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Quinta-Feira, 28 de novembro de 2024

Política

Municípios e setores produtivos vão se unir contra veto, diz autor do projeto

Municípios e setores produtivos vão se unir contra veto, diz autor do projeto

(Imagem: Pedro França/Agência Senado)

Autor do projeto de lei que prorroga a desoneração da folha de pagamento das empresas até 2027, o senador Efraim Filho (União-PB) afirmou nesta sexta-feira (24) que confia na união dos setores produtivos e dos municípios para derrubar o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao texto.

desoneração vale para os 17 setores da economia que mais empregam no país, entre os quais indústria têxtil, calçados, comunicação, proteína animal e transporte rodoviário.

Cálculos do Congresso Nacional estimam que os setores abrangidos pela desoneração empregam 9 milhões de trabalhadores. Ainda de acordo com esses cálculos, a prorrogação da desoneração tem potencial de gerar mais 1,6 milhão de postos de trabalho.

Na manhã desta sexta, associações que representam setores da indústria e do comércio – e centrais sindicais que representam os trabalhadores dessas áreas – manifestaram surpresa e preocupação com a decisão.

As entidades apontam risco ao crescimento econômico, à geração de empregos e à agenda de industrialização do país e defendem que o veto de Lula seja derrubado pelo Congresso.

“Sobra o caminho de derrubar o veto. Infelizmente, é uma decisão política que o presidente Lula adotou. Sabia do risco, do desgaste que poderia enfrentar, já que foi uma matéria aprovada por sólida e ampla maioria, tanto na Câmara quanto no Senado. Desta forma, a derrubada do veto já começou a ser trabalhada”, afirmou Efraim nesta sexta.
 

“Já estão em curso as conversas, os diálogos. Os setores produtivos, os municípios também vão unir força também neste movimento. O maior desafio do Brasil hoje na é arrecadar mais, o maior desafio do Brasil hoje é gerar empregos, gerar oportunidades”, acrescentou o senador.
 

O texto foi aprovado na Câmara dos Deputados por 430 votos a 17 e, no Senado, em votação simbólica (quando não há contagem de votos porque há consenso majoritário de que a proposta deve ser aprovada).

Havia uma expectativa entre setores da economia que Lula sancionasse a proposta. Agora que o presidente vetou o texto, cabe ao Congresso decidir se mantém ou derruba o ato do presidente.

No Congresso, o entendimento foi que a medida ajuda a manter empregos e tem potencial de gerar novos postos de trabalho.

A desoneração permite às empresas substituir a contribuição previdenciária, de 20% sobre o salário dos empregos, por uma alíquota que varia de 1% a 4,5% sobre a receita bruta das empresas.

Em pronunciamento nesta sexta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que deve apresentar ainda neste ano um conjunto de medidas para equacionar os problemas enfrentados pelos setores que atualmente contam com a desoneração da folha de pagamento.

Haddad não quis antecipar o conteúdo das propostas e afirmou que ainda precisa debater com o presidente Lula. Segundo o ministro, o anúncio virá quando o Congresso terminar a votação do pacote econômico que já foi enviado – e que inclui a reforma tributária e a MP que restringe o impacto, nos cofres federais, de benefícios de ICMS concedidos pelos estados.

Assunto não é ‘governo versus oposição'

 

Dados do Caged, do Ministério do Trabalho, indicam que, de 2018 a 2022, os setores atendidos pela desoneração aumentaram em mais de 15% o número de empregados.

Ainda na entrevista à GloboNews, Efraim afirmou que, nesse contexto, o tema da desoneração não é de governo ou de oposição.

“É uma tema que no Senado foi a unanimidade, nem votação nominal teve. Na Câmara, que teve votação nominal, as lideranças de governo encaminharam a favor da matéria. Veja só, é só resgatar. […] O placar foi de mais de 400 [430] votos a 17. Então, este não pode ser classificado como um tema 'governo versus oposição'. É um jogo de ganha-ganha. O respaldo na sociedade é de ambos os lados. Quem empreende e quem trabalha apoia o projeto”, declarou.

Setores já se movimentam

 

Desde que o veto integral foi anunciado pelo governo nesta quinta (24), setores começaram a se posicionar em defesa da restauração do projeto – ou seja, da prorrogação da desoneração até 2027.

A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) afirmou em nota que o veto prejudica "a agenda de industrialização do país e o melhor programa social que existe, que é a geração de postos formais de trabalho”.

A Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) disse ver com "preocupação" o veto integral do texto.

"Entendemos que a desoneração da folha está diretamente atrelada à maior capacidade de investimentos e crescimento econômico, com repercussão para todos os setores produtivos, inclusive para aqueles que não se beneficiam diretamente da medida", defende a CNDL.

Em nota conjunta, três centrais sindicais também criticaram o veto e defenderam a prorrogação da medida – a Força Sindical, a União Geral dos Trabalhadores (UGT) e a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB).

"O veto coloca milhões de empregos em risco, estimula a precarização no mercado de trabalho e levará ao fim do ciclo, conduzido pelo Ministério do Trabalho, de redução do desemprego. O resultado será perda de arrecadação, insegurança e empregos de menor qualidade", escrevem as centrais.

"Desonerar a folha de pagamento é uma questão de sensibilidade social. A equipe econômica comete um equívoco ao jogar o ajuste fiscal no setor produtivo e no emprego formal, pois a conta será absorvida pelos trabalhadores seja com o desemprego ou com a informalidade. Esperamos que o Congresso Nacional restabeleça rapidamente a política para um ambiente de geração de emprego para os trabalhadores brasileiros neste fim de ano", continuam.

Já a Central Única dos Trabalhadores (CUT) divulgou nota dizendo que o veto é oportunidade para debater e "encontrar um melhor caminho na direção de um sistema tributário mais justo e progressivo, que beneficie a sociedade brasileira como um todo e não setores específicos".

*G1