Segunda-Feira, 25 de novembro de 2024
Segunda-Feira, 25 de novembro de 2024
Faltando cerca de seis meses para o início do próximo ano letivo, um grande desafio para os pais é escolher a escola que seu filho vai estudar. E esse trabalho é ainda maior quando envolve crianças atípicas. Para facilitar esse momento algumas escolas agendam visitas para que conheçam melhor o ambiente e a rotina escolar que seus filhos poderão estudar. Por exemplo, ao entrarem na escola crianças autistas enfrentam uma série de barreiras. Ambientes muito ruidosos ou com muitos estímulos visuais podem ser desconfortáveis e prejudicarem o desenvolvimento saudável da criança.
A neuropsicóloga Fernanda Barreto chama atenção para o cenário quando envolve o transtorno do espectro autista (TEA). Ela lembra que esse é um transtorno de neurodesenvolvimento que afeta a forma como uma pessoa percebe e interage com o mundo à sua volta. Embora se manifeste de maneira diversificada em cada indivíduo, em geral, está associado a dificuldades na comunicação, comportamentos repetitivos e desafios na interação social.
A escola é fundamental no desenvolvimento de crianças com TEA. “A escola desempenha um papel essencial na inclusão e adaptação de crianças autistas, fornecendo uma estrutura que pode ajudá-las a compreender e interagir melhor com o mundo ao seu redor”, disse.
O aprendizado em grupo e a interação com colegas podem ser complicados quando barreiras físicas e sensoriais afetam o humor da criança autista, tornando-se, muitas vezes, um espaço de frustração. “O autismo não é uma deficiência visível, mas suas nuances são percebidas nos detalhes do dia a dia”, observou.
Fernanda destaca que estímulos, aliás, não devem ocorrer apenas no ambiente terapêutico e por isso a importância das escolas. “O lar é o primeiro espaço de aprendizado e interação da criança. Estimular em casa, através de atividades lúdicas e rotinas estruturadas, é fundamental para que ela desenvolva habilidades sociais e cognitivas”, destacou.
SINAIS A jornada dos pais de crianças com autismo é repleta de descobertas, adaptações e, sobretudo, amor. São eles os principais aliados de seus filhos neste processo de adaptação e desenvolvimento. O papel dos pais vai além do apoio emocional. Eles são responsáveis por reconhecer os sinais, buscar diagnóstico e tratamento precoce, garantindo que seus filhos tenham acesso às terapias e estímulos necessários.
Dificuldades em manter contato visual, atraso na fala, comportamentos repetitivos e resistência a mudanças na rotina são alguns dos sinais mais comuns. Fernanda ressalta a importância da observação: “Os primeiros sinais podem surgir antes dos três anos de idade. Observar e reconhecer esses sinais é o primeiro passo para buscar a ajuda adequada”,orientou Fernanda Barreto.
Neste cenário, onde a inclusão e o entendimento são tão necessários, a sociedade precisa estar preparada para acolher e compreender essas crianças, promovendo um ambiente onde elas possam prosperar e desenvolver todo o seu potencial. “O autismo não define a criança, mas a forma como a sociedade reage a ele pode definir seu futuro”, afirmou.
“Em meio aos desafios, amor, compreensão e estímulo são as chaves para iluminar o caminho de crianças com TEA e suas famílias. Afinal, todos têm o direito de crescer em um ambiente que celebra a diversidade e promove a inclusão”, acrescentou a neuropsicóloga.
*Assessoria