Domingo, 24 de novembro de 2024
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O Instituto Nacional do Câncer estima que o SUS gasta todos os anos R$ 120 bilhões para tratar doenças causadas ou agravadas pelo cigarro. Para desestimular o consumo, especialistas defendem o aumento de impostos nos produtos derivados do tabaco. Eles vieram em busca de ajuda.
“A cardiologista falou ‘você tem que parar de fumar’. E ela me deu um cartão do antitabagismo e eu procurei o pessoal do antitabagismo e tô aqui”, conta o publicitário James Dempsey Fantasia.
“É bem difícil, né. Na verdade, nós somos... Temos dependência química, né. Do cigarro. Eu fumava por volta de 30 cigarros por dia, agora tô há 4 meses sem fumar novamente”, diz o empresário Adriano Marino de Andrade.
Assim como o Adriano, a Regina já parou, recaiu e está na luta de novo... Contra o que é tão acessível: "É uma coisa barata né, dá para você ir lá e comprar. E em qualquer lugar você encontra."
O esforço de cada um é fundamental, mas a mobilização da sociedade e as políticas públicas também são importantes. Por isso, os especialistas estão preocupados com um aliado poderoso que o vício vem ganhando: o preço baixo do cigarro.
Em 2005 o Brasil ratificou uma convenção internacional para controle do tabaco. E vinha seguindo metas, como aumento de preços mínimos e impostos sobre produtos de tabaco.
Mas desde 2017 essa tendência se inverteu. Nos últimos 12 meses, por exemplo, a inflação medida pelo IPCA 15 foi de 4,24%, já o cigarro subiu apenas 0, 53%.
Esses reajustes abaixo da inflação estão deixando os cigarros fabricados legalmente quase tão baratos quanto o cigarro contrabandeado. O combate ao comércio ilegal é outro compromisso assumido pelo país.
O pesquisador do Instituto Nacional do Câncer é autor de estudos que apontam o preço baixo como estímulo à dependência. Ele lembra que o Brasil foi referência no combate ao tabagismo. Uma política que começou em 1986 e envolveu a proibição do fumo em lugares fechados, muitas campanhas e alertas.
“A gente não pode perder tudo isso que já foi construído, muito bem construído, com propaganda, não poder mais fumar em lugares fechados, tudo isso foi inibindo bastante os fumantes e muitos pararam por conta disso. A gente não pode perder”, diz a pneumologista coordenadora do Núcleo de Prevenção e Cessação do Tabagismo (Prevfumo) do Hospital São Paulo/Unifesp, Lygia Sampaio.
O Ministério da Fazenda disse que um imposto sobre itens nocivos à saúde deve ser implantado a partir de 2027.
*G1/Jornal Nacional