Segunda-Feira, 25 de novembro de 2024
Segunda-Feira, 25 de novembro de 2024
Interlocutores de Lula afirmaram ao blog nesta sexta-feira (6) que o presidente da República chamou a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, para confirmar a denúncia de que houve assédio ou importunação sexual por parte do ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida.
As denúncias contra Silvio Almeida foram publicadas em reportagem do Metrópoles. Segundo a publicação, uma das vítimas foi a ministra Anielle Franco. A ONG Me Too Brasil confirmou ter recebido as denúncias e informou que as vítimas pediram anonimato. Anielle não chegou a se pronunciar sobre o caso.
“Se ela confirmar, a situação dele no governo é insustentável”, diz um desses interlocutores de Lula.
Além de Anielle, Lula também quer ouvir Silvio Almeida, confirmou um aliado. O governo busca mais informações das outras denúncias relatadas na reportagem.
Mesmo sem a confirmação oficial, aliados de Lula afirmam que a situação do ministro é grave dentro do governo porque arrasta o desgaste para o colo do presidente Lula. Eles acreditam que o ideal seria Almeida se afastar até provar sua inocência. O ministro negou ter cometido assédio e publicou um vídeo em que diz que denúncias buscam atingir suas causas (veja abaixo).
Há uma preocupação por parte do Planalto de que o ministro “não saia passivamente” e “saia atirando”, nas palavras de um colega da Esplanada.
Um fato que reforça de que lado o governo está é a foto publicada pelo perfil da primeira-dama, Janja, beijando Anielle na testa.
Janja fez publicação com foto de Anielle após divulgação de denúncias. — Foto: Reprodução
Dois ministros ouvidos pelo blog afirmam que as histórias eram conhecidas nos bastidores desde o ano passado, mas que não houve denuncia na Controladoria-Geral da União (CGU), por exemplo. E que a denúncia teria de ser por importunação sexual, pois não há relação de hierarquia entre os dois ministros.
Dentro do governo, para além da investigação do caso, o governo vê como uma tragédia o episódio pelo simbolismo que carrega, envolvendo a figura de Silvio Almeida. E já espera a exploração do episódio pela oposição.
A Polícia Federal vai chamar para depor todos os citados na reportagem do Metrópoles sobre a existência de denúncias de assédio.
Entre os que devem ser ouvidos, estão o ministro Silvio Almeida, como denunciado, e a ministra Anielle Franco, na condição de possível vítima.
O blog apurou que, quando os primeiros boatos correram Brasília, foi levantada por assessores de Lula uma costura para que Silvio Almeida pedisse para sair e preservasse o governo.
A entrada da PF no caso foi confirmada nesta sexta-feira (6), pelo próprio diretor-geral da corporação, Andrei Passos Rodrigues, ao jornalista Nilson Klava, da Globonews.
"[Vamos iniciar a investigação] por iniciativa própria, ainda não recebemos representação", disse Passos ao Em Ponto.
O ministro Silvio Almeida publicou uma nota dizendo que repudia as denúncias e que nega os assédios.
"Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país", afirmou Sílvio Almeida.
Pouco depois de divulgar a nota, o ministro divulgou um vídeo em que repete os termos da nota e reforça que não cometeu assédio. Ele também ressaltou, no vídeo, que as denúncias visam atingir as causas que ele representa (veja abaixo).
Em nota, o Palácio do Planalto informou que a Comissão de Ética da Presidência da República decidiu abrir de ofício um procedimento de apuração sobre o caso.
Segundo o comunicado, o ministro foi chamado na noite desta quinta para "prestar esclarecimentos ao controlador-geral da União, Vinícius Carvalho, e ao advogado-geral da União, Jorge Messias, por conta das denúncias publicadas pela imprensa contra ele".
"O Governo Federal reconhece a gravidade das denúncias. O caso está sendo tratado com o rigor e a celeridade que situações que envolvem possíveis violências contra as mulheres exigem", afirmou o Planalto.
Silvio Almeida assumiu o Ministério dos Direitos Humanos em janeiro de 2023, no início do governo. Formado em Filosofia e Direito, doutor e pós-doutor pela Universidade de São Paulo, é uma das referências no país em questões raciais.