E, desde seu lançamento, registrou 56.403 ocorrências, sendo 43.838 relacionadas a roubos e furtos de aparelhos. As demais são ligadas a perdas ou outras ocorrências, que não são especificadas na plataforma.
No período, 2.068.146 usuários se cadastraram, mas apenas 1.667.963 aparelhos foram registrados no programa, conforme dados atualizados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública até as 18h de sexta-feira (14).
O levantamento também indica que os pedidos de bloqueio no Celular Seguro estão caindo há três meses consecutivos desde fevereiro, quando houve um pico de 10.736 ocorrências.
Disponível para Android, iPhone (iOS) e navegadores, o Celular Seguro foi apresentado como um meio de facilitar alertas sobre crimes e agilizar bloqueios de smartphones e contas bancárias, o que diminuiria o espaço de atuação de criminosos.
Mas o programa nem sempre funciona de forma esperada. Duas vítimas de roubos de celulares relataram ao g1 que tiveram dificuldades quando ele bloqueou um aparelho que não tinha sido roubado ou apresentou falha na seção para registrar a ocorrência.
Na última terça-feira (11), o Google anunciou um novo método para inibir roubos de celulares Android: o recurso promete bloquear a tela do celular ao identificar que ele foi arrancado de sua mão de forma brusca, mas só começará a ser testado em julho.
Dificuldades com o Celular Seguro
Roberta (nome fictício*) sofreu um sequestro-relâmpago em Belo Horizonte no fim de janeiro, e os criminosos levaram seu celular. Após ser resgatada, e por orientação da polícia, ela emitiu um alerta no Celular Seguro.
Ela tinha dois celulares salvos no programa e, por um erro, ambos foram bloqueados. Os aplicativos de bancos, que estavam no celular que ficava na sua casa cortaram o acesso, e ela precisou ligar para as empresas pedindo o desbloqueio.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública confirmou ao g1 que, neste caso, o contato com cada empresa realmente é necessário, já que o Celular Seguro só funciona como um botão de emergência para alertar uma ocorrência.
"Não é possível, na ferramenta, efetuar o desbloqueio, por razões de segurança do próprio cidadão", explica.
"Quando a gente clica em 'Registrar ocorrência', é pedido para registrar o horário, mas o site não estava permitindo um horário inferior ao atual, e também não adiantou nem colocar um horário posterior ou igual ao do momento", explicou.
Ele relatou que, por isso, não alertou o roubo nas primeiras horas após o assalto, como é o ideal. "Consegui disparar, pelo site, só um dia depois. Então, para mim, não foi efetivo", concluiu.
O Ministério da Justiça disse não ter "evidências de que esse problema enfrentado pelo usuário possa ter sido causado pela aplicação Celular Seguro", mas que abriu uma investigação para o caso.
Mas há situações em de usuários que não enfrentam problemas para solicitar o bloqueio do aparelho. É o caso de Tayllon Platero, que conseguiu mandar o aviso instantes após ser assaltado em São Paulo, no início do ano.
Ele disse que também foi fácil conseguir desbloquear os aplicativos posteriormente, para instalar em um novo aparelho. "Após o bloqueio pelo Celular Seguro, os bancos mandaram alertas para refazer o acesso, além das operadoras", disse.
Alerta simplificado
O Celular Seguro foi atualizado em abril para facilitar o cadastro, segundo o Ministério da Justiça. Com a mudança, basta informar dados como número, operadora e marca do aparelho para registrá-lo no programa.
Até então, era preciso informar o modelo e o IMEI do aparelho, código que nem todos os usuários conhecem – saiba mais sobre ele aqui.
A atualização também incluiu uma opção para donos dos aparelhos indicaram quais dados serão bloqueados após um alerta: é possível optar somente pelo bloqueio de apps de bancos, por exemplo.
* A entrevistada pediu para não ter o nome divulgado por questões de segurança.
Como se cadastrar no programa Celular Seguro — Foto: Barbara Miranda, g1