Quinta-Feira, 28 de novembro de 2024
Quinta-Feira, 28 de novembro de 2024
O Exército e a Polícia Militar (PM) realizam nesta terça-feira (31) uma operação conjunta em Guarulhos, na Grande São Paulo, em busca das últimas quatro das 21 metralhadoras furtadas, em meados de setembro, do Arsenal de Guerra, em Barueri, na região metropolitana.
A Polícia do Exército (PE) e a PM estão cumprindo mandados de busca e apreensão em residências suspeitas que poderiam ter guardado o armamento. Os imóveis ficam numa comunidade em Guarulhos.
Até a última atualização desta reportagem, as quatro armas, todas antiaéreas, calibre .50, não haviam sido localizadas. Nenhum suspeito pelo desvio havia sido identificado e preso também.
"A diligência, autorizada pela Justiça Militar, está sendo realizada de maneira integrada por militares da Polícia do Exército, tropa especializada do Comando Militar do Sudeste [CMSE], e equipes da Polícia Militar do Estado de São Paulo do COE [Comando de Operações Especiais], empregando cerca de 45 militares do Exército e Polícia Militar e oito viaturas especializadas", informa nota divulgada pelo Exército à imprensa.
"Equipes do Comando de Operações Especiais da Polícia Militar dão apoio à Polícia do Exército no cumprimento de mandados de busca e apreensão na manhã desta terça-feira (31), no Jardim Vila Galvão, em Guarulhos. Mais informações serão passadas ao término da operação", informa comunicado enviado pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo.
Outras 17 metralhadoras já tinham sido recuperadas em outubro após operações conjuntas do Exército com as polícias do Rio de Janeiro e São Paulo. As autoridades informaram que as armas foram retiradas do quartel por militares (seis são investigados por suspeita de envolvimento direto com o furto delas). E que depois elas foram negociadas com facções criminosas, como o Comando Vermelho (CV), no Rio, e o Primeiro Comando da Capital (PCC), em São Paulo.
O Comando Militar do Sudeste investiga os crimes militares de furto, peculato, receptação e extravio no caso do sumiço do armamento. Segundo o Instituto Sou da Paz, o furto das 21 metralhadoras é o maior desvio de armas já registrado no Exército brasileiro desde 2009, quando sete fuzis foram roubados em um batalhão em Caçapava, no interior de São Paulo.
De acordo com o Exército, as armas furtadas foram fabricadas entre 1960 e 1990, são "inservíveis", ou seja, não estariam funcionando perfeitamente. E passariam por manutenção e seriam avaliadas. Possivelmente seriam destruídas ou inutilizadas já que recuperá-las teria um alto custo.
Operação do Exército na Grande SP — Foto: Reprodução/TV Globo
Na semana passada o Jornal Nacional e g1 revelaram que um cabo é um dos seis militares investigados por suspeita de participarem diretamente do furto de 13 metralhadoras antiaéreas calibre .50 e de oito metralhadoras calibre 7,62. O crime teria ocorrido no início do feriado de 7 de setembro, mas só foi descoberto em 10 de outubro, após vistoria e recontagem do armamento no Arsenal de Guerra.
Os militares suspeitos têm patentes de soldado, cabo, sargento e tenente. O Exército pediu à Justiça Militar as prisões preventivas de seis deles. Até a última atualização desta reportagem não havia uma decisão judicial.
Caso a Justiça decrete as prisões, os militares vão para o 2º Batalhão da Polícia do Exército, em Osasco. E se forem julgados e condenados pela Justiça Militar, as penas podem ir de 1 ano a mais de 30 anos de prisão, se somadas.
O cabo é investigado pelo Exército por suspeita de usar um carro oficial de um tenente-coronel, então diretor do Arsenal de Guerra, para transportar 21 metralhadoras furtadas do armazém de armas. Na última sexta-feira (27) ele apresentou um atestado psiquiátrico para se ausentar do quartel. A licença médica é de sete dias.
O tenente-coronel dirigia o Arsenal de Guerra quando ocorreu o desaparecimento das armas. Ele não é investigado no inquérito do Exército sobre o furto. Mas foi exonerado do cargo após o crime. Em seu lugar, assumiu o novo diretor.
Os outros seis militares investigados pelo furto das armas estão trabalhando normalmente. Após o crime, o Exército chegou a manter toda a tropa do Arsenal de Guerra, cerca de 480 militares (entre homens e mulheres), "aquartelada" por alguns dias. Eles não puderam sair, em razão do crime. Depois esse número foi sendo reduzido.
Os militares chegaram a ter os celulares confiscados e foram ouvidos no inquérito para passar informações que possam levar aos culpados pelo desaparecimento das metralhadoras. E também tentar localizá-las. Atualmente o "aquartelamento" acabou.
Cerca de 480 militares foram 'aquartelados' depois que 21 metralhadoras foram furtadas do Exército em Barueri, Grande São Paulo — Foto: Reprodução/TV Globo e Exército brasileiro
De acordo com a investigação do Exército, a suspeita é de que para furtar a metralhadoras, os militares desligaram ainda as câmeras de segurança do quartel, causando um "apagão". Também são acusados de arrombar cadeados e adulterar lacres.
Foram encontradas impressões digitais, inclusive do cabo em quadros de energia e na sala de armas. Ele não tinha autorização para entrar no lugar. O homem teria se aproveitado do livre acesso que tinha ao quartel, como homem de confiança do então diretor da unidade.
Outros 23 militares respondem a processos administrativos por terem falhado na fiscalização do armamento: 19 deles foram punidos com prisões disciplinares que vão de um a 20 dias de detenção. Entre os presos estão majores, capitães e tenentes. Eles não têm participação direta no crime, mas começaram a cumprir as punições nesta semana.
8 metralhadoras foram encontradas pela Polícia Civil do Rio (foto à esquerda); e 9 armas acabaram achadas pela polícia de Carapicuíba, Grande São Paulo. Todas as 17 foram furtadas do quartel do Exército em Barueri, região metropolitana — Foto: Leslie Leitão/TV Globo e Polícia Civil/Divulgação
Infográfico mostra a cronologia do caso das armas furtadas do Exército — Foto: Kayan Albertin/g1
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