Sexta-Feira, 22 de novembro de 2024
Sexta-Feira, 22 de novembro de 2024
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou nesta quinta-feira (15) "racionalidade" no agronegócio para que o acordo Mercosul-União Europeia possa avançar e ser concluído.
Lula deu a declaração durante entrevista para emissoras de rádio de Goiás, quando citou entraves, impostos principalmente pela França, para a conclusão do acordo comercial entre os blocos. A entrevista às emissoras goianas também foi transmitida no canal do presidente no YouTube.
"O parlamento francês disse que não vai votar o acordo Mercosul-União Europeia por causa da quantidade de veneno usado nos produtos agrícolas brasileiros. Então é importante a gente levar em conta que ser racional, cuidar da agricultura de boa qualidade, é uma necessidade competitiva do Brasil para a China e para a França, para os Estados Unidos e para a Alemanha", disse.
Na sequência, o petista afirmou que todo agricultor "inteligente" sabe o valor da preservação ambiental para as exportações brasileiras.
"O produtor rural, aquela pessoa séria, aquela pessoa que vive da produção e exportação, sabe que será prejudicial para seus negócios a gente extravasar em queimadas, entrar em terras que não podemos entrar, poluir rios que não pode poluir", disse Lula.
Todo agricultor inteligente e todo agricultor de bom senso sabe que a preservação ambiental é um valor a mais para os produtos que a gente está produzindo para exportar", completou o petista.
O acordo Mercosul-União Europeia é negociado desde 1999. Vinte anos depois do início das conversas, em 2019, os blocos finalizaram as negociações comerciais e, um ano depois, os chamados aspectos políticos e de cooperação. Desde então, o acordo está em fase de revisão, para ser feita a assinatura.
A política ambiental da gestão Jair Bolsonaro (PL), que resultou na alta do desmatamento, dificultou a negociação. O presidente Lula já teceu críticas às revisões que estão sendo feitas pela parte europeia.
Lula também afirmou que o Produto Interno Brasileiro (PIB) vai crescer mais de 2% ou 2,5% em 2023.
A afirmação sobre o crescimento da economia foi dada após questionamento sobre recentes resultados positivos na economia. A projeção do presidente, no entanto, é mais otimista do que a feita por analistas do mercado, que preveem uma alta do PIB de 1,68%.
"Nós vamos crescer acima de 2%, 2,5%. E, se acontecer o que eu estou pensando, a gente pode crescer até um pouco mais", disse Lula na entrevista.
Nesta quarta-feira, a agência de classificação de risco S&P Global Ratings alterou a perspectiva de rating (nota de crédito) do Brasil de estável para positiva. A classificação positiva para o país não acontecia desde 2019.
No primeiro trimestre deste ano, o PIB cresceu 1,9%, puxado pelo agronegócio, e superou as expectativas. O dólar está em baixa e o mercado de ações do Brasil vem registrando altas.
Na entrevista, Lula também afirmou que nesta sexta-feira (16) visitará a cidade de Rio Verde (GO) para inaugurar trecho da ferrovia Norte-Sul. Ele disse que viajará ao local acompanhado do ex-presidente José Sarney (MDB).
Ministra do Turismo, Daniela Carneiro, durante evento em Gramado, no Rio Grande do Sul, em 6 de junho — Foto: Ministério do Turismo
Além da conversa com as rádios, a agenda de Lula para esta quinta-feira também prevê uma reunião com os 37 ministros.
A audiência ocorre em meio à pressão de integrantes do União Brasil pela troca no comando do Ministério do Turismo. Nos bastidores, a legenda cobra a substituição da atual ministra Daniela Carneiro pelo deputado Celso Sabino (União Brasil-PA).
Na última terça-feira, Lula se reuniu com Daniela e com o marido dela, o prefeito de Belford Roxo (RJ), Waguinho (Republicanos).
Daniela participa da reunião ministerial desta quinta. Segundo a colunista do g1 Ana Flor, após a audiência de terça-feira, Lula decidiu deixar Daniela apresentar aos demais colegas de Esplanada as ações que vem desenvolvendo na pasta. Nos próximos dias, porém, o presidente deve efetuar a troca no Turismo.
Nesta quarta-feira (14), em entrevista, Waguinho disse que cabe a Lula, com quem tem uma "relação de amizade", decidir sobre a composição do governo e que não tem "mágoa", nem "rancor".
A pressão do União Brasil pela saída de Daniela se intensificou depois que a ministra se movimentou para deixar a legenda. O provável destino dela é o Republicanos, partido ao qual o marido se filiou.
Líderes do União Brasil já alertaram ao governo que, se a troca de Daniela por Sabino não ocorrer, a infidelidade do partido ao governo no Congresso vai aumentar.
*G1