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Quinta-Feira, 30 de janeiro de 2025

Política

'Se depender de mim, não tem', diz Lula sobre novas medidas para cortar gastos

'Se depender de mim, não tem', diz Lula sobre novas medidas para cortar gastos

(Imagem: Ricardo Stuckert / Presidência da República)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que a economia brasileira registrou um déficit primário de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024 – próximo à meta fiscal de rombo zero prevista para o ano passado – e afirmou ter "muita responsabilidade" com as contas públicas.

O petista deu a declaração durante entrevista concedida a jornalistas que cobrem o dia a dia do Palácio do Planalto.

"O que aconteceu com déficit? 0,1% [do PIB] é zero. E vai ser assim. Tenho muita responsabilidade", afirmou Lula.
 

"A gente quer responsabilidade fiscal e menor déficit possível porque quer que esse país dê certo. Se fizer dívida, é para ativo novo que faça esse país melhor", acrescentou o petista.

O governo federal ainda não divulgou oficialmente o resultado fiscal de 2024, o que deve ser feito nas próximas semanas. Entretanto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, já afirmaram que a meta foi cumprida.

A meta da equipe econômica no ano passado era de déficit zero, equilibrando receitas e despesas. Mas o arcabouço fiscal fixa um intervalo de tolerância, que permite um rombo de até 0,25% do PIB.

Ainda sobre o tema de equilíbrio das contas públicas, o presidente afirmou que, se depender dele, não haverá uma nova medida fiscal.

"Não tem outra medida fiscal. Se se apresentar durante ano a necessidade de fazer, vamos reunir. Se depender de mim, não tem outra medida fiscal", enfatizou o presidente.
 

A declaração de Lula contrasta com afirmações dos demais integrantes da equipe econômica do governo.

Na semana passada, Rogério Ceron declarou que a equipe econômica já avalia novas medidas para atingir os objetivos para as contas públicas também neste ano de 2025.

Já Fernando Haddad, titular da Fazenda, afirmou em dezembro de 2024 que o processo de corte de gastos é um trabalho que "não se encerra" no governo.

Lula defende Haddad

Lula também saiu em defesa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmando que as pessoas que criticam a condução da economia do país deveriam pedir "desculpas" ao chefe da equipe econômica do governo.

"As pessoas deveriam pedir desculpa ao Haddad. Mas não pedem. Porque as pessoas que falam coisas erradas não têm humildade de falar erramos", concluiu Lula.
 

Haddad tem sido alvo de críticas de agentes do mercado financeiro e também de lideranças políticas.

Nesta quarta-feira (29), o presidente do PSDGilberto Kassab, afirmou que o ministro da Fazenda não consegue se impor no governo Lula e que ter um chefe da equipe econômica "fraco" é um indicativo ruim para um país.

Questionado, novamente, ao fim da entrevista sobre o déficit fiscal, Lula citou as enchentes no Rio Grande do Sul no primeiro semestre de 2024 e projetou resultados financeiros melhores para os próximos dois anos.

"Não existiu rombo fiscal. No governo passado, houve rombo fiscal de quase 2,6%. No nosso, não houve. Aliás, se não fosse [as enchentes no] Rio Grande do Sul, nós teríamos feito superávit", disse Lula.
 

"Eu já fui presidente da República e cheguei a fazer superávit de 4,25%. Agora, o que eu não posso é levar o povo mais humilde a um sacrifício para contemplar os interesses de menos gente. Não vou fazer, e o povo sabe que a estabilidade fiscal é benefício para ele", acrescentou.

Conversa com jornalistas

 

Lula conversou com jornalistas no Palácio do Planalto, em Brasília. A entrevista sem tema previamente anunciado marca uma mudança na estratégia de comunicação de Lula.

Na primeira metade do mandato, o presidente chegou a se reunir com jornalistas do Brasil e de outros países em "cafés" no Planalto, com outro tipo de organização e, em geral, uma pergunta por veículo de imprensa.

Há duas semanas, o publicitário Sidônio Palmeira assumiu a Secretaria de Comunicação Social do Planalto, substituindo o deputado Paulo Pimenta (PT-RS).