Quinta-Feira, 28 de novembro de 2024
Quinta-Feira, 28 de novembro de 2024
Único da Rede Pública de Alagoas a realizar, desde outubro do ano passado, a colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE), o Hospital Metropolitano de Alagoas (HMA) contabilizou 175 vidas salvas no primeiro semestre deste ano. Com isso, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) não necessita mais judicializar o procedimento, que é voltado para desobstruir o canal do fígado e do pâncreas, e que na Rede Privada chega a custar entre R$ 15 mil a R$ 20 mil.
Para realizar o procedimento, o HMA conta com uma ambientação exclusiva, uma sala totalmente baritada, algo revolucionário em Alagoas. A unidade hospitalar conta, ainda, com cinco profissionais altamente qualificados, que atuam em um ambiente moderno e concebido para garantir agilidade e segurança na realização das colangiopancreatografias retrógradas endoscópicas.
O secretário de Estado da Saúde, Gustavo Pontes de Miranda, ressalta que a realização do procedimento no HMA é a prova do cuidado do Governo de Alagoas com a saúde e o bem-estar do povo alagoano. “Ao assumirmos a gestão da Sesau, a colangiopancreatografia retrógrada endoscópica só era realizada na Rede Privada. Verificando que o Metropolitano conta com uma estrutura capaz de realizar o procedimento, montamos uma equipe e passamos a ofertá-lo aos usuários do SUS [Sistema Único de Saúde] desde outubro do ano passado”, exaltou o gestor da Sesau.
Caso de Sucesso
Graziela Ferreira da Silva, de apenas 17 anos, passou pelo HMA para realizar, com urgência, a colangiopancreatografia retrógrada endoscópica. Grávida e com infecção generalizada devido a pedras na vesícula e no canal do fígado, a paciente foi transferida do Hospital Universitário (HU), onde estava internada.
“Duas vidas foram salvas: ela e o bebê. Como Graziela estava com infecção grave, precisamos, em um primeiro momento, colocar uma prótese para desobstruir o canal do fígado e garantir o funcionamento normal do órgão. Isso porque existia uma pedra no canal impedindo a passagem da bile. Com a melhora da paciente após alguns dias, foi realizado novo procedimento para a retirada da pedra”, explicou o endoscopista Daniel Costa, responsável pelo procedimento.
Ele reforçou que o caso da paciente foi exaltado pelos profissionais envolvidos. “Ficamos muito contentes por auxiliar no tratamento da Graziela. Ela descobriu só na internação que estava grávida, apresentou um quadro que chamamos de colangite grave, precisou de medicamentos para evitar que a pressão caísse e foi entubada por estar em choque séptico. Era uma paciente considerada gravíssima e a gente intercedeu, realizou o procedimento e ela evoluiu bem, foi retirada da ventilação mecânica e das medicações, teve alta hospitalar e retornou ao hospital para complementar o procedimento, posteriormente”, destacou Daniel Costa.
Graziela Ferreira contou que vinha sentindo muita dor, entretanto, nas unidades que passou, inclusive de outro Estado, não foi diagnosticada corretamente. “Eu sofri muito, a dor era terrível! Só quando não aguentava mais consegui enxergar uma luz no fim do túnel e foi aqui no Metropolitano que, enfim, realizei este procedimento que é tão caro e inovador e foi fundamental para meu restabelecimento. Sou muito grata pelo cuidado. Este hospital salvou minha vida e a do meu bebê”, relatou sorridente a paciente.
Estrutura única
O endoscopista Daniel Costa, responsável pela área no hospital, explicou que a sala é toda revestida para proteção contra radiação ionizante porque, durante o procedimento, o RX fica em uso o tempo todo. “Aqui no Metropolitano nós somos referência do Estado para a realização deste procedimento. Iniciamos em outubro de 2023 e contabilizamos, em média, 20 a 25 CPRE’s por mês. Em Alagoas, o Metropolitano é o único hospital que possui sala específica, integrada às salas de endoscopia, nós realizamos a colangiopancreatografia retrógrada endoscópica dentro do serviço de endoscopia”, contou o especialista.
Segundo o médico, nos outros hospitais que disponibilizam o exame, todos da rede privada, o procedimento é realizado em centro cirúrgico, o que termina ocupando uma sala e diminuindo o fluxo de cirurgias da unidade hospitalar. “Com a ambientação exclusiva, a sala baritada, os procedimentos são realizados em um local específico, não afetando em nada as demandas do hospital no centro cirúrgico e agilizando o fluxo dos procedimentos”, explicou Daniel Costa.
O procedimento
A colangiopancreatografia retrógrada endoscópica é utilizada para diagnosticar e tratar doenças do sistema digestivo, incluindo o fígado, o pâncreas e os canais que drenam estes órgãos, segundo especificou Daniel Costa. Pode ser usado para investigar e diagnosticar doenças como pancreatite crônica, colangite, colangiocarcinomas, cálculos biliares, tumores pancreáticos, estreitamentos das vias biliares e pancreáticas, além de cistos de colédoco.
“De uma forma prática, o exame é utilizado, principalmente na terapêutica para desobstruir o canal do fígado, onde existe a obstrução deste canal por pedras ou cálculos, tumores malignos ou mesmo por cicatrizes de cirurgias anteriores. É um procedimento realizado sem cortes, minimamente invasivo”, ressaltou o médico.
Para Filipe Fernandes, diretor do HMA, a inovação promovida pela Sesau em estruturar o Serviço de Endoscopia do hospital com os exames apontam para a nova realidade estadual. “Agora disponibilizamos de uma rede integrada que tem na saúde do povo alagoano uma prioridade. Modernizar e estruturar o Serviço de Endoscopia do HMA com o exame colangiopancreatografia retrógrada endoscópica representa um marco na resolução de um antigo problema na saúde pública, proporcionando acesso a um procedimento essencial com qualidade e eficiência, melhorando significativamente a assistência aos pacientes", pontuou o gestor.
*Agência Alagoas