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Quinta-Feira, 16 de janeiro de 2025

Economia

Em Alagoas, 81% dos cabeleireiros são enquadrados como MEIs

Em Alagoas, 81% dos cabeleireiros são enquadrados como MEIs

(Imagem: Assessoria )

O mercado da beleza inicia o ano de 2025 com um bom cenário futuro. Um estudo realizado pela Statista Research Departmen projeta que, no Brasil, o segmento de cuidados com os cabelos deve chegar, em 2029, a uma receita estimada em U$$ 6,98 bilhões. Some-se a isso os dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), indicando que nosso país responde por 5,7% do mercado mundial, ocupando a 3º posição. Pela importância econômica do segmento, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Alagoas (Fecomércio AL) abre a edição 2025 da campanha digital ‘Empreendimentos que enriquecem cidades’ ressaltando o Dia do Cabeleireiro, celebrado no próximo domingo, dia 19.

Alagoas possui 6.889 empresas cadastradas como prestadoras de serviços de cabeleireiro, manicure e pedicure. Destas, 3.854 estão localizadas em Maceió, sendo a segunda maior concentração em Arapiraca, com 621 empresas. Rio Largo (246) e Marechal Deodoro (151) ocupam, respectivamente, a terceira e a quarta posições. Os dados são do Data Sebrae e foram atualizados no último dia 8 de janeiro.

Do total de estabelecimentos, 5.583 são microempreendedores individuais (MEIs); número que equivale a 81%. Dos demais, 1.268 são microempresas, 33 empresas de pequeno porte e 5 em outras classificações empresariais. Os números mantêm a tendência percebida nas Estatísticas dos Cadastros de Microempreendedores Individuais, divulgadas em agosto de 2024 pelo IBGE, mas com dados relativos a 2022. Neste ano, o Brasil tinha 14,6 milhões de MEIs e, destes, 1,3 milhão estava cadastrado como ‘Cabeleireiros e outras atividades de tratamento de beleza’. O número equivale a 9% do total de MEIs e responde por 88,7% da participação no total de ocupados, sendo que 34,4% desses microempreendedores atuam em sua própria residência.

Espírito empreendedor e organização devem guiar os profissionais

Os salões de beleza brasileiro geraram pouco mais de 2,7 milhões de oportunidades de trabalho no terceiro trimestre de 2024, segundo a Abihpec. Um deles foi Ariel Cabelo e Corpo, empreendimento do cabeleireiro Ariel Fernandes. Com especialização em cortes, feminino e masculino, e em colorimetria, o profissional iniciou seus estudos na área aos 16 anos no Senac Alagoas e, aos 18, foi convidado pela instituição a ser instrutor, lugar onde permaneceu por 10 anos. De lá para cá, são quase 40 anos de uma carreira bem consolidada que o fez conhecido não somente em Alagoas, como também nos estados nordestinos; herança da época em que trabalhava como palestrante técnico de empresas nacionais e internacionais de cosméticos.

Com uma empresa consolidada e gerando sete empregos diretos, além de dispor de profissionais parceiros nas instalações do salão, o cabeleireiro se lembra de quando surgiu seu espírito empreendedor. “Ainda como instrutor do Senac, fui convidado a trabalhar no Via Brasil, um salão do Francisco Marasco, na Ponta Verde. Ali foi tirado um pano preto da minha cara e eu vi o quanto a minha profissão poderia me proporcionar um bem-estar, nascendo dentro de mim o espírito empreendedor”, relembra. Na época, Ariel aproveitava o que aprendia para colocar em prática em seu próprio salão no Feitosa, o qual, como ele mesmo diz, começou pequenininho. “Mas aí eu já comecei a arrumar o salão, a dar cara de grande e a me comportar como grande. Daí surgiu um pensamento: quando você for pequeno, tenha jeito de grande, e depois que você se tornar grande, continue com algumas características do pequeno. Então cresceu em mim o aspecto empresarial e empreendedor”, complementa.

Para quem deseja atuar na área, a experiência profissional de Ariel já desmistifica uma ideia que pode passar na cabeça de todos os iniciantes: a de que o mercado já está ocupado. “Em quase todas as áreas existem profissionais consolidados, então a gente vai ter essa ideia de que é difícil”, observa ao aconselhar que é preciso dar o primeiro passo e ingressar no mercado. Ele ressalta que em qualquer profissão na qual você é quem constrói o produto, o espírito empreendedor deve andar lado a lado. “Você não pode chegar a 20, 30 ou 40 anos de profissão, por exemplo, e o teu negócio depender 100% da sua presença”, enfatiza Ariel. Para ele, a organização é a principal chave para o sucesso, aliada ao que chama de conhecimento macro. “Você pode ser o melhor cabeleireiro do mundo, mas se não tiver organização, visão de marketing, não descentralizar e não investir em outros profissionais de outras áreas que possam incrementar o seu negócio e dar continuidade ao seu crescimento, você vai cometer um grande erro e vai ter problemas no futuro”, analisa.

Microempreendedores devem ficar atentos para se manterem regularizados

Com 81% dos cabeleireiros enquadrados como MEIs, é importante que estes profissionais se mantenham regularizados. Neste contexto, a assessora tributária da Fecomércio, Ana Paula Kummer, reforça que o microempreendedor individual precisa estar com as contribuições em dia, pagando mensalmente o Documento de Arrecadação do Simples Nacional, mais conhecido como DAS, o qual já inclui valores fixos de impostos como o INSS, o ISS e o ICMS e que, para 2025, será ajustado com base no novo valor do salário mínimo. “O não pagamento poderá levar a perda do CNPJ. Isso porque, após dois anos de inadimplência, há o cancelamento do registro e, consequentemente, a inscrição em dívida ativa, a impossibilidade de emitir notas fiscais e outras complicações futuras, como restrição à crédito”, explica.

Outro ponto importante é a declaração anual de faturamento, cuja entrega é obrigatória e deve ocorrer até 31 de maio de cada ano, informando o total do faturamento do ano anterior. Aqui há um ponto que merece atenção: “mesmo que o MEI não tenha faturado nada, ele precisará apresentar a declaração, evitando multas e mantendo o CNPJ atualizado”, reforça a tributarista. Ela destaca que há um limite de faturamento para se enquadrar no Simples Nacional e o empreendedor deve estar atento à possibilidade de desenquadramento, que é automática. “É preciso ter em mente que, mesmo que o regime tributário seja o simples nacional, possuindo menos burocracias e limite de faturamento menor, é fundamental manter o controle das despesas e receitas, pois evita surpresas futuras como, por exemplo, um desenquadramento. Além disso, prepara o empresário para novos voos”, aconselha.

*Ascom Fecomércio AL