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Segunda-Feira, 25 de novembro de 2024

Política

Lula diz que morte de menino na Cidade de Deus foi uma ‘irresponsabilidade’

Lula diz que morte de menino na Cidade de Deus foi uma ‘irresponsabilidade’

(Imagem: Reprodução/TV Globo)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou nesta quinta-feira (10) a morte do adolescente Thiago Menezes Flausinobaleado em uma operação da PM no fim de semana.

“Que nunca aconteça o que aconteceu com o menino de 16 anos [Thiago tinha 13], que foi assassinado por um policial despreparado ou irresponsável”, afirmou Lula.

Lula veio ao Rio para uma série de anúncios de investimentos em mobilidade urbana na cidade. Pela manhã, ele se reuniu com o prefeito Eduardo Paes no Estádio Ítalo Del Cima, em Campo Grande, na Zona Oeste.

Thiago Menezes Flausino — Foto: Reprodução/TV Globo

Thiago Menezes Flausino — Foto: Reprodução/TV Globo

Relembre o caso

 

O jovem foi baleado por volta da 0h40 de segunda-feira (7), na Estrada Marechal Miguel Salazar Mendes de Moraes, a via principal da comunidade.

As versões da família e da Polícia Militar sobre o fato são diferentes: enquanto os parentes dizem que o adolescente foi executado e que a cena do crime foi forjada, a PM chegou a dizer que ele atirou em agentes.

O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), e o Ministério Público também abriu uma investigação sobre a morte de Thiago.

Lula em evento no Rio de Janeiro — Foto: Reprodução/TV Globo

Lula em evento no Rio de Janeiro — Foto: Reprodução/TV Globo

‘Despreparo’

 

“A gente não pode culpar a polícia, mas a gente tem que dizer que um cidadão que atira num menino que já estava caído é um irresponsável e não estava preparado do ponto de vista psicológico para ser policial”, destacou o presidente.

“Nós precisamos criar condições de a polícia ser eficaz, de a polícia ser pronta para combater o crime. Mas, ao mesmo tempo, essa polícia tem que saber diferenciar o que é um bandido e que é o pobre que anda na rua”, continuou Lula.

O presidente destacou que a polícia “tem que estar bem formada” e que não está “jogando a culpa em nenhum governador”.

“O governo federal tem que assumir a responsabilidade de ajudar os governadores no combate à violência. Porque o crime organizado está tomando conta do país”, emendou.

Thiago Menezes Flausino — Foto: Reprodução

Thiago Menezes Flausino — Foto: Reprodução

O que diz a família

 

Familiares afirmam que o jovem foi executado pelos policiais e falaram em cena forjada pela PM.

“O Thiaguinho estava passeando de moto com um amigo, saindo da Cidade de Deus, que foi abordada já a tiro. Um tiro pegou na perna, o Thiaguinho caiu, aí a gente tem um trechinho da imagem, que vê o Thiago no chão, ainda vivo, e o policial acaba de executar ele”, descreveu Hamilton Bezerra Flausino.

“Não teve tiroteio, não teve tiroteio. Até porque o pessoal foi se chegando para fazer tipo uma manifestação ali. Nós, familiares, já estávamos ali, chegamos muito rápido. Então a gente ia comandando, gente, não precisa fazer negócio de queimar pneu. Não, não, não, está tranquilo, deixa que a gente vai resolver pacífico. E assim foi, mas eles forjaram um tiroteio, dando um tiro”, acrescentou.

Mãe de Thiago, Priscila Menezes disse que a família está muito abalada “com o fato de estarem acusando uma criança de 13 anos de ser envolvida com tráfico”.

“Ele não era nada. Ele era apenas um adolescente ceifado por essa necropolícia que a gente tem no nosso estado. Mais uma vítima que entra para a estatística.” 

Acusação de câmera adulterada

A família ainda acusa a Polícia Militar de ter adulterado o registro de uma câmera de segurança, com o objetivo de apagar a ação:

“Hoje em dia as câmeras têm internet, bluetooth. Eles conseguiram, com o celular, ter acesso e apagaram só a parte da execução, mas a gente tem um minuto antes e, após um minuto e um pouquinho, continua a imagem. Dá para ver ainda um pedaço do corpo do PM dando o último tiro para executar ele no chão”, detalhou.

Diferentes versões da PM

 

A PM, por sua vez, apresentou três versões, com alguns detalhes diferentes.

Primeira versão: 'criminoso ferido em confronto'

Nas redes sociais, a corporação primeiramente afirmou que “um criminoso ficou ferido ao entrar em confronto” com homens do Batalhão de Polícia de Choque (BPCHq) na esquina da Estrada Marechal Miguel Salazar com Rua Geremias.

Segunda versão: troca de tiros após queda de moto

No registro da ocorrência feito na DH, um dos PMs envolvidos afirma que pediu a parada de dois homens sem capacete que estavam em alta velocidade em uma moto, mas a ordem não foi obedecida. Por causa disso, uma perseguição começou. "O condutor perde e controle e ambos os ocupantes caem na via. Caídos, os opositores passam a efetuar diversos disparos contra a guarnição policial, que reagiu". No documento, os policiais afirmam ainda que Thiago foi ferido fatalmente e que o motorista da moto conseguiu fugir.

Terceira versão: garupa de motociclista que trocou tiros

Posteriormente, já no início da tarde, o porta-voz da corporação foi mais comedido e disse apenas que o adolescente de 13 anos morto na CDD estava na garupa de uma moto de onde, segundo o relato de policiais da ocorrência, algum dos ocupantes trocou tiros com os PMs do Batalhão de Choque.

"Durante o início da operação, os policiais faziam os fechamentos das principais vias de acesso. Essa moto que foi em questão da ocorrência, fugia do cerco policial, efetivamente, os policiais determinaram por ordem de parada, a moto disparou. Segundo os policiais que estavam no local, [um dos ocupantes da moto] realizou disparos de arma de fogo na direção dos policiais e houve um confronto. A moto veio ao solo. O quem pilotava a moto efetivamente conseguiu fugir. E após o cerco e a abordagem inicial, identificou o adolescente, que estava ao solo já em óbito", disse o coronel Marco Andrade.

"Importante destacar que pode ser que o piloto estivesse no confronto. A investigação é que vai apontar efetivamente o que", observou.

"Importante colocar aqui que o local foi totalmente preservado. A Delegacia de Homicídios da capital acompanha o caso e realizou a perícia. E esperamos que com a perícia realizada, com imagens de segurança de câmeras de segurança que tem na região, podemos efetivamente elucidar esse caso, gerando maior transparência possível para que possamos fazer justiça", acrescentou.

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Armas e câmeras corporais

 

A Polícia Civil já apreendeu as armas dos dois policiais envolvidos na ocorrência. O batalhão dos agentes envolvidos na ocorrência, o Batalhão de Choque da PM, ainda não usa câmeras corporais. A polícia afirmou ainda que apreendeu uma arma de fogo com Thiago, uma pistola calibre 9mm.

O que diz a Polícia Civil

 

A Delegacia de Homicídios da Capital investiga o caso.

Em nota, a Polícia Civil afirmou que "as armas dos agentes envolvidos na ação foram apreendidas e a perícia foi realizada no local. Diligências estão em andamento para esclarecer o caso."

*G1