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Segunda-Feira, 25 de novembro de 2024

Política

Quase 60 projetos de lei que tratam de doações de órgãos estão parados na Câmara

Quase 60 projetos de lei que tratam de doações de órgãos estão parados na Câmara

(Imagem: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)

A Câmara analisa atualmente 57 projetos de lei que tratam da doação de órgãos no Brasil. A maioria das propostas pretende deixar explícita a vontade de quem deseja doar órgãos. Apesar do volume de proposições, apenas um projeto, o PL 3643/2019, de autoria do Senado, está pronto para ir a plenário, mas sem data para entrar na pauta. Todas as 57 propostas têm como principal objetivo alterar a lei 9.434/1997, de remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento.

Consentimento presumido

O PL 3643/2019 determina que a família não poderá interferir na retirada de órgãos de uma pessoa com morte cerebral que tenha manifestado em vida a vontade de ser doadora. O projeto de lei torna explícito que o consentimento familiar só será exigido caso o potencial doador não tenha se manifestado em vida. A proposta foi recebida em 2019 pela Mesa Diretora da Câmara, mas só começou a ser analisada pelas comissões em janeiro de 2023.

Um dos projetos de lei apensados na proposta é de autoria do deputado Marangoni (União-SP) e trata do consentimento presumido. "Todo mundo já seria doador, um consentimento presumido de todos, a não ser àqueles que se manifestem ao contrário, como diversos países da Europa têm praticado, e isso reduziu muito as filas", defende Marangoni. O parlamentar afirmou ao R7 que vai articular a proposta com os deputados a partir da próxima semana, quando volta de viagem.

Dos 57 projetos, 40 tramitam em conjunto por terem temas em comum, como os PLs 1774/2023, 5368/2019 e 10733/2018. Ambos também sugerem tornar presumida a doação de órgãos. Os que não optarem pela doação terão que declarar o “não desejo” na identidade nacional.

Legislação

Atualmente, a lei exige autorização de cônjuge ou parente maior de idade, até o segundo grau, para a retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para transplantes ou outras finalidades terapêuticas. A vontade do doador, expressamente registrada, também pode ser aceita, caso haja decisão judicial.

Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em lista única, definida pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado e controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT).

Transplante de coração

Segundo o governo federal, no primeiro semestre deste ano foram realizados 206 transplantes de coração no país. O número representa um aumento de 16% na comparação com a primeira metade de 2022.

O SUS fez 11 transplantes de coração no país na última semana, a maioria no estado de São Paulo (sete). O domingo (27) começou com o apresentador Fausto Silva, conhecido como Faustão, recebendo o órgão em um hospital particular da capital paulista. Ele estava na fila de prioridades por causa do "estado muito grave", segundo o Ministério da Saúde, e "recebeu um coração após constatada a compatibilidade necessária para o procedimento".

Outros projetos de lei na Câmara que visam a melhorias na Lei dos Transplantes:

• PL 3852/2021 (José Guimarães - PT/CE): inclui a opção por doação de órgãos, tecidos e partes do corpo em caso de falecimento entre as informações constantes da Carteira Nacional de Habilitação (CNH);

 PL 6611/2019 (Comissão de Legislação Participativa): dispõe sobre a dispensa, em caso de doação de órgãos, ao pagamento de serviço funerário de taxas, emolumentos e tarifas devidas em razão da realização de funeral; e

• PL 2231/2021 (Coronel Armando - PL/SC): isenta os doadores de órgão ou tecido da taxa de inscrição em concurso público, prova (ensino) ou conselho de fiscalização profissional. Além disso, inclui a condição "Doador de órgão ou tecido" no critério de desempate em concurso público.

*R7