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Sábado, 21 de setembro de 2024

Economia

Campos Neto vê alta de gastos no Brasil 'bastante acima da média' mundial

Campos Neto vê alta de gastos no Brasil 'bastante acima da média' mundial

(Imagem: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira (2) que o crescimento de gastos no Brasil está "bastante acima da média do mundo emergente e desenvolvido".

Durante evento promovido pela Associação Brasileira de Câmbio (Abracam), Campos Neto afirmou que o orçamento público do país está comprometido, com um alto nível de despesas obrigatórias, como o custeio da máquina pública.

Ele também disse que o Brasil precisa enfrentar o problema das contas públicas, e defendeu a aprovação de projetos enviados pela equipe econômica ao Congresso, para que governo consiga aumentar a arrecadação.

"A gente sempre reconhece que é difícil cortar gastos de forma estrutural. Observei por 15 e 20 anos, é difícil cortar gastos estruturais [de forma permanente]. Têm alguns gastos conjunturais, como salários de funcionalismo. Talvez reformas adicionais possam fazer esse papel, mas é uma equação que a gente precisa endereçar de forma mais estrutural e de longo prazo", declarou o presidente do BC.
Apresentação do presidente do BC, Roberto Campos Neto — Foto: Reprodução de apresentação do BC

Apresentação do presidente do BC, Roberto Campos Neto — Foto: Reprodução de apresentação do BC

Campos Neto também disse que o crescimento acima da média de gastos no Brasil tem reflexo no chamado "prêmio de risco" – ou seja, nos valores cobrados pelos investidores na compra de títulos públicos brasileiros, o que é necessário para o Brasil honrar sua dívida.

Em abril, durante audiência no Senado, Campos Neto já havia alertado para o aumento do endividamento do país salientando que isso influencia na alta taxa de juros cobrada no Brasil.

Projetos 'precisam passar' no Congresso

No evento da Abracam, o presidente do BC também citou pesquisa da Genial Investimentos que diz que, para os entrevistados, o principal problema da economia brasileira é a "falta de uma política fiscal que funcione".

"A gente precisa ter esse endereçamento estrutural da parte fiscal [melhora permanente das contas públicas]. As pessoas entendem que, uma vez que enderece o fiscal, os juros têm uma convergência natural [queda mais consistente]", declarou.

Na avaliação de Campos Neto, isso não é uma crítica ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas, sim, ao sistema fiscal do país.

Na semana passada, em uma tentativa de aproximação, Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, receberam Campos Neto para uma reunião. Segundo Haddad, o encontro, que ocorreu após uma série de ataques de Lula ao presidente do BC, serviu para "construir uma relação" entre os dois.

"O governo anuncia um plano fiscal, mas o mercado acha que os números vão ser piores. Por que tem essa diferença? Basicamente por quanto o governo teria de ter em arrecadação extra para atingir a meta. A gente precisa observar esses projetos que estão no Congresso, eles precisam passar pois traz uma arrecadação adicional e estabilizada", explicou o presidente do BC.

Equilíbrio das contas públicas

Neste início de semana, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, também afirmou, porém, que no "médio e longo prazos, estamos observando estabilidade na [expectativa do mercado para] trajetória de dívida".

De acordo com as previsões do mercado financeiro, por conta da aprovação do "arcabouço fiscal", a nova regra para as contas públicas, a dívida brasileira poderá se estabilizar após 2030 – em um patamar próximo de 90% do PIB. Em agosto, a dívida estava em 74,4% do PIB.

*G1