com base no compromisso de não aumentar a carga tributária, primando pela justiça fiscal e pelo equilíbrio das contas públicas”, destacou.

Ele ainda explicou que não tem ainda um cronograma de trabalho definido, pois vai estruturar as etapas “passo a passo”.

Forma de compensação

O governo tem expectativa de aprovar e sancionar o texto até o fim deste ano, pois a ideia é que a matéria passe a valer em 2026. No Congresso, porém, a proposta enfrenta resistência na compensação sugerida pelo governo federal: aumento de tributação para quem recebe acima de R$ 50 mil por mês.

A oposição alega que o governo não pode criar mais impostos, mas cortar gastos para compensar a isenção. Outros grupos de deputados consideram ajustar os valores enquadrados na cobrança. O PP, partido do qual Lira é filiado, apresentou uma compensação alternativa.

Entre as sugestões, está a ampliação da faixa da renda de quem vai ser cobrado de forma adicional. O valor passaria dos atuais R$ 50 mil mensais para R$ 150 mil. A ideia, segundo o partido, é preservar pequenos empresários e profissionais liberais. O texto foi entregue a Motta pelo presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI).

O governo concorda com a discussão sobre as formas de compensação, mas não abre mão da tributação dos mais ricos. “Vão ter alterações aqui. Vi a proposta do senador Ciro, e acho que é razoável toda a discussão”, disse Farias.

“É central manter, tanto a isenção, quanto a tributação dos mais ricos. Modulações podem surgir, é natural”, finalizou. Para Santana, “o ideal é manter cobrando de quem ganha muito e paga menos”.

Próximos passos

A instalação da comissão depende da indicação de líderes partidários para avançar na Câmara. A etapa é necessária para início das discussões no colegiado.

Em obstrução, o PL não deve travar a formação da comissão. Ao R7, o líder do partido, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), sustentou, no entanto, que só fará indicação para o colegiado quando houver maioria de nomes postos por outros partidos da Câmara.

Os maiores pontos de mudança devem estar ligados à forma de compensação do IR. O benefício tem uma estimativa de custo de R$ 25 bilhões, segundo cálculos indicados pelo Ministério da Fazenda.

Em março, o governo Lula apresentou a proposta de isentar do IR quem ganha até R$ 5.000 por mês. A medida deve beneficiar cerca de 10 milhões de pessoas, a partir de 1º de janeiro de 2026, caso seja aprovada pelos parlamentares. Atualmente, a faixa de isenção é de R$ 2.824.

*R7

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