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Quarta-Feira, 01 de janeiro de 2025

Saúde

Conheça as ações do Ministério da Saúde para controle de casos de dengue

Conheça as ações do Ministério da Saúde para controle de casos de dengue

(Imagem: Tony Winston/MS)

Segundo o relatório global The Lancet Countdown, devido ao aquecimento decorrente das mudanças climáticas, a dengue tem uma probabilidade de aumentar em até 37% seu potencial de transmissão no mundo inteiro.

Com o objetivo de controlar a tendência de aumento no período sazonal, o Ministério da Saúde reservou investimento de R$ 1,5 bilhão em uma estratégia que inclui uso de novas tecnologias para o controle da doença, além de ter intensificado campanhas educativas. Também foi feita a aquisição de 9,5 milhões de doses da vacina contra dengue para 2025 e, em uma atuação tripartite, parceria estreita com governos estaduais e municipais.

Em acordo com os principais órgãos de saúde internacionais, o Brasil lançou o Plano para Redução da Dengue e de Outras Arboviroses em setembro de 2024. Em colaboração com instituições públicas, privadas e organizações sociais, estão em implementação 6 eixos de ação que incluem prevenção; vigilância; organização da rede assistencial com qualificação de profissionais para diagnóstico e tratamento adequado; e mobilização e comunicação comunitária, considerando que 75% dos focos estão dentro das residências.

O Ministério da Saúde mantém diálogo constante com estados e municípios, tendo realizado reuniões de monitoramento das ações com as unidades federativas e cidades com mais de 100 mil habitantes. No início da gestão, em 2023, foi feita a recomposição dos estoques de inseticidas em todo o país e, agora, com a regularização dos estoques e atendimento das demandas, 100% dos estados estão abastecidos. Para o reforço da vigilância, foram distribuídos mais de 3 milhões de testes para detecção da dengue e outras arboviroses.

Para controle do vírus, o Ministério da Saúde investe no uso de novas tecnologias: destacam-se a ampliação do método Wolbachia; para áreas de difícil acesso, como periferias, a incorporação ao SUS das Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDLs); em aldeias indígenas, o uso da Técnica do Inseto Estéril por Irradiação em aldeias indígenas; e borrifação residual intradomiciliar (BRI-Aedes) em creches, escolas, asilos e locais de grande circulação.

Entenda o cenário da dengue no Brasil e as ações do Ministério da Saúde

1. Quais fatores contribuíram para o aumento dos casos de dengue em 2024?

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), atualmente, a dengue é considerada endêmica em mais de 130 países – um dos efeitos das mudanças climáticas. As alterações no clima têm afetado as condições de saúde em todo o mundo e, uma das consequências é o aumento nas arboviroses não somente no Brasil, mas em diversos locais. Desde 2023, a Organização Mundial de Saúde (OMS) indica que surtos de dengue foram observados pela primeira vez em locais como Afeganistão, Paquistão, Sudão, Somália e Iêmen, e a transmissão local passou a ocorrer na Espanha, Itália e França.

Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), em 2024, nas Américas, o número de casos nos seis primeiros meses de 2024 excedeu o número de casos notificados anualmente em comparação a todos os anos anteriores. No México, por exemplo, houve um aumento de 241% em relação ao mesmo período de 2023; e 357% em relação à média dos últimos cinco anos. Na Guatemala, esses índices alcançaram, respectivamente, 516% e 734%.

2. Quais são os principais desafios enfrentados pelo Brasil no controle da dengue nos últimos anos?

Os principais desafios incluem o aumento expressivo dos casos agravado pelas mudanças climáticas, especialmente no regime de chuvas, e a alteração nos sorotipos da dengue, com circulação simultânea dos 4 sorotipos em 2024, que aumenta o risco de disseminação.

Além do reflexo direto das mudanças climáticas na intensificação da proliferação do mosquito Aedes aegypti, com o aumento das temperaturas e a irregularidade das chuvas, a urbanização desordenada e o saneamento básico inadequado criam condições favoráveis para a reprodução do mosquito.

3. Quais ações o Ministério da Saúde implementou para conter a dengue?

Desde 2023, o Ministério da Saúde está em constante alerta quanto ao cenário epidemiológico, mantendo ações ininterruptas e preparando os estados e municípios para atuar nos diferentes cenários. Para o período sazonal 2024-2025, o Governo Federal deve aplicar mais de R$ 1,5 bilhão na aquisição de vacinas contra a dengue, insumos laboratoriais para testagem das arboviroses, insumos para controle vetorial, mobilização e conscientização da população, além de suporte aos municípios para custeio assistencial.

No período de menor transmissão, estão sendo priorizadas a intensificação do controle vetorial do Aedes aegypti , utilizando tecnologias adaptadas às realidades locais, com preparação da rede assistencial com a qualificação das equipes e parcerias com entidades privadas para garantir atendimento oportuno à população e reduzir hospitalizações e óbitos evitáveis.

4. Quais tecnologias estão sendo adotadas?

O ministério vem adotando uma série de tecnologias para o controle do Aedes aegypti. Isso inclui as Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDLs), que já registraram redução de 29% na incidência de dengue em estudos realizados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o monitoramento entomológico por ovitrampas, a Borrifação Residual Intradomiciliar (BRI -Aedes) e o uso de Inseto Estéril Irradiado.

O método Wolbachia, que utiliza bactéria presente em cerca de 60% dos insetos, será ampliado. Em Niterói (RJ), o resultado alcançado em todo o município (2023) foi a redução de 69,4% dos casos de dengue, 56,3% dos casos de chikungunya e 37% dos casos de zika na cidade.

5. Como são decididos os locais que vão receber as tecnologias?

O passo inicial, principalmente para os municípios de grande porte, é a avaliação do risco e caracterização do território municipal, considerando os principais fatores que podem contribuir para a infestação do mosquito transmissor. Além disso, são utilizados drones e geoprocessamento para mapear áreas de risco.

O monitoramento entomológico por ovitrampas somado aos levantamentos de índices larvários (LIRAa e LIA) permitem uma vigilância permanente da infestação, possibilitando o direcionamento de ações a partir das ovitrampas (armadilhas usadas para capturar os ovos do mosquito).

6. Que tipos de qualificações são oferecidas aos profissionais?

Para profissionais de saúde, são promovidos cursos, manuais e notas técnicas que qualificam sobre o diagnóstico e tratamento da doença para garantir que eles estejam atualizados e preparados para lidar com casos graves. Para jornalistas e comunicadores, o Ministério da Saúde oferece curso para orientar sobre estratégias para informação e comunicação da população sobre enfrentamento das arboviroses.

7. O que foi o 'Dia D' e qual sua importância no controle à dengue?

O 'Dia D' foi uma mobilização nacional realizada em dois momentos este ano – 2 de março e 14 de dezembro, com o objetivo de conscientizar a população. Segundo a ministra Nísia Trindade, "o controle da dengue e do mosquito Aedes aegypti estão entre os maiores desafios da saúde pública no Brasil e no mundo, exigindo ações de todas as esferas da gestão e participação ativa da população".

8. Como os cidadãos podem contribuir para eliminar focos do mosquito da dengue?

A dengue é uma doença que pode ser amplamente controlada com medidas cotidianas. Confira 10 passos simples que protegem você e sua família contra o mosquito vetor:

- Tampe caixas d’água, ralos e pias;

- Higienize bebedouros de animais de estimação;

- Descarte pneus velhos junto ao serviço de limpeza urbana de sua cidade. Caso precise guardá-los, mantenha-os em local coberto, protegidos do contato com a água;

- Retire a água acumulada da bandeja externa da geladeira e bebedouros e lave-os com água e sabão;

- Limpe as calhas e a laje da sua casa e coloque areia nos cacos de vidro de muros que possam acumular água;

- Coloque areia nos vasos de plantas;

- Amarre bem os sacos de lixo e não descarte resíduos sólidos em terrenos abandonados ou na rua;

- Faça uma inspeção em casa pelo menos uma vez por semana para encontrar possíveis focos de larvas;

- Sempre que possível, faça uso de repelentes e instale telas, especialmente nas regiões com maior registro de casos;

- Receba bem os agentes Comunitários de Saúde e de Controle de Endemias que trabalham em sua cidade.

Fique atento

Em caso de febre, dor de cabeça, dores atrás dos olhos ou no corpo, náuseas e manchas na pele, procure imediatamente a Unidade Básica de Saúde mais próxima de sua casa. Não faça uso de medicamentos sem conhecimento médico. Em caso de dengue, o uso inadequado de certos remédios pode agravar o quadro de saúde.

*Agência Gov | Via MS