Domingo, 24 de novembro de 2024
Domingo, 24 de novembro de 2024
De um lado, defensores da proposta dizem, por exemplo, que seria uma forma de diminuir o chamado "fundão eleitoral" – que, em 2024, atingiu quase R$ 5 bilhões. De outro, críticos argumentam que a doação empresarial nunca virá sem interesses.
Um dos parlamentares que defende a discussão é o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP). Como informou ao jornal "Folha de S. Paulo" e confirmou a GloboNews, o senador levou o tema à reunião que tem às segundas-feiras no Palácio do Planalto com o presidente Lula e ministros e parlamentares responsáveis pela articulação política.
Segundo Randolfe, ainda não há um desenho de como seria a proposta, nem definição se a mudança viria por meio de um projeto de lei ou de uma proposta de emenda à Constituição (PEC).
Como o Supremo já declarou a inconstitucionalidade da medida, o senador acredita haverá necessidade de uma mudança constitucional, trazendo travas para os gastos com o fundo público e para o financiamento por empresas.
Líder do governo no Congresso, o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) defende a mudança nas regras. — Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
Reservadamente, parlamentares afirmam que, caso o senador Davi Alcolumbre (União-AP) se confirme na presidência do Senado, o debate poderia fluir com maior facilidade – já que o senador já disse publicamente muitas vezes ser a favor do financiamento privado.
O tema, no entanto, divide governo, parlamentares e presidentes de partidos. Mesmo entre os defensores, há quem diga que não há clima político para aprovar a mudança.
No governo, alguns ministros defendem a discussão do tema e mudanças no modelo atual. O maior problema, segundo eles, é a concentração dos recursos do fundo eleitoral na cúpula dos partidos – o que dificulta uma divisão mais democrática entre os candidatos. Alguns ministros, no entanto, preferem que o tema não seja visto como assunto de governo.
Outro parlamentar, também da base governista, defende a discussão e diz que "o fundo eleitoral é pouco democrático", já que a divisão dos recursos depende de escolhas do dirigente partidário.
Entre os presidentes de partidos, também há divergência. A presidente do PT e deputada federal, Gleisi Hoffman, usou o X nesta sexta-feira (11) para criticar a alteração.
A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), se posicionou contrária ao retorno das doações privadas. — Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
O presidente do PSB, Carlos Siqueira, também é contra mudanças. "Por que teríamos de repetir essa experiência? Querem deixar as campanhas ainda mais caras do que já são? Ou alguém imagina que as doações eleitorais por empresas são desinteressadas?", pergunta ele.
Dono da maior fatia do fundo eleitoral, o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, diz ser "totalmente favorável" à volta do financiamento privado e fala que seria uma forma de reduzir os custos públicos.
Já senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do partido, também se diz favorável ao tema, mas "não vê a menor possibilidade de prosperar" agora, até por uma questão de opinião pública.
Presidente do PP, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) defende a retomada das doações privadas, mas nnão vê clima política para mudança agora. — Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
Para Gilberto Kassab, presidente do PSD, não é o momento para mexer nas regras de financiamento de campanhas. Ele entende que a volta do financiamento empresarial até pode ser discutida, mas não nesse momento.
Reservadamente, outros dois presidentes de partido – ambos da base governista – também defenderam uma alteração que permita o retorno das doações por empresas.