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Quinta-Feira, 28 de novembro de 2024

Brasil

Bairros no escuro 315 mil imóveis seguem sem luz em SP três dias após temporal

Bairros no escuro 315 mil imóveis seguem sem luz em SP três dias após temporal

(Imagem: Reprodução TV Globo)

Mais de três dias após a forte chuva que atingiu a Grande São Paulo, 315 mil imóveis seguem sem energia. A Enel informou que já restabeleceu o fornecimento em 85% dos 2,1 milhões de imóveis que ficaram sem luz com o temporal de sexta-feira (3).

Nesta segunda-feira (6), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) se reuniu com o governador, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) para cobrar explicações sobre os problemas no fornecimento de energia.

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) vai abrir, ainda nessa semana, uma investigação para apurar se houve omissão da concessionária Enel no restabelecimento de energia para os consumidores da Região Metropolitana de São Paulo.

A Defensoria Pública de São Paulo também enviou um ofício à Enel, nesta segunda-feira (6), pedindo esclarecimentos sobre interrupção de energia elétrica na capital.

Pela falta de energia, 29 escolas estaduais tiveram aulas suspensas nessa segunda em todo o estado, de acordo com informações da Seduc.

Escolas também foram fechadas em municípios da Grande SP:

  • Em Cotia, todas as escolas estão fechadas;
  • Em São Caetano do Sul, 18 escolas estão fechadas;
  • Em Taboão da Serra, 9 escolas fechadas;
  • Em Itapevi, 5 escolas fechadas;
  • Em Barueri, uma escola foi fechada;
  • Em São Bernardo do Campo, 7 escolas foram fechadas.
 

Em Taboão da Serra, onde 9 escolas foram fechadas, moradores protestaram durante o dia pelo restabelecimento de energia.

Em Cotia, moradores da Rua João Antonio de Oliveira estão sem energia desde sexta. A saída está sendo utilizar a lanterna dos celulares para circular pela cidade.

"Tem três dias que faltou luz, não tem previsão de voltar. Tudo está estragando, não tem previsão de chegar e estragou tudo que estava na geladeira", disse uma moradora.
 
Moradores de Cotia no escuro. — Foto: Reprodução/ TV Globo

Moradores de Cotia no escuro. — Foto: Reprodução/ TV Globo

Na capital, por conta da falta de luz, 12 escolas municipais não abriram. (Veja a lista abaixo). 77 semáforos também seguem sem operar.

Ainda de acordo com a prefeitura,125 árvores caídas precisam ser desenergizadas para que que as equipes possam fazer o trabalho de remoção.

Prefeito de São Paulo sobre reflexos do temporal: 'situação bastante difícil'
Prefeito de São Paulo sobre reflexos do temporal: 'situação bastante difícil'

70 horas sem energia

 

Na Lapa, na Zona Oeste da capital, moradores ficaram sem energia por pelo menos cerca de 70 horas. O ator Fernando Benichio já perdeu todos os alimentos que estavam na geladeira e está tendo que esquentar água para conseguir tomar banho.

Em entrevista ao Bom Dia SP, o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), responsabilizou a Enel pela demora na resolução do problema.

"Ainda temos 413 mil consumidores sem energia na cidade de SP. Estamos aqui com todo o esforço, ampliamos as equipes, estamos com a Defesa Civil, pessoal das subprefeituras para poder trazer a cidade de volta o quanto antes. Mas em muitas situações, a gente depende que a Enel faça o seu trabalho de desligamento para poder remover as árvores e reestabelecer a energia. Situação bastante difícil".

Ele defendeu que a gestão municipal realiza podas constantes, mas que a cidade foi atingida por rajadas de vento suspostamente inesperadas.

Queda de árvore atinge muro de escola na Zona Leste de SP — Foto: Arquivo Pessoal

De acordo com Nunes, este ano, 10 mil árvores foram removidas por risco de queda. "É um número bastante considerável", acredita.

Das sete pessoas que morreram em decorrência das fortes chuvas, ao menos quatro foram atingidas pela queda de árvores.

Especialistas ouvidos pelo g1 apontam uma série de problemas de responsabilidade da gestão municipal: falta de manutenção, planejamento, além de árvores plantadas de forma irregular e podas malfeitas.

Ricardo Nunes afirmou que as chuvas de sexta atingiram até "árvores saudáveis" e disse que pedirá à Enel, em reunião agendada na tarde desta segunda, no Palácio dos Bandeirantes, um plano de contingência para evitar desastres por conta de mudanças climáticas. "A prefeitura está se preparando, eu preciso que a Enel também se prepare", defendeu.

Enterramento de fios

 

Em 2018, a gestão municipal anunciou um programa que previa enterrar mais de 75 km de fios em toda a capital até o final de 2024. A implementação, entretanto, pouco avançou nos últimos anos.

Nunes disse que a prefeitura não pode cobrar tal medida da Enel e demais empresas de telecomunicações.

"As concessionarias entraram com uma ação judicial e já foi definido no STF que a prefeitura não pode exigir das concessionárias nenhum tipo de ação em relação ao tema. Elas respondem ao governo federal e à Agência Nacional de Energia Elétrica."

Ele afirmou que já realizou duas reuniões o presidente da Aneel, com a Enel, e com a presidenta da Agência Nacional de Telecomunicação, para encontrar formas de acelerar os processos de enterramentos - mas nada saiu do plano das ideias.

"A gente já fez alguns enterramentos, hoje temos algumas vias em processo de enterramento, como Alameda Santos e várias na região central, mas é necessário um plano nessa questão."

Lista das escolas sem luz na capital:

 
  1. EMEF Euclides de Oliveira Figueiredo
  2. CEI CEI Aloysio de Meneses Greenhalgh
  3. EMEI Montese
  4. CEU CEMEI Vila Alpina
  5. EMEI Vila Ema
  6. CEI Genoveva D'Ascoli
  7. Emei Vila Ema
  8. EMEF JOÃO NAOKI SUMITA
  9. CEI Jardim Adutora
  10. EMEI Pestalozzi
  11. EMEF Plinio de Queiroz
  12. CEI Vila Flavia
 

Região Metropolitana

 

Em São Caetano do Sul, 18 escolas não abriram nesta segunda por conta da falta de luz. Já em Taboão da Serra, o problema atinge dez escolas.

De acordo com a Enel, a energia foi reestabelecida para mais de 76% dos clientes que tiveram o fornecimento impactado após o vendaval da última sexta-feira.

Até o momento, cerca de 1,6 milhão de clientes tiveram o serviço normalizado, de um total de cerca 2,1 milhões afetados na última sexta-feira.

O vendaval que atingiu a área de concessão foi o mais forte dos últimos anos e provocou danos severos na rede de distribuição.

Aulas foram suspensas por falta de energia elétrica na região metropolitana
Aulas foram suspensas por falta de energia elétrica na região metropolitana

Técnicos da companhia seguem trabalhando 24 horas por dia para agilizar os atendimentos e restabelecer o serviço para a grande maioria dos clientes até a próxima terça-feira (7).

Ainda segundo a empresa, devido à complexidade do trabalho para reconstrução da rede atingida por queda de árvores de grande porte e galhos, a recuperação ocorre de forma gradual.

Falta de água

 

A Sabesp informa que, com o restabelecimento da energia elétrica em pontos da capital e região metropolitana de São Paulo, os reservatórios da Companhia nessas áreas iniciaram o processo de recuperação no domingo (5).

A previsão, para os locais onde há energia, é que o abastecimento seja normalizado ao longo do dia de hoje, podendo se estender até amanhã (7) em pontos mais críticos.

Os principais locais que tiveram energia restabelecidas e os reservatórios estão em recuperação são: Santo André, Mauá, Diadema, Guarulhos, Itapecerica da Serra, Itaquaquecetuba, Guaianases, Americanópolis, Vila Clara, Vila Mascote, Vila Santa Catarina, Vila Joaniza, Campo Grande, Capão Redondo, Jd Promissão, Pedreira, Cidade Ademar, Chácara Flora, Santa Etelvina, Cidade Tiradentes, Morumbi, São Mateus, Itaquera, Vila Mariana Savoy e Pedra Branca, em São Paulo. O retorno da água aos imóveis acontecerá de forma gradual.

Neste momento, existem pontos sem energia, afetando o abastecimento das seguintes principais localidades: Cotia, Osasco, Barueri e Taboão da Serra.

A Sabesp continua trabalhando de forma emergencial para abastecimento dos locais críticos com caminhões-tanque.

A Sabesp agradece o apoio da população e recomenda que os clientes priorizem o uso da água para higiene e alimentação até que o abastecimento esteja normalizado.

*G1