Terça-Feira, 26 de novembro de 2024
Terça-Feira, 26 de novembro de 2024
Muito comuns, as dores na coluna podem ser sintomas de diferentes patologias, que vão desde má postura até doenças autoimunes. Como as causas são diversificadas, muitas vezes o diagnóstico preciso demora a ser realizado. O vendedor técnico Robson Luis da Silva, 55 anos, esperou 13 anos com dores — tão fortes que o fizeram perder o emprego — até descobrir o que realmente tinha.
“A dor na lombar começou quando eu tinha 35 anos. Ela progrediu aos poucos e chegou ao ponto de eu não conseguir ficar muito tempo de pé e nem sentado, mas o pior era dormir. O colchão convencional parecia uma pedra para mim e, por isso, passei a usar o inflável. Porém, a troca não adiantou muita coisa”, destaca Robson, morador de Osasco (SP).
Ele tentou vários remédios para dor durante dois anos. Mas, quando os medicamentos pararam de funcionar, Robson decidiu procurar um médico. O vendedor passou por uma ressonância, que apontou inflamações nas articulações da região.
A profissional da saúde receitou um medicamento pesado para lidar com o desconforto. Robson preferiu procurar uma segunda opinião, e foi diagnosticado com espondilite anquilosante, uma inflamação que afeta os tecidos conjuntivos, principalmente na coluna, quadril e ombros. Ele seguiu o tratamento recomendado, mas continuou sentindo dor.
A frustração de se entupir de remédio, não conseguir dormir e perceber as dores se espalharem para os quadris, cervical e braços, tornou Robson cético quanto aos tratamentos. Ele conta que passou por dezenas de médicos para descobrir a razão da dor nas costas — ou era diagnosticado com espondilite anquilosante ou fibromialgia.
“A espondilite anquilosante é uma doença inflamatória, incapacitante, que causa calcificação da coluna e perda dos movimentos. A dor piora no repouso, despertando a pessoa à noite. Ao acordar, ela leva tempo demais para conseguir se levantar. O tratamento deve incluir medicamentos anti-inflamatórios e anticorpos monoclonais, chamados de biológicos”, explica o reumatologista Marcelo de Medeiros Pinheiro, da diretoria da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (ABRASSO).
Porém, nenhum tratamento aliviava as dores e Robson já não acreditava mais no diagnóstico. “Anti-inflamatórios, antidepressivos, analgésicos, relaxantes musculares, acupuntura, ozonioterapia, natação, pilates e até imunossupressores e rizotomia eu usei, mas nada funcionava. As dores progrediram. Perdi o emprego, o sono e a qualidade de vida tratando uma doença que eu não tinha”, conta.
Já sem esperanças e perspectiva de melhora, o vendedor descobriu, navegando pela internet, uma nova abordagem em fisioterapia para a dor nas costas. Robson resolveu dar mais uma chance, e entrou em contato com o palestrante que divulgava o método.
“Já na primeira sessão, senti alívio no quadril. Ali, descobri não só o que eu tinha, como voltei a sentir esperança e a ter uma perspectiva de melhora. Segundo o fisioterapeuta Abnel Alecrim, as dores eram provenientes do meu hábito de sentar, dormir e trabalhar com má postura, o que causava desarranjo discal da coluna vertebral”, lembra.
De acordo com o neurocirurgião Henrique Lira, especialista em coluna, o desarranjo discal da coluna vertebral é caracterizado pela diminuição na qualidade e amplitude dos movimentos da coluna. O problema ocorre devido à sobrecarga em áreas específicas do disco vertebral, e é causado por desgaste, uso inadequado ou fatores relacionados ao envelhecimento precoce da coluna.
“Existem algumas abordagens de tratamento, como o método McKenzie de fisioterapia, que ajudam a reabilitar os movimentos afetados e aliviar a dor. Quando a reabilitação não tem sucesso, técnicas minimamente invasivas podem ser usadas para reduzir a dor”, explica Lira.
Alecrim, que trabalha com o método McKenzie, explica que para aliviar as dores do vendedor era necessário mudar alguns hábitos e adicionar exercícios à rotina. Uma das atividades é a retração da cabeça e pescoço na posição sentada, em que a pessoa pressiona cuidadosamente o queixo para trás para descomprimir os nervos espinhais do pescoço e da nuca.
“Passei a dormir com um travesseiro entre as pernas, a caminhar nos intervalos do emprego que recuperei, a me exercitar três vezes por dia e, como resultado, voltei a ter qualidade de vida”, comemora Robson.
*Metrópoles