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Segunda-Feira, 25 de novembro de 2024

Política

'Mandei, qual o problema?': Bolsonaro admite envio de mensagem contra urnas

'Mandei, qual o problema?': Bolsonaro admite envio de mensagem contra urnas

(Imagem: Adriano Machado/Reuters)

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) admitiu ter pedido a um empresário para "repassar ao máximo" mensagem questionando as urnas eletrônicas.

"Eu mandei para o Meyer [Nigri, fundador da Tecnisa], qual o problema? O [ministro do Supremo Tribunal Federal e então presidente do Tribunal Superior Eleitoral Luís Roberto] Barroso tinha falado no exterior [sobre a derrota da proposta do voto impresso na Câmara, em 2021], eu sempre fui um defensor do voto impresso", disse Bolsonaro.

A declaração foi feita à Folha de S. Paulo durante um voo de Brasília a São Paulo nesta quarta. Bolsonaro viajou à capital paulista para realizar procedimentos médicos. Segundo o advogado Fábio Wajgarten, o ex-presidente foi internado no hospital Vila Nova Star para realizar exames de rotina.

A troca de mensagens entre Meyer e Bolsonaro foi revelada pelo blog da Daniela Lima. No texto atribuído ao ex-presidente, ele ordena que sejam disparadas fake news. Nigri então responde: "Já repassei para vários grupos!". Veja a transcrição da conversa mais abaixo.

Nigri é um dos oito empresários que foram alvos de mandados em razão de conversas em aplicativo de mensagens sobre um suposto golpe de Estado. Na segunda-feira (21), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) deu à Polícia Federal mais 60 dias para que sejam feitas diligências em relação a Nigri.

"A dilação de prazo solicitada pela Polícia Federal é justificada, uma vez que, em relação ao investigado Meyer Joseph Nigri há necessidade da continuidade das diligências, pois o relatório da Polícia Federal ratificou a existência de vínculo entre ele e o ex-presidente Jair Bolsonaro, inclusive com a finalidade de disseminação de várias notícias falsas e atentatórias à Democracia e ao Estado Democrático de Direito", justificou Moraes.

No mesmo dia, Moraes decidiu pelo arquivamento de investigação contra seis empresários, mas manteve aberto o de Nigri e de Luciano Hang, dono da Havan.

"[Sobre o segundo empresário], o relatório aponta a necessidade de extração e análise do material apreendido em seu celular, em razão da ausência do fornecimento das senhas pelo investigado. Consta, segundo informação policial, que a perícia técnica ainda trabalha no processo de identificação das referidas senhas", acrescentou o ministro.

Fake news disparada por Bolsonaro foi parar em página de golpistas

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Saiba mais

Investigação da PF

 

Na investigação sobre um grupo de empresários que discutiram, pelo WhatsApp, um golpe de estado, a Polícia Federal encontrou uma mensagem do contato "PR Bolsonaro 8" que ataca, sem provas, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Supremo Tribunal Federal (STF) e o instituto de pesquisa Datafolha.

A Polícia Federal convocou o ex-presidente para depor no dia 31 de agosto sobre o assunto. Esse será o quinto depoimento de Jair Bolsonaro em investigações abertas pela PF. Ele já teve que dar:

  1. Explicações sobre as joias doadas pelo governo saudita;
  2. Sobre os atos golpistas de 8 de janeiro;
  3. Sobre a suspeita de fraude de cartões de vacinação;
  4. Sobre o suposto plano de golpe denunciado pelo senador Marcos do Val.
 

Procurada pelo g1, a defesa de Meyer Nigri disse nesta quarta-feira (23) que ele jamais foi disseminador de notícias falsas; que apenas encaminhou mensagens de terceiros para fomentar o legítimo debate de ideias de forma eventual e particular; que Meyer Nigri sequer possui contas em redes sociais ou em qualquer outra plataforma de disseminação em massa; e que tem plena certeza de que ficará devidamente demostrado que não praticou crime algum.

PF intima Bolsonaro a depor no caso dos empresários que discutiram um golpe de Estado
PF intima Bolsonaro a depor no caso dos empresários que discutiram um golpe de Estado

Conversa no WhatsApp

 

Veja a transcrição da troca de mensagens entre Meyer e Bolsonaro que foi revelada pelo blog da Daniela Lima.

PR Bolsonaro 8: O ministro Barroso faz peregrinação no exterior sobre o atual processo eleitoral brasileiro, como sendo algo seguro e confiável. O pior, mente sobre o que se tentou aprovar em 2021: o voto impresso ao lado da urna eletrônica, quando se reuniu com lideranças partidárias e o voto impresso foi derrotado. Isso chama-se INTERFERÊNCIA. Todo esse desserviço à democracia dos 3 ministros do TSE/STF, faz somente aumentar a desconfiança de fraudes preparadas por ocasião das eleições. O DataFolha infla os números de Lula para dar respaldo do TSE por ocasião do anúncio do resultado eleitoral. REPASSE AO MÁXIMO.

Meyer Nigri: Já repassei para vários grupos

Meyer Nigri: Faz tempo que não nos falamos. Como vc tá?

Meyer Nigri: Abs de Veneza

Mensagem enviada — Foto: Petição 10.543 DF/Reprodução

Mensagem enviada — Foto: Petição 10.543 DF/Reprodução

Inquérito das joias

 

O ex-presidente também está envolvido em outro imbróglio, neste caso, sobre joias recebidas da Arábia Saudita. Em março, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal em Guarulhos começaram a investigar entrada ilegal de joias da pela comitiva do então ministro Bento Albuquerque.

E, em 11 de agosto, o Ministério Público Federal de São Paulo pediu à Justiça que o inquérito sobre as joias sauditas recebidas pelo governo Jair Bolsonaro passe a tramitar no Supremo Tribunal Federal (STF).

 

No pedido feito à Justiça, o MPF de SP afirmou que o caso sob investigação em Guarulhos tem conexão com fatos já em análise no Supremo Tribunal Federal. Não há prazo para a Justiça se manifestar sobre o pedido.

O STF analisa supostas joias recebidas por Bolsonaro que deveriam fazer parte do acervo da República e foram vendidas ilegalmente.

Na última quinta-feira (17), o ministro Alexandre de Moraes autorizou o pedido de cooperação internacional feito pela Polícia Federal para solicitar aos Estados Unidos a quebra de sigilo bancário das contas dos investigados.

O pedido de cooperação também prevê requerer ao FBI que investigue as joalherias e lojas onde foram vendidos kits e relógios dados de presente ao governo brasileiro (entenda o caso abaixo). O objetivo é identificar pessoas físicas que, via telefone ou meio eletrônico, transacionaram ilegalmente esses bens e onde foi parar o dinheiro obtido das vendas.

Cronologia da movimentação do Rolex desde o recebimento do presente, passando pela venda e recompra por aliados de Bolsonaro — Foto: Luisa Rivas e Kayan Albertin/Arte g1

Cronologia da movimentação do Rolex desde o recebimento do presente, passando pela venda e recompra por aliados de Bolsonaro — Foto: Luisa Rivas e Kayan Albertin/Arte g1

*G1