Quinta-Feira, 21 de novembro de 2024
Quinta-Feira, 21 de novembro de 2024
Morreu nesta quinta-feira (3) o jornalista, locutor e apresentador Cid Moreira, um dos rostos mais icônicos da televisão brasileira, aos 97 anos.
Natural de Taubaté, São Paulo, Cid foi de uma formação em contabilidade à bancada do "Jornal Nacional". Sua voz emblemática e firme se tornou sua marca registrada, repetindo o icônico "boa noite" do telejornal cerca de 8 mil vezes, segundo o Memória Globo.
Cid Moreira durante apresentação do Jornal Nacional — Foto: Acervo Grupo Globo
Filho do bibliotecário Isauro Moreira e da dona de casa Elza Moreira, Cid era irmão do locutor Célio Moreira, que trabalhou na equipe inicial da Globo. Mas a trajetória do futuro apresentador começou diferente, com uma formação em contabilidade em 1944.
Naquele ano, admirado com as imitações que Cid Moreira fazia ao microfone nas festas regionais da cidade, um amigo – cujo pai era diretor da Rádio Difusora Taubaté – o convenceu a fazer um teste de locução. Contratado, Cid Moreira atuou na narração de comerciais até 1949, quando se mudou para São Paulo e passou a trabalhar na Rádio Bandeirantes e na Propago Publicidade.
Em 1951, transferiu-se para o Rio de Janeiro e foi contratado pela Rádio Mayrink Veiga, onde permaneceu até 1956.
Cid teve suas primeiras experiências em televisão em meados da década de 1950, na TV Rio, apresentando comerciais ao vivo em programas célebres como "Além da Imaginação" e "Noite de Gala".
“Ninguém levava a TV a sério. Custei a comprar o meu primeiro aparelho de televisão. Mas não tinha nada, o rádio ainda dominava”, lembra.
Cid Moreira — Foto: Acervo TV Globo
Foi na TV Rio que ele estreou como locutor de noticiários, em 1963, na equipe do "Jornal de Vanguarda". O programa era dirigido por Fernando Barbosa Lima e contava com nomes como Sérgio Porto, Mauro Borja Lopes (Borjalo) e Luís Jatobá.
Cid Moreira trabalhou no "Jornal de Vanguarda" em toda a trajetória do programa, passando pela Tupi, pela Globo, pela Excelsior e pela Continental.
Ele voltou a trabalhar na TV Globo em 1969 para substituir Luís Jatobá no "Jornal da Globo". Na época, o noticiário tinha 15 minutos de duração e exibia diariamente, às 19h45, um panorama das principais notícias do Brasil e do mundo.
Cid Moreira integrou a primeira equipe do "Jornal Nacional", desde setembro de 1969. Ele ocupou a bancada diariamente por 26 anos, ao lado de Hilton Gomes. Dois anos depois, iniciou uma parceria com Sérgio Chapelin que se prolongou por mais de uma década.
Cid falou do nervosismo na estreia daquele que, em pouco tempo, seria o principal telejornal da televisão brasileira. Segundo o apresentador, ele mesmo custou a entender esse sentimento.
“Eu ainda tinha na minha cabeça a ideia de rádio, que estava em todos os lares, em todas as casas, pela facilidade. A televisão não tinha essa facilidade”.
Cid Moreira e Sérgio Chapellin no Jornal Nacional — Foto: Acervo/TV Globo
Cid foi também locutor de reportagens especiais do "Fantástico". Em 1999, narrou o quadro do ilusionista Mr. M, um dos grandes sucessos do Fantástico naquele ano. A voz do locutor ficou de tal forma associada ao quadro que, quando Mr. M esteve no Brasil, no ano seguinte, o próprio Cid Moreira o entrevistou com exclusividade para o "Fantástico".
Paralelamente ao seu trabalho na Globo, Cid Moreira continuou narrando comerciais – sempre em off, por restrições contratuais.
A partir de meados da década de 1990, dedicou-se à gravação de salmos bíblicos. Em 2011, cumpriu seu objetivo de gravar a Bíblia na íntegra. Os CDs bíblicos com sua locução se tornaram um grande sucesso, com milhões de cópias vendidas e, hoje, milhões de visualizações no YouTube.
Em março de 2010, foi lançado o livro 'Boa Noite – Cid Moreira, a Grande Voz da Comunicação do Brasil', pela editora Prumo. A biografia foi escrita pela mulher do locutor, Fatima Sampaio Moreira, e reúne depoimentos de jornalistas, amigos e parentes de Cid Moreira.
Nesse mesmo ano, durante a Copa do Mundo da África do Sul, Cid gravou uma vinheta a ser exibida durante as reportagens do 'Fantástico' e de programas esportivos da Rede Globo. A vinheta “Jabulaaani!“, nome da bola da Copa, foi um sucesso.
*G1